terça-feira, 30 de junho de 2009

Enganaram-se no convidado. Só pode.

Depois de ler o resumo da intervenção de Ben Self numa conferência promovida pelo PS no Parque das Nações, só posso concluir que terá havido algum erro de casting e o convidado era para ser outro, talvez algum presidente rosa de alguma câmara da Cova da Beira...

E isto porquê:

1º Ben Self (o nome do senhor não é propriamente um indício de humildade, diga-se de passagem...) é fundador da Blue State Digital, empresa contratada expressamente para levar o PS a uma humilhante derrota nas europeias.

2º o tal de Self faz afirmações do género: "a táctica pode mudar mas os princípios nunca". Devem-se ter esquecido de fazer o costumeiro briefing inicial e de explicar ao pobre do Ben para quem estava a falar.

3º Ben mostrou vários vídeos de cariz "privado" de Obama, num dos quais Barack explicava como conseguiu convencer Michelle a sairem juntos pela primeira vez. Para além de não ser tradição em Portugal e, por isso mesmo, não poder (ou não dever, recordo-me agora das reportagens da SIC sobre Menezes e Sócrates...) servir de exemplo, já estou a imaginar José Sócrates no seu novo tom "beeem, eu, liguei como costumo fazer, para um directorde um jornal e atende-me uma voz simpática do outro lado (...) e assim foi, acabei por aceitar dar-lhe um exclusivo."

Depois de Vital Moreira, mais uma vez, o PS acerta na mouche. O que lhes ainda vale é a tal "lufada de ar fresco" a que se referia a loira-inteligente no seu novo programa...

Gostei e li: A Economia explica tudo

A Economia "explica tudo" por Luis Cabral no Economics and Arts.

Aqui fica um pequeno teaser:

"Vem isto a propósito das recentes eleições europeias. Muitos acham chocante que a abstenção tenha sido tão alta. Mas para um economista, o que surpreende é que a abstenção tenha sido tão baixa."


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Com conselheiros de estado destes...

Depois do admirador do "menino de oiro", agora é o comentador Marcelo a provocar embaraços a Cavaco Silva.
Com conselheiros de estado assim, quem precisa de inimigos?

O que indicam os indicadores...


Foram hoje anunciados os resultados dos Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores desenvolvidos pelo INE, relativos a Junho de 2009, e que revelam ligeiros aumentos no indicador de clima económico (Indústria, Construção, Comércio e Serviços) e no indicador de confiança dos consumidores.

Já o indicador de confiança do Ministro das Finanças revela um fortíssimo aumento, antevendo já que a crise se aproxima do fim.

Isto no mesmo dia em que foram publicados os resultados oficiais das eleições europeias, bem reveladores da escalada no indicador de desconfiança dos eleitores neste Governo...

domingo, 28 de junho de 2009

1984 e a derrota da verdade

A propósito de leis de memória histórica, campanhas políticas, políticas de verdade, estudos da OCDE, 150.000 empregos, PTs e TVIs, etc, publico um pequeno excerto de um artigo de Alfredo Cruz, na Nuestro Tiempo de Maio/Junho 2009

“O perigo que corre quem afirme tais coisas não consiste em que as suas informações possam ser discutidas, nem sequer que após essa discussão acabem por ser refutadas.
O perigo está em que nem sequer se admite começar a discuti-las. E não admitir a discussão implica não admitir, de antemão, que algo se venha a descobrir como verdadeiro. Por outras palavras, significa ter feito da questão da diferença entre o verdadeiro e o falso, uma questão posterior e dependente da posição adoptada pela nossa vontade. Quando, de nenhum modo, queremos que a realidade seja outra do que aquela que nos agrada, não damos à razão a menor oportunidade de nos contradizer.


A mera afirmação de determinadas coisas, a simples proposta de abrir o debate sobre alguns lugares comuns, é um delito que acarreta para quem o comete a mais completa e unânime desclassificação. A ousadia de introduzir certas ideias no discurso público, só se responde com denegrições e gestos de “afectada” indignação, que não têm outro objectivo que não seja o de atemorizar e dissuadir a potenciais insurrectos. Porque o poder que, acima de tudo, aspira a perpetuar-se, sabe perfeitamente que é um perigoso desafio à sua possível permanência que seja forçada a entrar na questão de que se aquilo ao qual apela, aquilo no qual fundamenta as suas decisões, é verdade ou não, é real ou fictício.

(…)
Não é que o poder crie a verdade -como pretende o Partido no romance de Orwell-, mas sim que pode desinteressar-se desta tarefa totalitária porque, simplesmente, o facto de que algo seja verdadeiro ou falso perdeu todo o interesse, o que abre uma via mais cómoda rumo ao totalitarismo.

“Quem controla o passado, controla o futuro”, diz-nos o slogan do Partido. Esta é a forma de despotismo que mais aterroriza o protagonista. “Se o Partido pode chegar com a sua mão até ao passado e dizer que este ou aquele acontecimento nunca teria acontecido, isso seria mais horrível do que a tortura ou a morte.” Talvez poucas coisas se possam considerar mais actuais do que esta. O que diria Orwell acerca de um poder, supostamente democrático, que se arroga a função de estabelecer por lei a verdade sobre o passado? Que podemos temer quando assistimos ao combate tenaz por controlar o passado, por parte de ideologias políticas às quais, no fundo e enquanto tais, só lhes pode interessar o futuro? O que controla o passado controla o futuro…”


* O autor faz uma referência bastante clara à Lei de Memória História recentemente aprovada em Espanha. A propósito deste tema ler isto.

sábado, 27 de junho de 2009

Let the game begin!

Ao contrário do que muito boa gente previa (o "boa" aqui é utilizado em sentido literal, é mesmo boa gente), Cavaco decidiu marcar as legislativas para 27 de Setembro, fazendo assim que estas não coincidam com as autárquicas.
O nosso Presidente pode ser economista, mas não é parvo e não daria aos seus adversários mais um falso pretexto para o acusarem de uma suposta colagem a Manuela Ferreira Leite que, como se está a verificar, não precisa de favores de ninguém para vencer eleições.

So, let the game begin!

