terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Os sinais de perigo

Os chamados “sinais de perigo” existem como forma de alerta para quem tem como função investigar a possibilidade de existência de fraude nas organizações. Está disponível alguma biografia sobre o tema.
Entre os tais sinais, incluem-se:

- uma inclinação para cobrir ineficiências através da manipulação de estatísticas;
- um criticismo acentuado em relação aos outros, como forma de desviar as atençõs;
- responder a perguntas com explicações não razoáveis;
- zangar-se (amuar no caso da nossa Assembleia da República) quando são colocadas questões perfeitamente adequadas;
- estabelecimentos de metas inalcansáveis;
- rumores de conflitos de interesse;
- celebração de contratos em regime de exclusividade e sem concurso público, com determinados fornecedores.

Bem sei que as práticas de “bom governo” não estão propriamente na ordem do dia e que são uma conversa interessante para o mundo empresarial mas, por estranho que pareça, não consegui deixar de pensar do comportamento de alguns dos nossos governantes, na ausência de regras de conduta para gestores públicos e na famosa ética repúblicana.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Santo Natal para o Presidente (da parte de Anacleto e companhia)

A bola estava a pinchar e foi só empurrar para a baliza. Depois do auto-golo de Sérgio Sousa Pinto (as últimas semanas não têm sido particularmente felizes para ex-líderes das juventudes partidárias…), Cavaco é o líder de Natal.
Está bem que a quadra se presta a generosidade, mas mesmo assim é difícil compreender tamanha oferta da oposição a Cavaco Silva. É melhor que este aproveite pois não irá com certeza ter muito mais oportunidades de fazer tão grande figura (e não só figura, diga-se) de equidistância face aos partidos com assento na Assembleia da República.

Segundo o Cavaco Silva, “os diplomas são absolutamente idênticos, apenas divergindo relativamente à data da sua entrada em vigor”, o projecto aprovado pela oposição “através de uma fórmula complexa, remete o seu início de vigência para um momento incerto, o momento da aprovação do Orçamento de Estado ou de leis orçamentais subsequentes”.
Convenhamos que com um Governo tão miserável, não é difícil fazer muito melhor (e, verdade seja dita, em parte tem sido, veja-se o caso do adiamento da entrada em vigor do Código Contributivo ou as comissões parlamentares propostas pelo PSD).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A agenda do PS

(Público)

Questionado sobre a proposta que visa permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Presidente da República declarou que a sua atenção estava "noutros problemas: no desemprego do país, no endividamento do país, no desequilíbrio das contas públicas, na falta de produtividade e de competitividade".

Sérgio Sousa Pinto veio, prontamente, advertir o PR que não teria "direito de se intrometer na agenda dos partidos e, no caso vertente, do PS".

Ou seja, Sérgio Sousa Pinto não apenas entende ter o unívoco direito a intrometer-se nas preocupações do Senhor Presidente da República, como ainda reconhece que o desemprego do país, o endividamento do país, o desequilíbrio das contas públicas, a falta de produtividade e de competitividade, não merecem lugar de destaque na agenda do PS.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O valor da imagem




Em política, infelizmente, uma imagem vale bem mais do que mil palavras.

Na ânsia de marcar a agenda política, o PSD e os demais partidos da oposição meteram o Governo no forno e puseram a temperatura no máximo. Esqueceram-se que, mesmo muito queimado, é aquilo que será servido aos portugueses nos próximos - sabe-se lá quantos - anos.

O "assado" começou a reagir: avançou com o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, avançou com a regionalização. Ambas polémicas q.b. Ambas concentram (ou desviam) atenções. Ambas abafam o cheiro a "esturro".

A história pode ser totalmente diferente, mas a imagem que passa é que uns querem simplesmente queimar, ao passo que outros querem construir.

E os partidos dão-se mal sempre que desprezam o valor da imagem.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Má vida... a de um palhaço

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Não há dinheiro mas há palhaços *


Na Grécia, sinaliza-se uma ruptura financeira. Na Irlanda, radicalizam-se cortes na despesa. Em Espanha, gere-se pressão na dívida. Em Portugal, deputados insultam-se. Palhaços.

A abstenção em Portugal, afinal, não é alta: começa a ser uma generosidade votar nesta gente. Será que não têm noção do que são, de onde estão, do que representam, do que se propuseram, do que esperamos e exigimos deles?

A cena entre Ricardo Gonçalves e Maria José Nogueira Pinto presta-se a... presta-se a... Bom, a cena não presta. E só vale a pena falar disso porque os eleitores não podem resignar-se a um Parlamento onde os degraus só servem para descer. Batamos, pois, mais no ceguinho para que não se torne normal líderes dos maiores partidos chamarem-se de mentirosos, ministros a fazerem cornos, primeiros-ministros a recomendar juizinho, deputados a dizerem canalhadas, comissões parlamentares com palhaço para aqui, vendida para ali. A Assembleia da República não é uma escolinha de betinhos e fedelhos, é a casa da Democracia. A casa, a cozinha, a garagem e o bidé da Democracia. (...)

