José Pacheco Pereira no Público de hoje:
"Em Espinho, nas Jornadas Parlamentares, efectivamente quase todos estão "noutra". Cá fora e lá dentro os jornalistas trocam tweets sobre irrelevâncias, compras de roupas, restaurantes, desatentos a tudo o que não seja a intrigalhada do costume, com uma agenda que tanto podia ter a ver com o que se estava a passar em Espinho como na Conchichina. Mil ambições esperam à porta. Mil pequenas carreiras estão à espera que a senhora "finalmente" saia. Os grandes interesses no ambiente, um dos sectores em que a relação com o Governo é crucial entre quem faz negócio e quem não faz, têm forte representação no partido. Alguns autarcas mais ambiciosos sabem que nunca chegarão a primeiro-ministro, mas precisam de um upgrade ao seu poder, daí os igualmente fortes interesses na regionalização. O PSD é para eles uma marca, uma marca de que precisam. O país pouco lhes interessa.
O que está a matar o PSD não é novo, vem-se desenvolvendo e enquistando há muitos anos: há cada vez mais gente que precisa do partido, seja do grande lugar como do pequeníssimo lugar, e há cada vez menos gente que é livre e independente. Há cada mais gente que não existiria na sociedade, não teria o trem de vida que tem, que não teria o emprego que tem, que não teria as prebendas que tem, se não fosse serem alguém numa estrutura qualquer. Há cada vez mais gente que é empregado da social-democracia e há cada vez menos sociais-democratas."
"Em Espinho, nas Jornadas Parlamentares, efectivamente quase todos estão "noutra". Cá fora e lá dentro os jornalistas trocam tweets sobre irrelevâncias, compras de roupas, restaurantes, desatentos a tudo o que não seja a intrigalhada do costume, com uma agenda que tanto podia ter a ver com o que se estava a passar em Espinho como na Conchichina. Mil ambições esperam à porta. Mil pequenas carreiras estão à espera que a senhora "finalmente" saia. Os grandes interesses no ambiente, um dos sectores em que a relação com o Governo é crucial entre quem faz negócio e quem não faz, têm forte representação no partido. Alguns autarcas mais ambiciosos sabem que nunca chegarão a primeiro-ministro, mas precisam de um upgrade ao seu poder, daí os igualmente fortes interesses na regionalização. O PSD é para eles uma marca, uma marca de que precisam. O país pouco lhes interessa.
O que está a matar o PSD não é novo, vem-se desenvolvendo e enquistando há muitos anos: há cada vez mais gente que precisa do partido, seja do grande lugar como do pequeníssimo lugar, e há cada vez menos gente que é livre e independente. Há cada mais gente que não existiria na sociedade, não teria o trem de vida que tem, que não teria o emprego que tem, que não teria as prebendas que tem, se não fosse serem alguém numa estrutura qualquer. Há cada vez mais gente que é empregado da social-democracia e há cada vez menos sociais-democratas."
A mesma “receita”
ResponderEliminarDepois da derrota do PSD nas legislativas, alguns responsáveis laranjas apressaram-se a pedir a demissão de Manuela Ferreira Leite e da sua CPN. Os líderes das 2 maiores distritais foram os que mais se ouviram, Carlos Carreiras (que apoiou Santana Lopes nas eleições 2008) e Marco António Costa (que é apoiante de Passos Coelho).
Estes 2 grandes responsáveis do PSD defendem que (apesar das vitórias nas Europeias e Autárquicas) a actual liderança não tem condições de continuar, e que o partido precisa de uma renovação geracional. Dizem que há gente que está à tempo demais no partido.
Lembro o que CC disse depois de saber a composição das listas para a AR, nas quais não estava: “…esta incoerência entre os valores o que se diz e aquilo que se pratica“. É triste que CC se esqueça que na mesma entrevista disse: “Se os resultados (de Lisboa) não cumprirem os objectivos estabelecidos há quase 1 ano não preciso que me empurrem: eu próprio sairei pelo meu pé“. Como diz o ditado: “Olha para o que eu digo, e não para o que eu faço” . MAC voltou a candidatar-se a presidente da CPD Porto, e CC voltou a candidatar-se a presidente da CPD Lisboa.
CC preferiu esquecer-se que perdeu as eleições em Lisboa e em Oeiras. Perdeu 2 vereadores em Vila Franca Xira e 1 na Azambuja e Lourinhã. Foi ultrapassado pelo PS em Sobral Monte Agraço e pelo PCP em Odivelas. Manteve-se em Cascais e Sintra.
MAC preferiu esquecer-se que perdeu as eleições na Trofa (!!) e em Sto Tirso. Perdeu 1 vereador na Póvoa Varzim, em Vila do Conde, em Paços Ferreira e em Baião. Perdeu 2 vereadores na Maia, em Matozinhos e em Amarante. Ganhou Felgueiras e manteve-se em V.N.Gaia e Porto.
Ora, há quanto tempo são, MAC e CC, presidentes das respectivas distritais? E não são estes senhores que querem os louros das vitórias nos seus distritos? não terão eles responsabilidades também no resultado das legislativas? Dito isto, não seria coerente que MAC e CC aplicassem a si próprios e às suas CPDs a mesma “receita” que querem para MFL e a CPN?
(e o mal é que isto se aplica também a muitos presidentes de concelhias e núcleos de freguesia espalhadas pelo país. Eu conheço 2 exemplos bem de perto. Um no distrito do Porto e outro no distrito de Coimbra)
A mesma “receita” – parte II
ResponderEliminarDesafio todos a adivinhar quem foi a alta figura do PSD que proferiu estas frases:
“Importa impedir tão rápido quanto possível que Portugal continue a endividar-se a este ritmo”
“É decisivo não avançar com a construção do TGV… para que as verbas… possam ser aplicadas de outra forma na economia”
“É importante que Portugal substitua todos os projectos de sub-concessões de auto-estradas por outras intervenções viárias que não tenham todos estes custos”
“É urgente atrair capitais nacionais e internacionais e… apostar num crescimento da economia capaz de garantir maior pujança ao sector exportador”
“Temos de travar esta precipitação para o endividamento porque Portugal poderá perder liberdade dentro de pouco tempo”
“A sociedade não aguenta mais aumentos de impostos. A prioridade deve ser reduzir a despesa”
“[Ordenado mínimo de 500€] É importante que este caminho se mantenha, embora os termos exactos possam ser revistos, tendo em conta a evolução económica”
“Portugal vive uma espiral terrível de sucessivos episódios judiciais… Um primeiro-ministro alvo de suspeição fragiliza a imagem externa do país”
“Quando aparecem suspeições sobre o que o primeiro-ministro possa ter feito de menos correcto ou de menos legal, é sua obrigação desmentir sob compromisso de honra essas suspeições”
Terá sido Manuela Ferreira Leite? Paulo Rangel? Aguiar Branco? Marcelo Rebelo de Sousa?… não!! Foi Pedro Passos Coelho numa entrevista ao JN. Engraçado é ver que PPC vem dizer isto agora, depois de vistas as consequências da grave crise em que nos encontramos. Mas quem tem memória lembra-se por certo que MFL e os outros já dizem isto desde inicios de 2008. Na altura PPC falava em privatizar a CGD, etc.
Além disso, PPC diz também que “Chegou a altura de o PSD se emancipar dos ‘velhos do Restelo’… É preciso fazer a História com outros protagonistas“. Então estou certo de que na candidatura dele aplicará a mesma “receita” e não estarão ‘velhor do Restelo’ como Ângelo Correia ou os mesmos protagonistas de sempre como Carlos Carreiras ou Marco António Costa.