Só com economia se pode reconstruir o emprego

Manifesto de um rádio-amador:

"O DEBATE DEVE SER CENTRADO EM PRIORIDADES: SÓ COM ECONOMIA SE PODE RECONSTRUIR O EMPREGO"

sexta-feira, 26 de junho de 2009

United Kingdom and the Democracy Index

Ao passar os olhos pelo Index of Democracy de 2008 da The Economist, alguns factos chamam a minha atenção, em particular no que diz respeito ao Reino Unido. Num “reino” que nos habituámos a olhar como exemplo de democracia, participação cívica, entre outras virtudes civilizacionais, não deixa de chamar a atenção que ocupe um mero 21º lugar no ranking em causa. Nos cinco indicadores que compõem o resultado ponderado, o nível de desenvolvimento do Reino Unido revela-se particularmente baixo em dois deles: o da participação política e o das liberdades civis.

Em concreto, a participação política, que envolve aspectos como o grau de abstenção, a pertença a partidos políticos, a pré-disposição para desenvolver actividades políticas, é a mais baixa de toda o Ocidente!

E no que às liberdades civis diz respeito, o Reino Unido não está melhor: classifica-se atrás de países como Portugal, Eslovénia, República Checa, Cabo Verde, Botswana, Colômbia, Jamaica, etc. Não estou em condições de captar todas as razões que levam a um resultado deste calibre, mas com certeza que ele estará e, no que diz respeito às liberdades civis, relacionado com o combate ao terrorismo (neste aspecto os Estados Unidos estão ainda pior classificados!) que normalmente è feito à custa das referidas liberdades. Mas estará também relacionado com 17 anos de governo dos Labour e, com concreto, com isto.

Já agora, Portugal ocupa um honroso 25º lugar.

Homenagem a Vital Moreira (e a Coimbra)

Como o Carlos manifestou o que todos os portugueses sentem neste momento (saudades de Vital Moreira), deixou aqui uma singela, mas sentida homenagem a Vital Moreira e à cidade de Coimbra.

Muito bonito, mesmo. Emocionante. Devo confessar uma certa inveja de não ter tido o previlégio de estudar em Coimbra. Só quem teve essa sorte poderá compreender o porquê de tão sentida despedida.




"Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo prá vida."

Que saudades do Vital...

Luís Ramos/Público (arquivo)

Após a magnifica execução do circense número do tapamento do sol com a peneira no caso PT-TVI, confronta-se agora o Governo com o difícil e arriscado número de equilibrismo de amigos.

Recordo com saudade as sábias palavras de Vital Moreira:
"Certamente por acaso e só por acaso todos aqueles senhores são figuras gradas do PSD. Estamos à espera que o PSD se pronuncie sobre a roubalheira do BPN".

Com as devidas adaptações na instituição bancária e na força partidária, as palavras mantêm toda a actualidade.

O flirt continua. Rosas para Fernando

Depois de recuos e aproximações, depois da simulaçõoes de arrufos em plena Assembleia da República, tudo indica que o destino lhes prepara uma morte lenta nos braços de cada um.

A mais recente manifestação de carinho foi protagonizada por Luis Amado que procura simplesmente isso: que o PS se sinta "amado" pela esquerda neocomunista. Depois do aperto de mão negado por Sócrates, Luis oferece agora uma Rosa(s) a Fernando, incitando-o a viabilizar uma "alternativa de esquerda" no Parlamento. Mas Rosas, não se deixa comover; faz-se difícil e invoca o apoio do PS a Durão Barroso, o "monstro dos Açores".

Como é óbvio todas as relações têm os seus altos baixos, mas já há vários meses que estou convencido de que o flirt terminará mesmo em união de facto.
Porque aquilo que os une é muito mais do que aquilo que os separa.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vamos defender a PT!!


A gravidade e seriedade do estranho interesse (acompanhado ou não de amor...) da PT pela TVI, levaram o PR a pedir explicações sobre este assunto, já tão comentado ao longo do dia (1, 2, 3).

Aliás, a fasquia da preocupação foi há muito fixada pelo actual PM.

Vale sempre a pena relembrar tão visionárias palavras:
"O nosso objectivo é que nenhum Governo, através da PT, possa interferir na comunicação social. Com esta iniciativa queremos defender a própria PT."
(José Sócrates, 4 de Novembro de 2004 - Audição Parlamentar sobre Liberdade de Imprensa)

via 31 da Armada e Editorial de José Manuel Fernandes, no Público

Não basta já de mentiras??

Relação "efeito-causa"

1. Não insistam, por favor! A PT não informou o Governo da sua intenção de comprar 30% da Media Capital.

2. O Governo informou a PT da necessidade de calar a TVI.

Verão Quente: Parte I

Caríssimos,

Estou plenamente convicta que vamos ter um verão “quente”, mais fervoroso e mais emotivo.

Estou plenamente convicta que os Portugueses vão mudar de rumo e não vão baixar os braços.

Ontem assisti à entrevista da Dra. Manuela Ferreira Leite com algumas expectativas.

Posso dizer-vos que foram completamente consolidadas (pela positiva).

Só num pequeno momento não me revi na resposta e no pensamento, mas em todos os outros revejo o futuro mais “optimista” de Portugal.

Estou plenamente convicta que depois dos ditos e não ditos do Sr. Primeiro-ministro no debate no Parlamento, a trapalhada da PT, as fundações “fantasma”, basta continuarmos a “falar verdade”.

Sem querer ser repetitiva, assumo que estou farta de tantos “esquemas”, de tantas “mentiras”, de tantas “camuflagens”.

Faça-me um favor Sr. Primeiro-ministro, a mim, e a quem acredita que vale a pena “não baixar os braços”, fale “verdade”, não nos iluda mais, porque o verão vai ser quente, e está a posicionar-se para “apanhar” um verdadeiro escaldão.



A amizade é...


Ao contrário do que pensa Manuela Ferreira Leite, estou perfeitamente convencido que a PT não informou o Governo e o PM da sua intenção de comprar 30% da Media Capital, detentora da TVI.

É público e notório que a TVI tem sido uma estação incómoda ao Senhor PM - aliás, já acusada pelo próprio de fazer "caça ao homem" e de ser movida pelo "ódio e pela perseguição pessoal".

A escassos meses dos actos eleitorais e com uns irrisórios 150 milhões de euros é possível acabar com o incómodo e fazer um PM mais feliz.