* Pedro Santos Guerreiro no Editorial do Jornal de Negócios de hoje. Ler o resto do artigo aqui

Procura-se: dignidade para cargo de responsabilidade


O então ministro Manuel Pinho demitiu-se (ou foi demitido) por desrespeitar a instituição parlamentar.

Não sei o que esperam os deputados Maria José Nogueira Pinto e Ricardo Gonçalves para retirarem alguma consequência política do notável contributo que deram para este "grau zero" da Democracia?

Porque o Parlamento não pode viver de "palhaçadas", nem nós temos de aguentar os Senhores deputados "por qualquer preço"...

sábado, 5 de dezembro de 2009

É que é mesmo assim...

José Pacheco Pereira no Público de hoje:

"Em Espinho, nas Jornadas Parlamentares, efectivamente quase todos estão "noutra". Cá fora e lá dentro os jornalistas trocam tweets sobre irrelevâncias, compras de roupas, restaurantes, desatentos a tudo o que não seja a intrigalhada do costume, com uma agenda que tanto podia ter a ver com o que se estava a passar em Espinho como na Conchichina. Mil ambições esperam à porta. Mil pequenas carreiras estão à espera que a senhora "finalmente" saia. Os grandes interesses no ambiente, um dos sectores em que a relação com o Governo é crucial entre quem faz negócio e quem não faz, têm forte representação no partido. Alguns autarcas mais ambiciosos sabem que nunca chegarão a primeiro-ministro, mas precisam de um upgrade ao seu poder, daí os igualmente fortes interesses na regionalização. O PSD é para eles uma marca, uma marca de que precisam. O país pouco lhes interessa.
O que está a matar o PSD não é novo, vem-se desenvolvendo e enquistando há muitos anos: há cada vez mais gente que precisa do partido, seja do grande lugar como do pequeníssimo lugar, e há cada vez menos gente que é livre e independente. Há cada mais gente que não existiria na sociedade, não teria o trem de vida que tem, que não teria o emprego que tem, que não teria as prebendas que tem, se não fosse serem alguém numa estrutura qualquer. Há cada vez mais gente que é empregado da social-democracia e há cada vez menos sociais-democratas."

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Da "espionagem política" ao terrorismo tecnológico...


Vários dos arguidos no processo "Face Oculta" trocaram de telemóvel no mesmo dia.

O que aconteceu, igualmente, com o Primeiro-Ministro José Sócrates...

Afinal, os directa ou indirectamente envolvidos no "Face Oculta", mais do que alvo de escutas, foram certamente vítimas de uma bomba electromagnética...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E meu também...

Helena Matos em "Deve ser um problema meu"

"mas não me parece normal que tendo a líder do PSD sido hoje acusada na AR de ter tido acesso às escutas das conversas entre Armando Vara e José Sócrates o dito PSD se mantenha em silêncio. Quiçá reflectindo vir a dIscutir o assunto num próximo encontro."

Já agora, é impressão minha ou com estas declarações no mínimo geniais:

"como é que a senhora deputada sabe que o primeiro-ministro está a mentir?"

«três meses depois percebi que esse era um facto das alegadas escutas»

o deputado Ricardo Rodrigues está a admitir que José Sócrates mentiu ao Parlamento e que a operação PT/Media Capital estava a ser cozinhada com o amigalhaço do robalo??

Marketing Viral?



O sapato virou-se contra o sapateiro: Muntadar al-Zaid, famoso por alvejar George W. Bush com uma bota iraquiana de fraca qualidade (servindo assim de intérprete, ainda que sem de tal se dar conta, dos sentimentos de tantos fanáticos adolescentes europeus anti-Bush), foi ele próprio alvo de um sapato voador.

Quando falava numa "news-conference" (sim, obviamente que o senhor está a ser recompensado ...) um outro jornalista iraquiano atirou-lhe um sapato e acusou-o de "trabalhar em conjunto com a ditadura do seu país". Depois de se recompor do inesperado incidente, al-Zaid comentou com a audiência: "ele roubou-me a minha técnica!"...

Mas a história não fica por aqui! Quando fugia da sala, o plagiador acabou ele próprio por ser alvo de um lançamento de peça de calçado feito pelo irmão de al-Zaid (sim, porque isto de viajar sozinho a Paris é muito desagradável e há por aí muita ONG sem saber o que fazer ao dinheiro..).

