sábado, 28 de fevereiro de 2009

CITIUS nada seguros...

Depois de o assunto (citando a TSF), já ter sido abordado há cerca de um mês no Portal da Loja: "Um manifesto subscrito por juízes denuncia o facto de o poder político ter acesso a todos os processos judiciais, mesmo os que estão sob segredo de justiça. Neste documento, os juízes dizem mesmo que é possível o acesso em tempo real a estes processos. O novo sistema informático Citius permite o acesso em tempo real do poder político a todos os processos judiciais, mesmo os que estão sob segredo de justiça, permitindo mesmo introduzir alterações nos despachos de um juiz ou nas acusações de um advogado." ,
o semanário SOL traz novos desenvolvimentos acerca do miserável software que serve de ferramenta de gestão informática do inquérito-crime no DIAP de Lisboa.
Para além do poder político, segundo alguns magistrados, poder produzir alterações nos despachos de um juiz, sabe-se agora que o programa prima pela AUSÊNCIA DE PERFIS DE SEGURANÇA NO ACESSO À INFORMAÇÃO!!! Ou seja, QUALQUER FUNCIONÁRIO OU ADMINISTRADOR PODE TER ACESSO À TOTALIDADE DOS AUTOS, PODENDO FAZER AS ALTERAÇÕES QUE ENTENDER sem a devida autorização dos magistrados. Como se não bastasse, o CITIUS não permite a consulta das acções realizadas por todos os utilizadores, uma funcionalidade standard em qualquer software que gira bases de dados possui!!
E ainda:
- nos tribunais, o sistema bloqueia com frequência
- a aplicação não consegue digitalizar documentos recebidos em suporte físico
- não permite criar alertas para fins de prazos de prisão preventiva

Parece-me que num país com uma cultura democrática e de fiscalização do exercício do poder mais enraízada, notícias deste teor mereceriam honras de abertura de telejornais (inclusive de televisões públicas), demissões de ministros, aberturas de inquéritos, etc...

Realmente, assim torna-se bastante mais fácil perceber o porquê de tantas fugas ao segredo de justiça...

Com sistemas destes, quem precisa de hackers para aceder aos computadores dos magistrados que investigam o caso Freeport?

Assaltos à mão armada disparam quase 40% em 2008

Apesar das resistências do Governo em apresentar dados relativos aos índices de criminalidade registados em 2008, lá se vão sabendo alguns deles. Em concreto, no ano transacto, verificou-se um aumento do número de assaltos à mão armada em Portugal na ordem dos 40%. Também estes dados e o clima de insegurança que se vive no nosso país serão resultado de estranhas "forças ocultas"? Será que o senhor Sócrates abordará este tema durante a produção hollywoodesca de Espinho?

Afinal parece que a Dra. Ferreira Leite tinha razão, no início do seu mandato, ao escolher como uma das suas preocupações fundamentais a questão da (in)segurança (a par da degradação da situação social dos portugueses e das grandes obras públicas e consequente endividamento externo).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Congresso -1


Pela inspiração da blogosfera e seguindo a velha máxima de que "nada se cria, tudo se copia" - que alguns dias é unicamente sinónimo de preguiça - , tomamos a liberdade de transcrever João Gonçalves no seu Portugal dos Pequeninos:

Começa, cheio de holofotes como numa produção La Féria, o congresso albanês do PS em Espinho. O evento existe para as televisões e as televisões, certamente, não se farão rogadas. Também tem, à boa maneira daqueles congressos unanimistas caídos em desgraça depois de 1989, uma "comissão de honra" onde os jarrões da casa têm assento. De resto, são mil e setecentos delegados afectos ao querido líder e vinte e duas almas penadas eleitas porventura por engano. Este bando de dependentes anseia naturalmente por qualquer coisa em ano com três eleições e está lá apenas para aplaudir a sessão contínua de propaganda que se anuncia. Com as duas ou três vozes livres e independentes que subsistem fora de cena - umas por cá, outras enviadas para fora - o congresso é uma metáfora circense destinada a bajular Sócrates. Mesmo as "novidades" - cabeça de lista para as europeias e talvez uma "medida" daquelas que são depois repetidas dentro de tendas até à exaustão - não interessam nada. Para já, a coisa começou muito bem com o inevitável Santos Silva, o perigoso patrulheiro em serviço permanente, a criticar a dra. Ferreira Leite por ter dito que não é muito curial o primeiro-ministro ausentar-se de uma cimeira da UE, no domingo, para presidir à sessão dos balões, dita de encerramento das festividades. Sobretudo depois de o MNE Amado, há dias, se ter mostrado indignado por causa de uma reunião da UE em petit comité, entre os seis "grandes", ignorando países extraordinários como, por exemplo, Portugal. Mas, dizem as "sondagens", o rebanho aprecia ser pastoreado por esta gente. Eu não. Bom proveito.