Este é o autêntico espírito da amizade! E os verdadeiros amigos não (pré-)anunciam as suas boas intenções...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Se não os podes calar...

Se não os podes calar com ameaças nem queixas no Ministério Público, o que fazes?
Fácil: compra-los!

E agora Portugal?













Fonte: AMECO, Eurostat

A taxa de crescimento do PIB real diminuiu dramaticamente na última década para uma taxa anual média que ronda 1%. O PIB real mede a produção real (i.e. Ajustada à inflação) de um país num determinado período.

E agora Manuela? E agora Paulo?

Permitam-me os colegas, mas desde que o Paulo Rangel foi escolhido como cabeça de lista para as "Europeias" que ando a pensar se não teria sido melhor apostar num outro candidato, especialmente depois de se conhecer o candidato do PS. Talvez o rato Mickey tivesse sido suficiente e agora teriamos o Paulo Rangel no seu melhor para continuar a zurzir no PM, algo para o qual tem provas dadas, mesmo depois daquelas reticências inciais dos inuteis do costume, que viam com maus olhos ter um tipo do Norte, ainda por cima sem grande "curriculum", à frente da bancada parlamentar. Tendo em conta o compromisso agora assumido com a "Europa" - inclusivé agora que até foi eleito vice-presidente do PPE - como se amanhará ele para poder estar cá e lá? É certo que peso tem ele, mas isto de ser lider parlamentar em part -time terá as suas consequências. Ainda estou para perceber por que estratégia se pautou MFL para o escolher como cabeça de lista à "Europeias". Pensou ela em que se o PSD ganhar as legislativas fica sem um potêncial ministeriável? Ou estará a pensar tirar algum outro trunfo da manga (sim porque em matéria de casting a Srª nem se tem mostrado má) ?Espero que é que não seja o JL Arnaut, que por aí anda em busca de acção! Bom, voltando à "linha de raciocionio", parece-me que no caso de vitória, Paulo Rangel não se perfilará como ministro, a não ser que renuncie ao cargo de Deputado Europeu, mas aí estaria a esmagar os principios pelos quais se rege em matéria de coisa pública, ou não? Digam Vocemecês que têm muitos mais anos disto do que eu!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Acima de tudo, tranquilidade

A Carlos Lobo e, ao contrário do senhor primeiro-ministro, nada lhe tira o sono.

Ainda que as receitas do IVA estejam a registar uma evolução muito negativa, apresentando uma quebra de 25,4 por cento (e estejam, segundo o jornal Público muito abaixo daquilo que está projectado pelo Governo no OE), Carlos Lobo afirma: “continuamos a manter a previsão de 9,8 por cento de queda do orçamentado, estranho seria se numa época de recessão, de crise profunda houvesse uma manutenção ou uma subida da receita fiscal, seria contra-ciclo e nefasto para a economia."

Mas num aspecto o governo para já estar em sintonia com os economistas: parece que estamos mesmo a atravessar uma crise. Vá lá, já é alguma coisa...não lhes peçamos é que admitam que o défice orçamental será muito maior do que o rectificado no rectificativo.

As escolhas de Cavaco


O Presidente da República começará amanhã a ouvir os partidos com assento parlamentar sobre a data para a realização das eleições legislativas.

A escolha de tal data, pelo PR, não será fácil:

Por um lado, todos os partidos, com excepção do PSD, já manifestaram publicamente a sua preferência pela realização das eleições legislativas e das eleições autárquicas em datas diferentes.

Por outro lado, razões de economia e de bom-senso recomendam a realização dos dois actos eleitorais em simultâneo, evitando a dilação das campanhas eleitorais, os acrescidos custos associados à mesma, a desvalorização do segundo acto eleitoral e uma previsivelemente maior taxa de abstenção.

A opção pela realização das eleições na mesma data poderá aparentar uma adesão do PR à pública posição do PSD. Mas este PR já deu mostras de não se deixar condicionar pelas aparências ou, muito menos, pelas estratégias partidárias estranhas aos interesses do País.


José Sócrates, Manuela Ferreira Leite, a Câmara do Porto e a Mulher de César...

Elisa Ferreira é uma pessoa que poderia ser uma boa candidata à Câmara Municipal do Porto.

Infelizmente não é.

Ela própria, o Partido Socialista e o seu secretário geral decidiram que fosse candidata simultaneamente à segunda cidade do País e ao Parlamento Europeu em eleições separadas cerca de 3 meses uma da outra.

O cargo de Presidente da Câmara é incompatível com o de Deputado Europeu.
Aqueles que votaram na lista do PS para o Parlamento Europeu estão a ser enganados, caso Elisa Ferreira fosse eleita Presidente da Câmara e optasse por ficar no Porto, tal como os que votarem em Elisa Ferreira para a Câmara (seja ela vencedora ou não) serão enganados, caso ela opte por ir para Bruxelas e Estrasburgo.

Esta dupla e esquizofrénica candidatura que foi testemunhada pelos portuenses em outdoors colados com fotografias da candidata com a sua "dupla personalidade" trata de assegurar o "tacho a todo o custo", algo que, em abono da verdade, o currículo académico e profissional da candidata verdadeiramente dispensava, relegando para último plano os interesses da comunidade, da causa pública e os valores mais nobres da política.

Está visto que Elisa Ferreira está-se nas tintas para a cidade do Porto e para os Portuenses.

No PS há felizmente pessoas sérias e esta candidatura tem causado um grande embaraço nas estruturas locais, com muitos pedidos que a candidata renuncie desde já ao lugar ao Parlamento Europeu para prosseguir com seriedade a sua corrida (?) à Câmara.

Se eu fosse militante do PS, nunca votaria na candidata do PS à Câmara. É que nem todos os militantes dos Partidos são carneiros e acima dos interesses partidários estão os interesses do País.

É sabido que sou militante do PSD (com honra, nº. 44355), mas se o meu Partido tivesse um candidato como Elisa Ferreira à Câmara do Porto nunca votaria nele.

Esta questão não se restringe ao Porto, tem também uma leitura e repercussão a nível nacional. É que tanto os candidatos às maiores Câmaras do País, como as listas ao Parlamento Europeu têm uma intervenção activas das lideranças partidárias. Mesmo quando sugeridas pelas estruturas locais, a direcção nacional e, nomeadamente o seu líder, têm obviamente "poder de veto".