Perante esta sucessão de factos tão bizarros só me ocorre perguntar se não estaremos perante uma campanha (genial, diga-se...) de marketing viral de uma qualquer empresa de calçado...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Boa cama boa mesa - na versão Armando Vara

(via Público)


No âmbito do processo "Face Oculta", Armando Vara foi hoje sujeito à prestação de uma caução no valor de 25 mil euros.

Gostos não se discutem e, aparentemente, é o que valem uns bons robalos. Ou, aos preços que para aí correm, umas duas caixas e meia deles...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Concessões rodoviárias: de chumbo em chumbo



Será que, tal como o fez em relação ao Parlamento, Sócrates também irá advertir o Tribunal de Contas que "quem governa é o Governo"?

Será que o PM ainda não percebeu que esta democracia não é um "absolutismo iluminado" e que o próprio não é o "Rei Sol"? Ou que existem instituições para sindicar e corrigir a acção governativa?

E que, por isso, não poderá transformar o País numa imensa Cova da Beira...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

The Future of Conservatism


Vale a pena ler o discurso de Phillip Blonds no lançamento do think-tank inglês ResPublica.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não é Zé Socas!! É Zé Sapatilha!!


Por que terão demorado 23 anos a entregar o prestigiado prémio sexy platina ao Zé?

Será que implicaram com o vanguardismo das suas sapatilhas?

Será que já então o Zé previa que um dia bem podia precisar delas? ...para correr muito... e rápido...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Orçamento Redistributivo: Redistribuido para onde?

O Jornal de Negócios refere, hoje, que a queda na receita de impostos deixaria o défice em 6.8% e não nos 8% previstos.

Já aqui foi referido o termo "contabilidade kármica", que penso aplicar-se bem a este orçamento redistributivo: redistribui, mas não se sabe muito bem para onde e para quê.

IMPERDÍVEL


Esta noite, o Grupo da Boavista recebe o Eng. Ângelo Correia, para debater os Novos Rumos para o Partido e para o País.

E ambos bem precisam de novos rumos...

domingo, 22 de novembro de 2009

Este não precisa da LPM

Não disponho do tempo que desejaria para comentá-lo; mas sempre posso aconselhar a Pinto Monteiro e a Noronha do Nascimento, a leitura deste artigo do penalista Manuel da Costa Andrade. Escrito (imagino...) sem a assessoria da LPM.

Asfixia democrática na primeira pessoa *


José António Saraiva, antigo director do Expresso e actual director do Sol, faz hoje acusações muito graves, numa entrevista ao Correio da Manhã, relatando casos concretos de coacção política e financeira, por parte do Governo, sobre órgãos de comunicação social. Aquilo que muitos desconfiávamos foi agora afirmado, preto no branco, na primeira pessoa, pelo director de um jornal que foi vítima de pressões.
Vamos agora percebendo melhor porque razão José Sócrates não quer esclarecer o teor das conversas, alegadamente "privadas", que manteve com o administrador do BCP, Armando Vara. E as razões pelas quais os magistrados envolvidos no processo "face oculta" consideraram haver indícios de crime contra o Estado de Direito, por parte do Primeiro-Ministro, mandando extrair certidões para novos processos de investigação.
Perante a gravidade de tudo isto, gostava de perguntar duas coisas: primeira, porque é que estes factos não foram relatados antes das eleições legislativas? Segunda, o que anda a fazer a ERC no meio disto tudo?


«José António Saraiva – Recebemos dois telefonemas, por parte de pessoas próximas do primeiro-ministro, dizendo que se não publicássemos notícias sobre o Freeport os nossos problemas se resolviam.
– Que problemas?
Estávamos em ruptura de tesouraria, e o BCP, que era nosso sócio, já tinha dito que não metia lá mais um tostão. Estávamos em risco de não pagar ordenados. Mas dissemos que não, e publicámos as notícias do Freeport. Efectivamente uma linha de crédito que tínhamos no BCP foi interrompida.
– Depois houve mais alguma pressão política?
Sim. Entretanto tivemos propostas de investimentos angolanos, e quando tentámos que tudo se resolvesse, o BCP levantou problemas.
– Travou o negócio?
Quando os angolanos fizeram uma proposta, dificultaram. Inclusive perguntaram o que é que nós quatro – eu, José António Lima, Mário Ramirez e Vítor Rainho – queríamos para deixar a direcção. E é quando a nossa advogada, Paula Teixeira da Cruz, ameaça fazer uma queixa à CMVM, porque achava que já havia uma pressão por parte do banco que era totalmente ilegítima.
– E as pressões acabaram?
Não. Aí eles passaram a fazer pressão ao outro sócio, que era o José Paulo Fernandes. E ainda ao Joaquim Coimbra. Não falimos por um milagre. E, finalmente, quando os angolanos fizeram uma proposta irrecusável e encostaram o BCP à parede, eles desistiram.
– Foi um processo longo...
Foi um processo que se prolongou por três ou quatro meses. O BCP, quase ironicamente, perguntava: "Então como é que tiveram dinheiro para pagar os salários?" Eles quase que tinham vontade que entrássemos em ruptura financeira. Na altura quem tinha o dossiê do ‘Sol’ era o Armando Vara, e nós tínhamos a noção de que ele estava em contacto com o primeiro-ministro. Portanto, eram ordens directas.
– Do primeiro-ministro?
Não temos dúvida. Aliás, neste processo ‘Face Oculta’ deve haver conversas entre alguns dos nossos sócios, designadamente entre Joaquim Coimbra e Armando Vara.
– Houve então uma tentativa de ataque à liberdade de imprensa?
Houve uma tentativa óbvia de estrangulamento financeiro. Repare--se que a Controlinveste tem uma grande dívida do BCP, e portanto aí o controlo é fácil. À TVI sabemos o que aconteceu e ao ‘Diário Económico’ quando foi comprado pela Ongoing – houve uma mudança de orientação. Há de facto uma estratégia do Governo no sentido de condicionar a informação. Já não é especulação, é puramente objectiva. E no processo ‘Face Oculta’, tanto quanto sabemos, as conversas entre o engº Sócrates e Vara são bastante elucidativas sobre disso