Medindo o valor da Liberdade de Expressão

"O valor que as pessoas atribuem à Liberdade de Expressão não se mede pela tolerância em relação a ideias populares. Mede-se pela tolerância em relação a ideias impopulares. Recentemente, um bispo foi expulso da Argentina por negar o Holocausto. Ninguém protestou".
Com a devida vénia a João Miranda, no seu Blasfémias

Os rostos da crise

A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, afirmou ontem à noite em Braga que seria escandaloso que o primeiro-ministro não participasse na Cimeira Europeia, onde se vai discutir a crise mundial, para estar numa festa do Partido Socialista.
A Dra. Ferreira Leite, tal como a maioria dos portugueses, teima em não acreditar que, nos tempos mais próximos, o Eng. Sócrates irá limitar-se ao seu papel de Secretário-Geral do PS, mantendo a toada de pré-campanha há meses iniciada.
Já a crise (a par dos escândalos económicos) será deixada para os Ministros das Finanças e da Economia, que, oportunamente, não deixarão de ser recompensados, pela dedicação à causa, com a administração de uma grande empresa... privada.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Incongruência

As incongruências do PGR: Pinto Monteiro, que tem sido um dos maiores defensores do Segredo de Justiça, vem agora defender o levantamento do Segredo de Justiça para o caso Freeport. Por Nuno Nogueira Santos, em "A outra varinha mágica".
Uma Justiça para filhos e outra para enteados...

Os esquecimentos do PM

“Não conheço esse negócio, só tive conhecimento dele ontem pela comunicação social, mas a Caixa Geral de Depósitos tenho a certeza que estará disponível para essa explicação”. Assim justificou ontem o PM, José Sócrates, a falta de conhecimento do negócio que envolveu a compra, pela CGD e a Manuel Fino, de acções representativas de 10% do capital da Cimpor.
Isto, após na passada sexta-feira, o PCP e o BE terem questionado o Governo sobre esta operação, e o próprio deputado socialista Vera Jardim ter solicitado esclarecimentos ao ministro das Finanças sobre a justificação de uma transacção 25% acima do valor de mercado - assim pagando mais 62 milhões de euros - e com uma cláusula de direito da recompra das acções, no prazo de três anos.
Apesar da, actual e compreensível, pouca sensibilidade do PM para escândalos económicos e políticos, José Sócrates começa a revelar sinais de um preocupante desgaste e de uma "idade avançada", recordando-se minunciosamente de acontecimentos ocorridos há anos - com o que frequentemente ataca a oposição - mas esquecendo frequentemente o que se vai passando nos tempos mais próximos.
Nestes estados de "idade avançada" só a aposentação permite uma saída de palco conservando alguma honra e dignidade.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Avaliação para quê?

De acordo com notícia no Público, os "Professores de Português consideram surpreendente avaliação ser referida apenas três vezes no novo programa". Estes professores estão de facto a tornar-se incómodos. Manifestam-se, insurgem-se contra as políticas do Governo, emitem opiniões...
Se o Ministério não quer avaliar alunos, pronto. É cumprir e mais nada. O Governo provavelmente terá um estudo da OCDE que defende a substituição da Avaliação pelo Aval. É só ajustar (ainda mais) as regras do programa "Novas Oportunidades" e distribuir uns diplomas com graus académicos mais ajustados aos tempos actuais (Doutorado em Messenger e SMS; Pós-Graduado em Consolas de 3a Geração e Downloads Ilegais de MP3...). E as escolas poderão cumprir eficazmente o papel de ir entretendo os alunos até à hora de jantar.

Salto à Vara

Segundo o Diário Económico, Armando Vara vai ser o presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP Angola.
A suposta eleição de Vara representa um ponto de viragem na estratégia de internacionalização do banco.
Para o Governo é uma lança em África... e só mais uma na banca.
Afinal, quem diz que o Governo precisa ver controladas as suas nomeações para a Função Pública?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Entusiasmos

Depois de, no passado dia 17, um rejubilante ministro da Economia ter manifestado satisfação com os números do desemprego, que confessou serem melhores do que o Governo esperava, o PS, através do seu porta-voz Vitalino Canas, considerou ontem que a tendência de agravamento do desemprego, revelada pelos últimos dados do IEFP, "já estava prevista pelo Governo".
As cautelas (e caldos de galinha) do porta-voz do PS contrastam claramente com a falta de "filtro" a que Manuel Pinho já nos habituou.
Depois do episódio com o ministro japonês das Finanças, começa a pairar a dúvida sobre o ministro Manuel Pinho: tamanho entusiasmo só pode ser causado ou por embriaguez ou por algum medicamento específico...
Os portugueses, esses, ficarão naturalmente entusiasmados quando o ministro da economia contribuir pessoalmente para o aumento, em uma unidade, do número de desempregados.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O desemprego em números

No mês de Janeiro inscreveram-se nos centros de emprego 70.334 trabalhadores desempregados, um aumento de 27,3 por cento em relação ao mês homólogo de 2008 e de 44,7 por cento quando comparado com Dezembro.
Em enérgicos discursos, o Eng. José Sócrates não se cansa de dizer que não podemos baixar os braços contra a crise.
Estes preocupantes números esperam, porém, exercícios bem mais eficazes do que o simples "levantar de braços"! É que por trás dos números estão pessoas... Essa "coisa" que tanto incomoda o Eng. Sócrates, mas para quem o PM tem de aprender a governar.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Revolución o muerte!

Bienal de armamento abriu hoje em Abu Dhabi.
Oposições partidárias esgotam vôos para os Emiratos Árabes...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A Educação em tempos de crise

José Sócrates anunciou hoje que 55 escolas secundárias vão iniciar obras de requalificação antes do Verão.
A crise fez, assim, aumentar número de escolas que irão sofrer intervenção durante 2009.
Depois das intervenções sobre os "dinâmicos" professores durante 2008, chegou, este ano, a vez das intervenções sobre as estáticas escolas...
Talvez em 2010, as preocupações quantitativas em torno da Educação possam, finalmente, dar lugar às urgentes preocupações qualitativas.... Nem que para tal seja necessário introduzir o inglês técnico como disciplina obrigatória...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Importa-se de repetir?