Ora aqui vislumbramos uma diferença radical entre os candidatos a Primeiro Ministro José Sócrates e Manuela Ferreira Leite:

Enquanto que o Primeiro Ministro vem da escola do "tacho a todo o custo", daqueles que vivem e sobrevivem da política e nunca fizeram mais nada na vida, bem patenteadas com esta candidatura indecente à Câmara do Porto, a líder do PSD assumiu desde a primeira hora que os candidatos dos PSD vão honrar os seus mandatos e não haverá candidatos do PSD a duas eleições este ano.

Em política fala-se muitas vezes da "Mulher de César" que não basta ser séria, tem que o parecê-lo. Está visto que este ditado, infelizmente, não se aplica ao Eng. José Sócrates. Não pode parecer sério ou não vale a pena parecê-lo quando não se é sério.

Quando Cavaco Silva chegou a Primeiro Ministro em 1985, tinha eu 12 anos, lembro-me que quase toda a gente o considerava "pouco simpático", mas "sério".

Portugal tem saudades de um Primeiro Ministro "pouco simpático"... (mas "sério").

Este episódio "Câmara do Porto" e estas duas formas de "fazer política" estarão em escrutínio nas eleições legislativas que se avizinham...




segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cardoso de volta. Mas logo agora?...

Nuno Cardoso afirma estar mais preocupado com a justiça divina do que com a dos homens, apesar de respeitar esta última. Nothing wrong with that...

Mas, agora que o tribunal de São João Novo o condenou a três anos de prisão com pena suspensa por crime de prevaricação, Nuno Cardoso anunciou o seu regresso à vida pública. Sim, leu bem. Repito: agora que foi condenado pelo crime de prevaricação, Nuno Cardoso anuncia o seu regresso à vida pública.
Não, o tribunal não o ilibou das acusações. E não, Nuno Cardoso não irá esperar pelo resultado do recurso que apresentará. E não, também não desvendou como concretizará esse regresso.
Confesso que não compreendo. Porque esperar pela leitura da sentença, ainda por mais se se afirma inocente? Será que o seu regresso estaria dependente de ter ou não pena suspensa?

Como também eu me preocupo mais com a justiça divina do que com a humana, não sei o que se terá passado e se, a fazer fé nas palavras do ex-presidente de câmara Municipal do Porto, o director da Polícia Municipal do Porto lhe terá levado o despacho e lhe terá “ditado” o texto de arquivamento, qual professor da escola primária.

O que sei é que se Nuno Cardoso deseja voltar à vida política será, com certeza, para poder contribuir para o bem-comum da nossa sociedade. O que pergunto é se esse bem-comum não passará antes por poder usufruir de uma classe política acima de toda a suspeita e que não decida voltar à vida pública (embora esteja, sem dúvida, no seu pleno direito) precisamente no momento em que é condenado pelo crime de prevaricação?

Recordo ainda as palavras do juíz do Tribunal de São João Novo, que aludiu a uma “teia” entre o poder autárquico e os clubes de futebol: “Que tudo isto sirva para um alerta de consciências”. Parece que as suas palavras ficaram sem efeito.

Plano Tecnológico: o balanço do dia!

De facto, estou inclinada para ficar embevecida com tal balanço, porque simplesmente:

Portugal tem uma taxa de analfabetismo elevada;
Portugal tem uma taxa de desemprego assustadora;
Portugal tem um índice de envelhecimento alto.

Três boas razões para que o Plano tecnológico faça o seu pleno.

E, eu questiono:

Para que falar-se num progresso científico, em tecnologias de informação quando na realidade as universidades estão em ruptura financeira?

Para que servem os magalhães se as crianças nem a tabuada entendem?

Para que o acesso à banda larga em todo o território se depois as pessoas nem o nome do Primeiro-ministro sabem?

Mas que plano Sr. Primeiro-ministro?

O verdadeiro Plano Tecnológico é feito com inteligência, com pessoas capazes de gerar informação e processar conhecimento, aliados à capacidade de distinguir o que realmente é fundamental, para que se produza e para que se exporte.

Ufa, acabamos a semana com campanhas de esgotar paciência e começamos outra com os balanços positivos que só devem passar na televisão de alguns.

Começa a ser tempo de dizer basta. Ou então mudem os temas.

Desculpe Sr. Primeiro-ministro mas a banda larga hoje falhou e a paciência esgotou.

"Minusválidos"


O caso BPN já nos tinha demonstrado que a supervisão tem um gravíssimo problema de hipovisão!

Agora é a vez da Provedoria de Justiça dizer que o Banco de Portugal tem igualmente um problema de comunicação.

Ora, convém não esquecer que o princípio da igualdade se concretiza tratando de forma igual quem é igual e tratando diferentemente quem é diferente...

domingo, 21 de junho de 2009

Mera coincidência?

Será mera coincidência o facto de o anúncio do adiamento das decisões sobre grandes investimentos para a próxima legislatura ter sido feito 4 ou 5 dias antes do tal apelo dos 28 economistas?...

Dá vontade de dizer que, num país que não é propriamente modelo da virtude da discrição, guardar no segredo dos deuses um documento preparado com base em trocas de e-mails entre 30 economistas é, pelo menos para já, o maior milagre da primeria década do século XXI...

sábado, 20 de junho de 2009

Que tal o meu novo penteado?

“Vejo muita gente entretida a discutir o meu estilo, o meu estado de alma".

Não troco Portugal por nenhum outro país do mundo. Mas devo confessar que gostaria de viver num país onde o primeiro-ministro não se desse ao trabalho de se referir aos comentários que são feitos em relação às suas (supostas, claro está) mudanças de estilo ou de personalidade.

Está bem que Sócrates sempre deu mostras de não ter consciência da dignidade das funções que desempenha, mas não deixa de causar alguma consternação.

Quanto ao seu estado de alma, é ele próprio, qual reality-show, que faz questão de nos dar a conhecer que se lhe parte o coração. O que é que ele esperava? Que o país não parasse e não déssemos todos as mãos em sinal de solidariedade com tão grande estadista?

Eu gosto da "loira do PSD"

Embora não concorde com algumas das suas posições (como, por exemplo, a de ter "virado a setinha pra baixo"), gosto de ler e de ouvir as opiniões de Pacheco Pereira.

Sei que corro o risco de ser expulso da blogosfera (whatever that is) mas não resisto a transcrever aqui uma passagem do artigo de hoje no Público da "loira do PSD":

"Voltando a José Sócrates, a personagem interessa por duas razões. Uma, é que a bipolarização que existe de facto em Portugal não é entre PS e PSD, nem entre esquerda e direita, é a favor ou contra José Sócrates. A segunda razão é porque ele é, em muitos aspectos, um produto típico do tempo. Não é único - as mesmas incubadoras que o produziram, as "jotas" partidárias, agora complementadas pelas carreiras políticas de blogue, Facebook e Twitter (com uma enorme capacidade de reproduzirem na Rede os piores defeitos das políticas das "jotas"), estão a gerar outros produtos do mesmo tipo. Gente ambiciosa, muito ambiciosa, com poucas leituras e muita televisão e computador, deslumbrada pelos gadgets, movendo-se com à-vontade entre jornalistas e empresários, sem "vida" nem biografia e pensando a política como pouco mais do que uma forma elaborada de marketing."

Com os riscos inerentes a todas as generalizações, a análise da "loira" tem alguma aderência à realidade. Quer se queira (e se o insulte), quer não.

Valsa de um Homem Carente *

* por Carlos Nunes Lopes no 31 da Armada. Imperdível!!



A tarefa não era fácil. Sócrates teve apenas dez dias para ler o guião e representar esta nova personagem. A peça foi longa e não havia ponto.

Aqui fica uma singela homenagem pelo desempenho na apresentação pública da nova personalidade.

LFM Comunicação

Estarei a ler bem?

"Só me ouvirão dizer bem da líder do partido", garantiu.


Pelo menos o tempo verbal estará correcto.

Ou seja, não será por falta de apoio que Ferreira Leite não vencerá as próximas eleições legislativas. Não sei se percebem...
...eu também não sei se percebo.

Menezes ao vivo e a cores


Com algumas alfinetadas à mistura, vale a pena ler a entrevista de Luis Filipe Menezes ao Jornal i e ficar a saber por que razão Pacheco Pereira é a loira do regime.

Ou como Paulo Rangel pode estar a ganhar base de apoio...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mas que timing...

Afinal parece que Manuela Ferreira Leite não esta só, na "política do bota-abaixo".

O que poderá levar economistas conceituados e INDEPENDENTES como, por exemplo, Medina Carreira (antigo militante do PS e ex-ministro das Finanças de Mário Soares), Luis Campos e Cunha (antigo ministro de Sócrates 1.0), Vitor Bento, João Duque, Augusto Mateus (outro ex-ministro PS), entre muitos outros, a defenderem o repensar dos grandes investimentos públicos?

O argumento que apresentam é, na minha opinião, o principal:
“a insistência em investimentos públicos de baixa ou nula rentabilidade, e com fraca criação de emprego em Portugal” só poderá agravar a actual crise e endividar excessivamente o nosso país.

E não é preciso ser especialista em transportes nem sequer ter acesso a eventuais estudos "encomendados" pelo Governo para perceber que o TGV Lisboa-Madrid dificilmente será rentável tendo em conta a alternativa avião (e a comparação entre respectivos preços e tempos de viagem). E já agora o reduzido número de passageiros que diariamente empreende esta viagem (haverá cerca de 15 vôos diários Lisboa-Madrid?)...

E é também sabido que apesar que haver uma cada vez maior integração ibérica a nível de negócios, as novas tecnologias (como a tele-conferência) ainda que, como é óbvio, não impliquem o fim da necessidade destas deslocações, tendem a ter um efeito contrário ao provocado pela referida inter-dependência ibérica.

Mudando agora de perspectiva...não será este um timing bastante favorável ao PS para a emissão deste apelo? Obviamente que se trata de uma coincidência que alguns dias após o anúncio do adiar das decisões finais sobre o TGV para a próxima legislatura saia este apelo.
Mas que dá jeito, dá...já imagino Sócrates 2.0, com ar combalido, de beicinho, cabisbaixo a dizer "é apenas mais um sinal de abertura deste governo que sempre soube estar atento a todos os quadrantes da sociedade"!

Por isso pergunto? De que dados dispomos agora que não dispúnhamos há 12 meses atrás?

Sem dúvida que se trata de uma iniciativa louvável, mas talvez ligeiramente tardia...



"Deixem-se de tretas" *

* por Carlos Abreu Amorim no Blasfémias

Uns dizem que Sócrates deve virar ao centro para vencer as Legislativas. Outros alegam que existe o risco de as perder à esquerda. Há quem jure que a fé intervencionista que o Governo apregoou no último ano assustou os eleitores mais moderados. Mas persiste quem defenda que se deve dar mais atenção aos avisos da Alegre ‘Cassandra’ do PS.
A três meses de eleições, não vale a pena discutir ideologias – até porque Sócrates não faz a menor ideia do que isso seja.
Sócrates irá fazer aquilo que sempre fez como político: vai virar à esquerda, ao centro, à direita, para Leste e para Oeste, vai prometer tudo e o seu contrário, vai subsidiar sem pudor gregos e troianos, pouco preocupado com os pruridos ideológicos dos cenaristas que não fazem parte do seu clube de fãs.

O preço da incompetência


Finalmente foi assumido!

O Ministro das Finanças reconheceu ontem, em sede de Comissão Parlamentar, que a situação ocorrida no BPN "foi um caso de policia e não de supervisão".

A questão é que, há largos anos, era já um caso de polícia, estando na posse do Banco de Portugal um conjunto de elementos e documentos que indiciavam a prática de ilícitos criminais.

Mas, ao invés de fazer a devida participação às autoridades policiais competentes - para que investigassem -, o Banco de Portugal ocultou a situação sob a capa dos seus poderes (e das suas mezinhas) de supervisão.

Por isso, se maiores responsabilidades não lhes puderem ser assacadas, o Banco de Portugal e o seu Governador são claramente responsáveis por terem impavidamente permitido a continuação de uma actividade criminosa. E, independentemente de se apurar quem foi à horta e quem ficou à porta, essa falta de competência não pode deixar de ter um preço!