Segundo a Lusa, Santos Silva espera um pedido de desculpas da RTP por induzir em erro os espectadores.
O ministro dos Assuntos Parlamentares considerou "inaceitável" que a promoção feita pela RTP1 à sua entrevista com Judite de Sousa tivesse em som as suas palavras "malhar na direita" e disse esperar um pedido de desculpas daquela televisão.
Se a RTP não o fizer, aqui fica o antecipado pedido de desculpas do Grupo da Boavista pela transcrição de tão ponderadas e dignificantes palavras proferidas por um ministro da República:
"Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda".
Realmente, o censurado Carnaval de Torres Vedras não se apresenta como concorrência à altura...

Václav Klaus COMPARA Parlamento Europeu com sistema totalitário

Finalmente alguém tem coragem de dizer algumas verdades acerca do déficit democrático presente na actual (des)construção europeia...
1."it was not a utopian construction, put together without authentic human interests, visions, views and ideas".
2."are you really convinced that every time you take a vote, you are deciding something that must be decided here in this Chamber and not closer to the citizens, i.e. inside the individual European states?".
3. "the present decision-making system in the European Union is different from a classic parliamentary democracy, tried and tested by history. In a normal parliamentary system, part of the MPs support the government and part support the opposition. In the European Parliament this arrangement has been missing. Here only one single option is being promoted and those who dare think about a different option are labelled enemies of European integration."
P.S. - Acho que é desta que sou expulso do Blog...

Celebremos o dia

Faz hoje 4 anos que o PS ganhou as eleições legislativas e colocou José Sócrates como Primeiro Ministro.
O dia merece uma pequena reflexão.
Nunca um Governo cumpriu tão pouco o que havia prometido e tanto o contrário do que havia prometido.
Nunca um Governo assistiu a tão numerosas manifestações e atendeu tão pouco às reais e fundadas preocupações dos manifestantes.
Nunca um Governo teve sempre a porta aberta para falar, no tempo e no palco pretendido.
Nunca um Governo - que não conta com o antigo ministro da informação iraquiano - conseguiu ocultar durante tanto tempo a real "invasão" do País pela crise.
Nunca um Governo teve tão duradouro estado de graça e tanta "evitação noticiosa" do estado da desgraça.
Nunca um Governo foi tão autista a ponto de, em renovado acto eleitoral, contar como certa com a cumplicidade e o companheirismo de todos aqueles que, ao longo de 4 anos, sempre desprezou.
A realidade poderá, porém, ser outra e o poder do voto fazer soar um shakespeariano "God and your arms be praised, victorious friends. The day is ours, the bloody dog is dead".

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Carnavais

O Ministério Público proibiu, no ínico da tarde de hoje, uma sátira ao Magalhães programada para o Carnaval de Torres Vedras.
Se fizermos um esforço de memória, este é o dito computador utilizado por todos os acessores do Primeiro Ministro e que este promoveu intensamente na sua visita ao "amigo venezuelano".
O "incidente" força-nos a duas conclusões: (i) já seria altura de assumirmos a suspensão da democracia por seis meses; (ii) o Primeiro Ministro não aceita mesmo carnavais concorrentes!

MP proíbe sátira ao Magalhães

De acordo com o Correio da Manhã, "O Ministério Público (MP) ordenou esta quinta-feira à Câmara de Torre Vedras que retirasse as imagens de nus femininos que estavam no ecrã de uma reprodução do computador Magalhães, que faz parte de um "monumento" ao Carnaval da cidade.".

O nosso ilustre navegador deve andar às circum-voltas na tumba....

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Mais um frete da RTP

Só para vos avisar de mais um frete da RTP, amanhã à noite, já ampla e antecipadamente anunciado no site da nossa televisão. Será que vai haver malhar na Judite de Sousa ou apenas mais um clássico revamping na imagem de um membro do Governo? Aposto que iremos ter um pigmeu com linguagem de cordeirinho manso, entrevistado por uma estranhamente educada Judite de Sousa.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Há sempre quem esteja pior???

Os mercados financeiros andam preocupados com a Irlanda. As más línguas até andam aí a espalhar esta anedota (tem mesmo que ser em inglês):

Do you know the difference between Ireland and Iceland? One letter and, financially, six months...

Nota: Rating da Irlanda AAA (nível máximo)

O Horror do Vazio

Mais uma vez, tomamos a liberdade de transcrever um excelente artigo de Mário Crespo.

Depois de em Outubro ter morto o casamento gay no parlamento, José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista, assume-se como porta-estandarte de uma parada de costumes onde quer arregimentar todo o partido.
Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte. No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche. A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado. Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro. Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida. O resultado das duas dinâmicas, um "casamento" nunca reprodutivo e o facilitismo da morte-na-hora, é o fim absoluto que começa por negar a possibilidade de existência e acaba recusando a continuação da existência. Que soturno pesadelo este com que Almeida Santos e José Sócrates sonham onde não se nasce e se legisla para morrer. Já escrevi nesta coluna que a ampliação do casamento às uniões homossexuais é um conceito que se vai anulando à medida que se discute porque cai nas suas incongruências e paradoxos. O casamento é o mais milenar dos institutos, concebido e defendido em todas as sociedades para ter os dois géneros da espécie em presença (até Francisco Louçã na sua bucólica metáfora congressional falou do "casal" de coelhinhos como a entidade capaz de se reproduzir). E saiu-lhe isso (contrariando a retórica partidária) porque é um facto insofismável que o casamento é o mecanismo continuador das sociedades e só pode ser encarado como tal com a presença dos dois géneros da espécie. Sem isso não faz sentido. Tudo o mais pode ser devidamente contratualizado para dar todos os garantismos necessários e justos a outros tipos de uniões que não podem ser um "casamento" porque não são o "acasalamento" tão apropriadamente descrito por Louçã. E claro que há ainda o gritante oportunismo político destas opções pelo "liberalismo moral" como lhe chamou Medina Carreira no seu Dever da Verdade. São, como ele disse, a escapatória tradicional quando se constata o "fracasso político-económico" do regime. O regime que Sócrates e Almeida Santos protagonizam chegou a essa fase. Discutem a morte e a ausência da vida por serem incapazes de cuidar dos vivos

Consensos

Afinal é possível derrotar Hugo Chavez: os seus modestos 54% obtidos no referendo que aprovou as emendas constitucionais foram claramente batidos pelos expressivos 96% obtidos por Sócrates nas directas do Partido.
De facto, há personalidades talhadas para reunir consensos...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O País dos esquecimentos

O Governo esqueceu-se das suas promessas eleitorais.
O PM esqueceu-se dos projectos que assinou e dos negócios em que interveio.
E o "País" esqueceu-se que poderá fazer reflectir o seu descontentamento em sede de eleições.
Afinal, o Dr. Dias Loureiro é só mais uma vítima desta generalizada "falta de memória"...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A permanente "luta de classes"

"Um outro olhar" por Gabriel Silva, no Blasfémias

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Efeito Dominó


A Administração Bush deixou cair o Lehman Brothers, sem se aperceber que estava a deitar abaixo uma peça de um dominó. Foi um dos momentos-chave da crise.
O Ministro das Finanças austríaco disse, esta semana, que os países europeus não podem deixar cair a Ucrânia, porque uma catástrofe política ou económica neste país originaria um "efeito dominó" nos outros países europeus.
A Ucrânia (tal como dois países da União Europeia, a Hungria e a Letónia) já recebeu um empréstimo do FMI, e está a tentar encontrar mais 5 biliões de dólares.
A crise é mais grave do que se esperava - "Data show recession deeper than feared". Mas a falta de meios originada pela crise não deve impedir os países europeus de actuar, para impedir que Estados entrem em convulsão.

Também publicado aqui.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pensamento do dia (do ano de 1867)

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"
Karl Marx, in Das Kapital, 1867

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

TGV - Sim ou Não?

“A Comissão de Transportes do Parlamento Europeu apresentou uma proposta, por si já aprovada, que defende que os camionistas devem pagar pela poluição (sonora e do ar) e pelos congestionamentos que provocam. A designada «Eurovinheta» foi aprovada pela Comissão com 31 votos a favor e 16 contra, com o objectivo de que as transportadoras passem a assumir parte dos custos ambientais causados pelos camiões.
No entender da Comissão, os países da União Europeia devem aplicar aos camiões uma «taxa de congestionamento», ou seja, um mecanismo idêntico ao dos outros veículos.
No entender do eurodeputado socialista belga Said El Khadraoui, a medida poderá acarretar «uma pequena revolução no sector dos transportes, porque introduz o princípio de que quem polui, paga».
Segundo avança a Lusa, a proposta terá ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu, situação que deve ocorrer em Março.”

Sendo o TGV uma aposta da Comissão Europeia (CE) e tendo sido efectuados avultados investimentos nesta área, não será prudente para Portugal abandonar o investimento neste projecto (em detrimento de um novo aeroporto ou de algumas concessões com taxas de utilização reduzidas).
Se a CE começar a criar “taxas” para a circulação dos camiões, e não havendo alternativas para a circulação das mercadorias (conforme se presenciou na ultima greve dos camionistas), irão ser os consumidores finais que terão de suportar esses aumentos de custo. Além do mais, é inteligível que a CE irá criar todos os incentivos / penalizações para que se utilize cada vez mais os transportes ferroviários (nomeadamente o TGV) em prejuízo dos Transportes Rodoviários (questões ambientais e retorno do investimento no TGV).
Sabendo que a Linha do Norte continua com problemas crónicos, apesar das avolumadas intervenções a que já foi sujeita, deveríamos olhar para o TGV como uma oportunidade para construir uma nova linha onde pudesse circular somente comboios de passageiros (TGV, Alfa Pendular, Intercidades), ficando a actual Linha do Norte destinada a transporte de mercadorias e comboios de transporte de passageiros de carácter regional.
Admitindo que cada comboio de mercadorias que faça o percurso Porto – Lisboa consegue retirar das estradas cerca de 40 camiões, a poupança ao nível do consumo do Gasóleo (e consequentemente do petróleo) seria significativa traduzindo-se numa expressiva diminuição da importação de petróleo (“é só fazer as contas”).
Infelizmente como Portugal não tem uma politica com visão temporal acima dos quatro anos (ciclos eleitorais), só após “perder” importantes industrias, nomeadamente a Siderurgia Nacional, é que decidiu tomar a decisão de avançar com as intituladas “obras megalómanas”. Avançando com a construção da “linha do TGV” parte do investimento público será “depositado” no estrangeiro (Espanha agradece).
Contudo e contrariamente ao que se passou com o famoso negócio da TAP cujas contrapartidas foram recusadas / esquecidas pelo Governo Português, julgo que ainda vamos a tempo de “exigir” que parte do investimento destinado para o TGV seja, obrigatoriamente, alocada em empresas que laborem em Portugal.