Paixão. Até ao fim.




Depois de a José Sócrates se lhe ter partido o coração, de Pinho esperar do fundo do coração que o impasse na Auto-Europa se resolva, agora é a vez de Durão Barroso, a não querer ficar para trás e como que a dizer "olhem que apesar do meu nome, sou um indivíduo super-sensível e emocionável" e, após o conhecimento do apoio político unânime (onde terá feito Vital Moreira o buraco para se enfiar?) da União Europeia para a sua recondução, afirmar:


“Estou extremamente orgulhoso do apoio unânime que recebi. Mais que orgulhoso, estou comovido”.

Não sei o que será, mas que há qualquer coisa no ar, lá isso há!

Eu próprio estou com dificuldades em terminar este post e começo a ficar alagado em lágrimas, invadido pela emoção de sentir o privilégio de ser governado por estadistas de tamanha grandeza de alma!

snif...

Leitura de Fim de Semana

Um livro para esquecer expressões que marcaram a semana (...) "estou muito satisfeito comigo".

Como alguém disse e desculpe o desabado Sr. Primeiro Ministro (...) podemos ser sonsos mas não somos parvos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sucesso empresarial *

* no Mensagem Certa



Vendas da J.P. Sá Couto crescerem 1308,5 por cento impulsionadas pelo portátil Magalhães.

Alô Bruxelas?

Aguarda-se ansiosamente o regresso de Manuela Ferreira Leite de Bruxelas.

Isto de deixar os meninos a brincar aos políticos é mais perigoso do que parece.

Em relação à data das eleições e, depois da mensagem errada dada aos portugueses com a aprovação da nova lei do financiamento partidário (vetada posteriormente por Cavaco), a posição do PSD de realização das autárquicas e legislativas no mesmo dia não pode deixar de ser elogiada.

O Bom, o Mau e o Vilão


A noite de ontem prometia uma entrevista a José Sócrates.

Para espanto de todos, em entrevista intimista, surgiu alguém humilde, modesto, cordato, moderado, a reconhecer erros e a fazer mea culpa.

Sem a arrogância, o distanciamento, o autoritarismo, a aura de infalibilidade, é impossível reconhecer José Sócrates.

E quem estará disposto a votar em alguém que, definitivamente, não conhece?

Mas que notícia é esta?

Qual é o interesse em publicar isto: A culpa foi de Sá Carneiro e do jornal O Diário ?

É uma curiosidade histórica? É um comentário "sibilino" à lá saudoso Vital Moreira (a falta que vais fazer na campanha, ilustre Vital...)? Comemora-se hoje alguma data histórica alusiva ao fenómeno?

O único sentimento que me leva a comentar esta notícia é a estranheza ou, eventualmente, a minha ignorância, mas não consigo deixar de me questionar sobre a qualidade da informação que circula por ai. Mesmo em jornais como o Público, mesmo em assuntos que, seguramente, nem tem qualquer dimensão para justificar uma qualquer mini-teoria da conspiração.

De chorar a rir

Notícia de última hora: Sócrates reconheceu que errou! Repito: Sócrates reconheceu que errou.

Sim, depois de casos como os sete meses de congelamento do BPP, da ridícula reforma da avaliação dros professores, dos relatórios da OCDE, das passagens administrativas, da propaganda magalhanista, da nacionalização da COSEC, de Correia de Campos, das infindáveis trapalhadas de Manuel PIN(ho), José Sócrates reconhece que deveria ter investido mais na cultura! Ah! Genial!

O mais divertido é o ar absolutamente forçado com que Sócrates inventa (dá ideia que na altura) este súbito exemplo de humildade! Há que reconhecer que o fato não lhe serve...
E isto de, de um dia para o outro, mudar de máscara tem muito que se lhe diga.

Vendo bem, até começo a perceber a necessidade de um maior investimento em áreas como a do teatro. Sócrates, nos palcos que quer pisar precisará de muita formação nas artes cénicas se não quiser correr o risco de contribuir para o já de si elevado número de desempregados.

Ora vejam:


quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ah! Que surpresa!

Sem dúvida que a estratégia de tentar dar um ar de bonzinho e humilde também pesará na decisão de deixar cair Jorge Miranda.

Mas como escrevi aqui há algum tempo, não haverá mais do que isso?...

Leitura recomendada

Constança Cunha e Sá no Correio da Manhã acerca da "mudança de rumo" do PS. Destaco a seguinte frase:

"o estilo é a única marca de uma maioria que privilegiou a forma ao conteúdo, a ficção à realidade e a propaganda a qualquer linha de rumo".

terça-feira, 16 de junho de 2009

E que tal uma minoria parlamentar?


Só para evitar
confusões...

Pequeno Grande Estratega

António Vitorino será o coordenador do programa eleitoral do PS. Para grandes batalhas, pequenos grandes estrategas.

O PS continua a ser o favorito para vencer as próximas eleições à Assembleia da República. No entanto esse favoritismo está cada vez mais mitigado.
A estratégia passará por, como foi ontem concluído na reunião da Comissão Política, reforçar do “combate político” contra uma “direita neoliberal” e uma “esquerda demagógica e populista”, depois de reconhecer “eventuais erros”.

A batalha está mais difícil, já que os alvos a abater aparecem agora de ambos os lados, ao contrário do que se pensava há umas semanas, quando se acreditava que apenas a esquerda-radical poderia roubar a maioria absoluta ao PS. Aliás, já nem se fala em maioria absoluta, mas sim numa "maioria parlamentar que permita garantir condições para governar". Que maioria é essa não o sabemos. Suspeito que o partido socialista também não o saberá. Para já trata-se de ser realista e tentar vencer as eleições...depois logo se vê.

Outra peça da estratégia montada, mas que não passou para o grande público é, na minha opinião, a de desempenhar uma espécide de papel de underdog (digo uma espécie porque não corresponde bem exactamente ao conceito, já que o PS continua à frente nas sondagens), de quem vai em segundo lugar e não é considerado por alguns como favorito. Esta estratégia já se começou a aplicar quando Vitalino Canas acusou o PSD de estar a comportar-se como se já tivesse ganho as legislativas apenas por ter ficado á frente do PS nas europeias; Canas acusa o PSD de "arrogância", tentando assim colocar o PS e o Governo no papel de humildes cordeiros.