Bruno Rocha

Dúvida vs Certeza

Pedro Gil, no artigo transcrito, traça-nos, através de uma alegoria, um retrato perfeito do âmbito no qual se trava actualmente a batalha política em Portugal...Vemos na figura da Dúvida a esquerda mentirosa e na figura da Certeza a líder do PSD, que ainda que lenta, tolerante, veraz, acaba por vencer a batalha...O texto em anexo tem, obviamente, inscritas lições mais profundas, mas para já fiquemo-nos pelas ilações políticas...



"Uma casa portuguesa, com Certeza
Pedro Gil

A Dúvida levantou-se tarde. Arranjou-se à pressa revendo os êxitos da véspera. Não tinha um segundo a perder. Exigia de si mesma ser muito metódica.

Bateu à porta do lado, na casa da Certeza, que compadecida, como sempre, lhe aviou uma buchazinha para mordiscar no caminho.

A Dúvida desceu as escadas a correr, e a Certeza ficou remoendo os seus mixed feelings sobre aquela irrequieta. Tanto talento desperdiçado...

A Dúvida andava naquilo há algum tempo, aí uns 200 anos. Tinha popularizado as perguntas "mas, qual é o mal?" sobre coisas que os milénios consideravam erros, e "mas, será mesmo assim?" sobre coisas que os séculos achavam certas.

Era mestra do questionar, embora com a irritante mania de não se interessar pelas respostas. Cresceu a sua fama de intelectual e dialogante. Especializou-se em comunicação, e era forte em estética. E nunca descuidou o seu jeito subtilmente sedutor.

Depois pensou que era perigoso eliminar a noção do certo e do errado. Então lembrou-se da saúde, do anti-tabagismo, das bandas gástricas e das trocas de seringas. E convenceu todos de que, mesmo que discordássemos sobre o extermínio dos mendigos, concordaríamos em que deveria ser feito em boas condições de higiene.

A Certeza era benevolente com a Dúvida e a sua paciência irritava mesmo alguns amigos. A casa da Certeza era uma algazarra: pobres, famílias, gente da rua, e crianças, muitas crianças. Porque em casa da Certeza havia poucas exigências, as fundamentais, as que tornam possível o riso, a brincadeira, as canções, os jogos, a fantasia, e a festa.

A Dúvida sabia que no dia em que a Certeza morresse, ela seria a primeira a ser chacinada. Mas semeou a ideia de que a Certeza era teimosa, avessa à mudança, triste, tirânica, cega e sem ideias. E que era feia, enrugada, voz áspera e com verruga no nariz. Que passava os dias sentados a pensar nos séculos antigos.

A Certeza sabia disso, mas conversava de bom grado com a Dúvida sempre que esta se dispunha. Como nessa tarde. Saíram ao parque. Disputaram sobre temas importantes. A Certeza conseguiu não se irritar quando a Dúvida - como fazia sempre - rematou: "bem, portanto estamos de acordo" - quando era óbvio que em nada estavam de acordo.

A Dúvida caminhava um pouco à frente, já treinada em tentar chegar antes do que a Certeza, o que lhe dava vantagem. Depois do recinto reservado aos adolescentes bêbados - uma das conquistas da Dúvida através do "mas, qual é o mal?" - apareceram as crianças, que sempre rodeavam a Certeza e fugiam da Dúvida.

Distraída com a algazarra, a passada da Dúvida tropeçou nalguma coisa sólida, impávida, uma autêntica pedra de tropeço, e estatelou-se no chão. Irritou-se muito, e muito especialmente porque há já 10 anos que a cena se repete. A pedra de tropeço é limpa, consistente, firme, e inabalável. E há 10 anos que exibe o seu nome esculpido em caracteres clássicos: INFOVITAE."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Está bem... façamos de conta

Com a devida vénia ao Mário Crespo, tomamos a liberdade de transcrever este seu magnífico artigo de opinião:
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos"

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Grande Depressão 2.0?




















Irving Fisher, um reputado economista Americano (1867-1947) da linha de pensamento neoclássico, apontava um conjunto de factores determinantes para desencadear uma Grande Depressão: o excesso de dívida cujo crédito não tenha suporte em activos seguros e a deflação. Estes determinantes conjugados com o desenvolvimento de bolhas especulativas sobre activos criam um potencial cenário devastador nos mercados. Na sequência das suas reflexões, de forma a sistematizar os factores relevantes que podem conduzir a uma Grande Depressão, Irving Fisher identificou:
  • Pressão para liquidação da dívida e venda motivada por pânico;
  • Contracção na liquidez e quebra no acesso ao crédito bancário;
  • Quebra do valor dos activos;
  • Quebra na actividade económica e a precipitação de insolvências;
  • Quebra generalizada dos lucros estendida a vários sectores;
  • Redução da actividade comercial e no mercado de trabalho;
  • Pessimismo e perda de confiança dos agentes;
  • Levantamento massivo de depósitos;
  • Quebra da taxa de juro directora em termos nominais conjugado com o aumento da deflação.

Irving Fisher estruturou o seu pensamento na experiência vivida na Grande Depressão 1.0 e porque nos dias que correm a maioria dos factores enumerados por Fisher se verificam na actual crise, será de pensar que o futuro próximo não augura nada de bom.


Contudo as circunstâncias e o momento não são os mesmos, porque o mundo mudou de então para cá e a capacidade de concertar medidas é superior. Como é habitual dizer-se: “à primeira toda a gente se engana, à segunda só quem quer”.

Nova imagem


Na próxima quinta-feira, o Grupo da Boavista recebe o Dr. Castro Almeida, vice-presidente do PSD e coordenador autárquico do partido, que irá abordar “A estratégia autárquica do PSD”.

O novo ano impulsionou o Grupo a adoptar uma nova "imagem institucional", que servirá de pano de fundo aos nossos próximos encontros e debates.

Atentado à política e à moral

Segundo Augusto Santos Silva, está "em curso uma tentativa de assassinato político e moral de José Sócrates".
Considerando que Santos Silva não deixa cair em esquecimento o Caso Freeport, hostiliza permanentemente Alegre e, sem pruridos, assume a vontade de "malhar" à esquerda e à direita, ficamos com dúvidas se não pretenderá o mesmo reivindicar a autoria da tentativa de atentado...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Socialismos pré-eleitorais

Na sua "Tour Directas 2009", José Sócrates prometeu ontem "aliviar a carga fiscal das classes médias", limitando as deduções fiscais daqueles que beneficiam de maiores rendimentos.
O Público acrescenta que, na sua intervenção, José Sócrates nunca chegou a empolgar verdadeiramente a plateia de militantes socialistas do Porto.
Ora, considerando que a anunciada medida só terá efeitos lá para os anos de 2011, parece que este “socialismo para militante ver”, nem sequer os alegados beneficiários irá empolgar…
Partindo-se do pressuposto, não certo, que em 2011 ainda teremos classe média…

O regresso da Teoria dos Campeões Nacionais?

A The Economist desta semana (7-13 Fevereiro), aliás com destaque de capa (The return of economic nationalism), apresenta um conjunto de artigos muito relevantes dedicados ao tema do perigo de um regresso ao proteccionismo económico. É abordada a temática do chamado nacionalismo económico e apresentam-se os seus perigos e efeitos típicos que, ciclicamente, teimam em ser convenientemente “esquecidos”.
Ora, já nos vamos habituando que assim aconteça quanto às anquilosadas estruturas sindicais – que têm demonstrado existirem apenas para servirem(-se) de um paradigma ultrapassado de trabalhadores no activo sindicalizados e que já quase nada terá a ver com a actual realidade laboral. E fazem-no normalmente em claríssimo e imediato prejuízo do próprio emprego em geral, e dos jovens em início de actividade em particular, mas isso serviria para uma outra discussão, que não aquela que aqui se pretende lançar.
O que não se compreende verdadeiramente é que as lições e os exemplos da história – aliás não tão longínqua quanto isso – sejam simplesmente ignorados pelos decisores políticos, económicos e, até, empresários. A esse título, num dos artigos em referência (The return of economic nationalism), evocam-se os exemplos passados de experiências de nacionalismo económico, normalmente implementadas em épocas de crise tão ou mais profundas como a actual, e recorda-se a amplificação dos efeitos da Grande Depressão que foi provocada pela política proteccionista (através do aumento de taxas e criação de barreiras alfandegárias) que nessa altura, e alegadamente como medida para relançamento da economia interna, foi aplicada pelos EUA.
E também a Europa, no pós-Segunda Guerra, viveu momentos particularmente vincados de proteccionismo económico, que apesar disso iam sendo combatidos e/ou minimizados pela integração económica europeia (então CEE). Tais proteccionismos económicos nacionais foram, simultaneamente, causa e efeito daquilo a que se chamou o “custo da não-Europa” ou “euroesclerose”. Mau grado as liberdades de circulação comunitárias, os Estados-membros desmultiplicavam-se na produção de medidas nacionais cujos efeitos imediatos eram os de compartimentar o mercado interno pelas linhas de fronteira dos Estados-membros e de proteger a produção nacional. Como será evidente, o estabelecimento de entraves às liberdades de circulação por via regulamentar e administrativa provoca o mesmo tipo de reacção da existente na situação do beggar-my-neighbour tariff building, embora, como não poderia deixar de ser no caso de uma união aduaneira, por via não alfandegária. O perigo de se reeditarem erros semelhantes ou idênticos é também objecto de aviso num outro muito interessante artigo da The Economist desta semana (Single-market blues – recession is bringing fresh threats to Europe’s single market).
Ora, o resultado deste tipo de políticas proteccionistas – e da Teoria do Campeões Nacionais – foi bem visível: sensivelmente no espaço de uma década (1985-1995) o panorama empresarial europeu alterou-se radicalmente e as grandes empresas, que outrora eram o exemplo da capacidade empresarial de um Estado – e como tal beneficiavam, não raras vezes, de massivos apoios públicos que hoje sabe-se só terem servido, em muitos casos, para escamotear a falta de competitividade e entravar a inovação dessas empresas – faliram estrondosamente ou estiveram no centro do turbilhão das fusões e aquisições (regra geral na veste de empresas adquiridas), em busca da racionalidade económica durante muito tempo desprezada. E contribuíram decisivamente para a estagnação, envelhecimento e perda de importância de muitos sectores de actividade das economias europeias.
Por isso, sempre que assisto a decisores políticos, económicos e, até, empresários defenderem medidas proteccionistas como saída para a actual crise – e os subsídios a empresas moribundas, os auxílios estatais ao funcionamento de empresas e a defesa de preferências a empresas nacionais são o exemplo acabado desse tipo de políticas - dou por mim a reflectir se os mesmos terão verdadeiramente consciência do que estão a propugnar, e que andará próximo de justificar que os nossos parceiros internacionais façam o mesmo relativamente aos seus mercados. Ou seja, trata-se de um “potencial suicídio empresarial nacional”: as empresas nacionais beneficiam de um mercado internacional aberto que, caso vinguem tais tentações, deixará de o ser e assim o perderão.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Estatísticas ajudam Pinócrates