É uma estratégia mentirosa e falsa, mas não deixa de ser uma estratégia que exige do PSD e dos seus dirigentes a maior atenção (nomeadamente em entrevistas que obrigam vice-presidente a corrigir líderes parlamentares...). É que se é verdade que para governar é difícil encontrar pior do que o PS, o mesmo já não se pode dizer quanto a demagogia e manipulação da opinião pública...

PS - Só para ter uma ideia do real valor das europeias e de eventuais extrapolações: o partido vencedor obteve menos 500.000 votos do que nas últimas eleições legislativas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Web 2.0 e campanhas eleitorais

Muito se falou antes e durante a campanha para as eleições europeias sobre estratégias de marketing político, de comunicação política e, principalmente, dos meios de transmissão da mensagem de cada partido. A tendência é claramente a de valorizar cada vez mais a internet como veículo de comunicação com os cidadãos. Tem todo o sentido.

No entanto e, não querendo ser desmancha-prazeres, gostaria de relembrar os seguintes dados recolhidos no estudo do CESOP (que me perdoem Nuno Melo e o PP) sobre “Os Jovens e a Política”:

Slide 1
Frequência com que se utiliza a internet para obtenção de informação política segundo faixa etária


15-17 anos
18-29 anos
30-64 anos
65 e mais
Total
Todos os dias
2,1
5,3
8,4
1,4
5,9
3-4 dias/semana
3,1
6,3
4,8
0,5
4
1-2 dias/semana
14,9
10,8
6,7
1
6,7
Menos do que isso
78,9
75,4
76,7
91,8
79,8
Ns/Nr
1
2,2
3,4
5,3
3,6
Total
100
100
100
100
100


Slide 2
Frequência com que se vêem notícias sobre na televisão segundo faixa etária

15-17 anos
18-29 anos
30-64 anos
65 e mais
Total
Todos os dias
34
44,1
60
57,7
55,3
3-4 dias/semana
21,1
21,5
17,5
16,8
18,4
1-2 dias/semana
22,2
19,3
11,8
10,6
13,4
Menos do que isso
22,2
14,6
10,1
13,9
12,2
Ns/Nr
0,5
0,5
0,6
1
0,7
Total
100
100
100
100
100


Logo à noite há reunião...

Mario Lino não sabe se a adjudicação do troço Poceirão-Caia, inicialmente prevista para Julho, irá ocorrer antes ou depois das eleições legistativas.

Não deixa de causar alguma estranheza esta súbita incerteza do Governo que ainda há poucos dias atrás, estava decidido a avançar a todo o gás com o TGV.

Será que a reunião de logo à noite da Comissão Política do PS tem alguma coisa a ver com estas repentinas dúvidas existenciais?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

BE: Um presente envenenado?

Francisco Louçã e o seu Bloco de Esquerda obtiveram um resultado histórico nas eleições para o Parlamento Europeu.

Este excelente resultado do Bloco apresenta-se como um pau de dois bicos: por um lado adquiriu o estatuto de um partido que “conta para as contas”, fez-se crescidinho. Mas, por outro lado, este mesmo resultado, põe o partido perante dilemas que não tinha anteriormente. Como conjugar o estatuto recentemente adquirido de “partido a sério”? Como irá reescrever Louçã as suas homílias, sabendo que o voto de protesto já lhe deu o que tinha a dar?

Se o BE considerar que chegou o timing para fazer parte de algum governo, deverá ajustar o seu discurso, o que aliás já começa a acontecer. Louça não fecha a porta e já veio dizer: “o nosso diálogo no PS é com quem teve posição crítica a Sócrates e é com esses que vamos ter de dialogar”. No fundo, está a dizer: “vocês que, em sinal de protesto para com o Governo, votaram em nós, podem voltar a fazê-lo. Nós também somos de esquerda, também nos damos bem convosco; só não gostamos, tal como vocês, do tipo que está a frente do vosso partido. Estejam descansados que nós não mordemos; até temos um canal privilegiado de comunicação com o vosso camarada Alegre! Não tenham medo de votar em nós que cá estaremos para as causas fracturantes e para as políticas de esquerda e de estatização da sociedade.”
Fá-lo numa perspectiva de médio prazo, mas fá-lo, como se percebe pela entrevista ao “i”.

Louça não deixa no entanto de apelar ao eleitorado natural, o eleitorado da “fractura”: “…e aprovaremos as políticas de que se incluam nesse compromisso, tal como fizemos com António Guterres, em que aprovámos medidas como o referendo ao aborto, a descriminalização da droga”. Louçã parece esquecer-se da colagem a Sócrates na liberalização do aborto. Compreende-se.

Esperemos para ver os resultados desta política de tentar agradar a gregos e troianos. E de depender dos estados de espírito de Alegre.

Parceria Louçã/Maya

Francisco Louçã ao i:

"O PSD não pode ganhar as eleições. Não tem condições nenhumas para ganhar as eleições. Nós estamos é perante uma situação de perda da maioria absoluta."

Já agora profeta Louçã, quem vencerá o campeonato de futebol nos Emiratos Árabes Unidos?

O novo "Voto Útil"

A edição impressa do Público da passada terça-feira (não encontro o link para a notícia) procura fazer uma análise comparativa da evolução da votação (em termos relativos) de cada um dos principais partidos face às eleições europeias de 2004.

Uma das conclusões a que chega é a seguinte: o ganho percentual partido vencedor foi conseguido sobretudo à custa “dos abstencionistas de 2004, mais do que aos votos roubados ao PS”. O jornalista Nuno Simas chega a esta conclusão ao não conseguir estabelecer uma correlação directa entre os concelhos onde o PSD mais subiu em termos percentuais e aqueles onde o PS mais desceu.

Admitindo que esta conclusão é verdadeira (e não tenho motivos para duvidar dela) é interessante observar que houve muita gente que, numa situação normal não votaria nas eleições europeias, e que no Domingo se “deu ao trabalho” de ir votar e mostrar o seu cartão laranja avermelhado ao PS. Agora que o PSD venceu umas eleições quantos mais se sentirão motivados a fazê-lo, sabendo que o seu voto também é “útil” para derrotar o PS? Sabendo que o PSD representa uma verdadeira alternativa de poder?