Segundo o Diário de Notícias de hoje, independentemente do êxito do Governo na inserção de pessoas à margem do mercado de trabalho, as medidas anunciadas no âmbito do chamado "plano anti-crise" têm o efeito imediato de reduzir em 57.000 o número oficial de desempregados.
Afinal bastou o alargamento do programa de estágios e a redenominação do subsídio de desemprego em "bolsa de estágio" para deixar de integrar o conceito oficial de desempregado.
Desta forma a meta da criação dos 150.000 novos postos de trabalho poderá não ser uma miragem...
E ainda há quem fique incomodado com a chamada de atenção para um tal de Pinócrates...

Vamos ajudar o Basílio Horta!

Vamos ajudar o presidente da AICEP! De acordo com o próprio, "Não sabemos o que fazer mais". Quem tiver ideias, sugestões, estratégias faça o favor de as "postar" aqui no blogue, para posterior reencaminhamento ao senhor presidente. Já viram que se o homem não tiver ideias, o país pode sofrer terríveis consequências? Ou pior, muito pior, até poderá perder o emprego. Refiro aqui mais duas expressões utilizadas, como forma de apelar à vossa caridade: "a crise é tão grave que é quase uma emergência"; "solidariedade nacional"; "Não podemos trabalhar mais".

Fogo amigo?

A antiga dirigente socialista, Ana Benavente, defendeu que José Sócrates ainda tem explicações para dar ao país sobre o caso Freeport, e que o devia fazer antes de se escudar em “cabalas”.
Se um Alegre incomoda muita gente, uma alegrista incomoda muito mais...

O putativo candidato a 1º ministro

Pedro Passos Coelho, na entrevista a Mário Crespo, lamentou que a actual liderança do PSD,não tenha já apresentado um programa alternativo ao do Governo e defende que essa falha está a prejudicar o partido.

Cá para mim, a preocupação de Passos Coelho estará mais relacionada com a possível ausência de material para a sua oposição interna....depois de criticar a descida de impostos proposta por Ferreira (por exemplo), está a ficar sem achas para atiçar o fogo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O milagre da multiplicação orçamental

No Orçamento Suplementar para 2009, hoje aprovado com os votos da maioria parlamentar, o Governo prevê uma contracção do produto interno bruto (PIB) igual a 0,8 por cento, um aumento do desemprego para 8,5 por cento e uma derrapagem do défice para 3,9 por cento do PIB.
No Orçamento do Estado para 2009, o Governo contava com um défice igual a 2,2 por cento do PIB. A esta meta soma-se os 0,8 pontos da Iniciativa para o Investimento e Emprego e 0,9 pontos percentuais resultantes do impacto orçamental da degradação da conjuntura económica.
Claro está que o pobre Governo será impotente para travar outras derrapagens resultantes da permanente alteração dos indicadores macroeconómicos, do acentuar da crise internacional, dos erros alheios, da chuva, do frio ou das "campanhas negras"... ou, no limite, do preenchido ano eleitoral...
Mas isso ficará, certamente, para os vindouros Orçamentos Suplementares ou, como se diz popularmente, "para outros Carnavais"...

Jacobinismo "made in England"

Do Reino Unido chega-nos a notícia de que uma enfermeira, Caroline Petrie foi suspensa quando os seus superiores tomaram conhecimento de que tinha perguntado a uma doente se gostaria que rezasse por ela. A enfermeira estava a visitar uma doente de 72 anos, em sua casa, quando lhe perguntou se gostaria que rezasse por ela.
A idosa não ficou ofendida, mas antes surpreendida, tendo comentado o facto com outra enfermeira, numa visita posterior. Quando a informação chegou aos superiores de Caroline, esta foi informada de que tinha sido suspensa, sem vencimento. A suspensão entrou na sétima semana!!
7 semanas não serão demais?? Nem sequer sabemos se ela CHEGOU MESMO A REZAR...nesse caso, então sim, prisão efectiva, mas teríamos mesmo de ter a certeza...Está certo que gravidade do delito não é para menos e na notícia não consta que a enfermeira tenha cumprido com os procedimentos estabelecidos de oferecer a possibilidade de eutanásia à nossa vítima de 72 anos logo que chegasse a sua casa!
Para os casos em que alguém oferece orações por outrém sou a favor da despenalização. Obviamente que somos todos contra essas manifestações de fanatismo, mas temos de compreender que alguém se possa sentir inclinada a dirigir-se ao suposto "Todo-Poderoso" em situações de extrema necessidade...

Assim sendo, proponho uma lei que despenalize a oferta de orações até à décima semana da enfermidade que atinja a doente...desde que a oração seja obviamente efectuada em local devidamente autorizado e vigiado pelo Estado; não queremos que andem por aí à solta crentes capazes de rezar uma Avé-Maria por alguém que esteja em sofrimento!

Já agora, proponho uma condecoração para a enfermeira que fez o favor de denunciar este acto de irracionalismo e falta de profissionalismo por parte de Caroline. Num estado socialista, assim mesmo é que deve ser!

É caso para dizer que o jacobinismo francês está em moda em Inglaterra, o que não deixa de ter a sua piada se pensarmos nos “pequenos ódios” ancestrais que alimentam (ou alimentavam) as rivalidades culturais entre estes dois vizinhos….
Outro ponto de reflexão: Até que ponto estas diferenças culturais ainda existem e qual a sua real dimensão? Agora, até nas manifestações xenófobas (veja-se caso refinaria Total) se assemelham…

Fonte da notícia: http://mediaserver.rr.pt/rr/others/871201743b32bd.pdf

Incendiários

Em entrevista à Agência Lusa, Francisco Louçã disse querer um candidato presidencial que seja "voz incómoda" para Cavaco e Sócrates.
Se o líder do Bloco confessar que o candidato pretendido deverá ser incómodo, pelo menos, ao PR e ao PM, poderá, uma vez mais, namorar José Sá Fernandes...
Por vezes o Francisco Louçã dá a imagem de um incendiário que gosta de ser apanhado pelos fogos que ateia!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A ironia do investimento em alta tecnologia

Num artigo publicado no Público de ontem, Lurdes Ferreira alerta, a propósito da falência da Qimonda e da perda de cerca de 1800 postos de trabalho em Vila do Conde, para a ilusão que pode advir da aposta em tecnologias de ponta, nos produtos de elevado conteúdo tecnológico.
Ironia das ironias, a aposta em mão de obra qualificada, a tentativa de acrescentar valor através da diferenciação pela qualidade, acabou por se tornar numa das principais razões que conduziram a Qimonda à falência.
Na sua análise, Lurdes Ferreira afirma que "não há volta a dar ao cerne do problema - por mais produtiva que seja, a unidade portuguesa nunca conseguirá vender a preços chineses". As mais recentes notícias acerca da Qimonda deitam por terra alguns mitos e discursos balofos dos nossos políticos..."as empresas líder", "a aposta na alta tecnologia", as empresa da moda, a colagem dos governos aos grupos económicos...
Oxalá este caso sirva para tornar um pouco mais humildes os nossos governantes.
Nã...

Relatório de execução do QREN

Foram conhecidos os números relativos ao grau de execução do QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional Portugal 2007-2013. Para os mais distraídos, o QREN é o actual quadro comunitário de apoio à convergência do nosso país e que prevê financiamentos da UE de cerca de 22 mil milhões de euros, para um investimento total previsto de 44 milhões de euros.
De acordo com a informação relativa a Dezembro de 2008 (www.qren.pt) a taxa de comprometimento (projectos aprovados) é de cerca de 20%, e de execução financeira de 1,9%. O Programa Operacional Valorização do Território apresenta uma taxa de comprometimento de 5,5% e de execução financeira de 0,2%.
Alguém quer comentar?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Anunciadas coligações

Por mais que as aparências façam crer o contrário, as eleições legislativas serão frutuosas em coligações: o Eng. Sócrates concorrerá coligado com o Dr. Manuel Alegre, ao passo que a Dra. Manuela Ferreira Leite irá a votos com o Dr. Passos Coelho.
Porque, sobretudo em tempos de crise, os interesses do País devem suplantar os interesses partidários e estes devem sobrepor-se aos interesses pessoais. Ou, dito de outro modo, os tempos de crise obrigam a engolir alguns sapos…
Ou será que alguém arrisca enfrentar sozinho o temporal?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A estratégia autárquica do PSD

No próximo dia 12 de Fevereiro, pelas 20h30, o Grupo da Boavista recebe o Dr. Castro Almeida, vice-presidente do PSD e coordenador autárquico do partido, para jantar-tertúlia subordinada ao tema “A estratégia autárquica do PSD”.
O encontro terá lugar no Restaurante da AEP (Av. da Boavista, 2671, Porto).

Maus hábitos

No seu habitual editorial do Expresso, Henrique Monteiro colocou o dedo na ferida. Ainda a propósito do caso Freeport, chamou a atenção para a função do jornalismo numa sociedade livre: o "papel do jornalismo nestas questões é - em duas palavras - ser chato. Não largar o caso, querer tudo esclarecido. Não digo que não haja enviesamentos, manipulações e mentiras, que também as há. Mas limitar-se a culpar o mensageiro ou reduzir tudo a uma conspiração (que não se sabe também se existe), é não entender o direito que a imprensa e a opinião pública têm de controlar os actos do Governo".
Esta era, porém, uma realidade desconhecida do nosso PM e do partido que o sustenta.
O Governo estava habituado a três espécies de jornalismo: o amigalhaço (o do "porreiro, pá"), o adormecido e o silenciado (este, com a complacência da Alta Autoridade para a Comunicação Social). Tudo o resto era marginal.
O Governo começa aos poucos a perceber que a oposição, a crise, as contestações e as greves, provocam leves pruridos, quando comparados com a verdadeira "coceira" desta nova realidade conhecida na generalidade dos países ocidentais por "liberdade de comunicação".
Compreende agora que bem mais desconfortante do que os factos é a divulgação desses mesmos factos.
O Governo tropeçou no quarto poder e não vive bem com isso. Sobretudo porque, desta vez, esse poder não se mostra disponível para ser pressionado, abafado ou silenciado. Ainda que apodado de "campanha negra"...