Quantos se sentirão assustados pela perspectiva de a extrema-esquerda obter mais de 20% nas próximas legislativas e irão votar PSD (quando em princípio não votariam)? Como é óbvio este raciocínio também se aplica ao PS, ou seja, também ele colherá votos dos que se abstiveram e não o farão em Outubro, perante a perspectiva da esquerda radical alcançar os tais 20% dos votos…

Mas a verdade é que, pelo menos nesta perspectiva e, na medida em que foi o PSD quem ganhou as últimas eleições (com confortável margem de 5%), o verdadeiro voto útil é cada vez mais no PSD e não no PS. Menos um trunfo para o PS, embora este sempre conte com o frete das sondagens….

O PSD pode ainda e, seguindo a mesma linha de raciocínio do voto útil, ir buscar alguns votos ao PP (nem por acaso, e num intervalo que fazia na escrita deste post, um conhecido meu, filiado na JSD, comentou-me que votou no PP face à perspectiva – visível segundo as famosas “euro”sondagens - de Nuno Melo não ser eleito como eurodeputado e de não estar em causa a conquista de mais um eurodeputado por parte do PSD).

O PSD pode e deve cavalgar esta onda (desde quando se cavalgam ondas?...) de vitória. Deverá fazê-lo com humildade e não cometer o mesmo erro (bem descrito por Vitorino) que cometeu o PS, ao menosprezar os seus principais adversários nestas europeias. E que agora se encontra num beco sem qualquer tipo de saída possível para a tão “desejada” maioria absolutista.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A força do exemplo - Educação cívica para agentes da autoridade

Ao ler o discurso do dia de Portugal de António Barreto faço uma proposta ao próximo ministro da administração interna: o de criar cursos de educação cívica para agentes da autoridade!
Partilho com António Barreto da importância do exemplo e sobretudo da importância do mau exemplo, em especial quando ele vem de alguém com autoridade. Passem em frente de qualquer esquadra de polícia no Porto (e seguramente em qualquer outra grande cidade do país) e vejam o número de viaturas mal estacionadas. Reparem nos carros de polícia e vejam quantos agentes usam cinto de segurança. Num julgamento quantos juízes chegam à hora marcada para as testemunhas?
Ainda a propósito conto uma pequena história. Os meus pais vivem numa rua sem saída que termina na igreja da freguesia. É uma rua com muitos peões mas são sobretudo as crianças quem mais desfruta pois sabem que não devia haver circulação na rua. A meio da rua há um café e um destes Sábados vejo um jeep da GNR entrar a grande velocidade com o nobre objectivo de comprar tabaco. Perante o sucedido interpolei o militar que me respondeu: "O senhor não sabe o que é a autoridade!".
Mesmo para muitos dos agentes da autoridade neste país o exercício das suas funções constitui um direito, parecendo não haver deveres! Será que é assim tão absurdo propor cursos de educação cívica para agentes da autoridade?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Portas e o re-ajuste estratégico

19 de Abril de 2005:

"Portas desabafou: "As coisas são o que são". O ainda líder democrata-cristão referiu falhou os 4 objectivos que estabeleceu nesta campanha: maioria de centro-direita ("era difícil"); evitar maioria do PS ("falhei"; atingir os 10% ("perdi") e conseguir que o CDS-PP fosse a 3ª força parlamentar ("fui, nesta matéria, pessoalmente derrotado").
Portas fez ainda um comentário à subida do Bloco de Esquerda. "Não há nenhum país civilizado no Mundo onde a diferença entre trotskistas e democratas-cristãos seja de um por cento", disse Portas, referindo-se à ascenção do extremismo e radicalismo de esquerda em Portugal."

Das condições referidas acima, Portas apenas observou (seria errado afirmar conseguiu) que o PS não tivesse "maioria absoluta". Quantos às restantes "condições"...os trotskistas obtiveram mais 2,4% do que o PP!

Por que razão Paulo Portas não mostra um pouco de coerência (ah!!) e não se demite agora também? Ou passou a ter como meta ultrapassar previsões de sondagens?

O que se disse neste blog sobre a escolha de Paulo Rangel

Creio que é de justiça recordar aqui as palavras do Carlos no dia 14 de Abril , quando se confirmou a escolha de Paulo Rangel como cabeça-de-lista para as europeias:

"O silêncio do PSD tem alimentado rumores em torno do cabeça de lista do partido às eleições europeias.

Notícias de hoje apontam o nome de Paulo Rangel para ocupar tal posição.
A escolha parece ser de Manuela Ferreira Leite: pessoal e intransmissível - tanto mais que a maior parte dos vice-presidentes do partido preferiam Marques Mendes; arriscada - pois as estruturas não têm por hábito gostar de rápidas ascensões de quem não apresenta "histórico" partidário.
Um bom resultado eleitoral de Rangel - o putativo candidato - reforçará a liderança de MFL e alimentará as esperanças do PSD para as legislativas; um resultado menos bom poderá ressuscitar as adormecidas facções, que exigirão a demissão de uma MFL entretanto mais isolada.
Discuta-se o estilo, admire-se a coragem.

Em tempo: Paulo Rangel não é mais o putativo candidato. O seu nome foi confirmado há minutos, pela comissão política permanente, como cabeça de lista do PSD às eleições europeias."



Boa noite Senhor Engenheiro!


Entrou tarde na corrida, depois de enfrentar alguma resistência interna.

Não tinha Magalhães para oferecer, nem o apoio de uma máquina partidária de inesgotáveis recursos, nem, muito menos, o confortável suporte da propaganda estatal.

Comeu papa Maizena q.b. e engoliu, de uma vez, a sobremesa do BPN.

Sózinho derrotou Vital, Sócrates, o Governo, o PS e os seus líderes históricos.

Sem comícios a rebentar pelas costuras e sem as condizentes sondagens, ganhou com uma vantagem de 5% para o segundo partido.

Rangel deu a voz ao protesto e a cara a uma nova esperança.

Protesto e esperança que farão os pesadelos de Sócrates nos próximos meses.

Good night and good luck Senhor Engenheiro!