[versão integral da entrevista aqui]


* Paulo Marcelo em O Cachimbo de Magritte

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Para uma República dos Bananas


Tempos houve em que a palavra corrupção era dita em surdina e a sua prática levada a cabo com alguma moderação e recato; em que a mesma não passava pelos gabinetes ministeriais e de altos quadros públicos, ficando-se pelos funcionários e quadros intermédios; em que não se dispunha da res publica como se fosse privada, nem das empresas privadas como se fossem públicas; em que os meios de comunicação eram aliciados com pedidos e não vítimas de pressões; em que alguns assim tentavam transformar o País numa República das Bananas, mas o País lá ia reagindo e insurgindo-se.

Os tempos mudaram: perdeu-se o recato, perdeu-se a vergonha, perdeu-se o medo ao País e instalou-se o sentimento de impunidade. E, ainda que feito "às claras" ou dito à "boca cheia", outros vão fazendo com que nada tenha sido visto ou escutado...

Com tanta mudança, o País ainda está atordoado e sem reacção. Mas desenganem-se os que o julgam já convertido numa República dos Bananas. Ou não tivesse o País uma espécie de contabilidade karmica.

A dívida Pública é como o algodão: não engana

Vou-me limitar a despejar alguns números sobre a dívida pública. Este agregado macro-económico tem uma grande virtude, em termos estatísticos: "It is what it is", como dizem os ingleses:

A 31 de Março deste ano, o diário económico referia as previsões da OCDE, dizendo que esta estimava um crescimento da divida pública portuguesa para os 86% do PIB em 2010.

Na mesma notícia diz-se que tal valor se situava bastante acima do previsto pelo Governo: "No reporte do défice feito a Bruxelas na sexta-feira passada, a dívida pública assumida para 2009 já era de 70,2%, um valor acima da última estimativa do Governo, que previa que esse indicador ficasse nos 69,7% este ano"

A previsão da UE, para a dívida pública portuguesa (publicada em Novembro), apontava para em 77.4 em 2009, 84.6 em 2010 e 91.1 em 2011.

O "Orçamento Redistributivo" do Governo apresenta um valor de 84.6% em 2009.

A prova de que é necessário aconselhamento estratégico

Depois do entendimento relativo à avaliação de professores, convenhamos que já começa a parecer um pouco exagerada tanta sintonia.

Será Pacheco Pereira o único deputado social-democrata a achar bizarra a contratação da LPM para assessorar a bancada parlamentar liderada por Aguiar Branco? Como é óbvio trata-se de um caso flagrante de “conflito de interesses”.
Recorde-se que a LPM assessora regularmente não só o PS e José Sócrates, como também o Supremo Tribunal de Justiça.

Por acaso os senhores deputados não acharão também estranho que um dos assessores contratados (Rodrigo Moita de Deus) tenha como um dos desportos favoritos, o que gozar com Aguiar Branco? É que RMD já presta assessoria a JPAG e ainda por cima grátis…

Se RMD fosse contratado para manter a bancada parlamentar a rir à gargalhada, sem dúvida que se trataria de dinheiro bem empregue, mas quando estamos a “falar apenas da manutenção as redes sociais e o site do grupo parlamentar do PSD”, não se percebe esta repentina afinidade entre José Pedro Aguiar Branco e o PS. Ou estará este a seguir o conselho de Passos Coelho relativamente à suposta "oposição responsável”? Não me parece que fosse a isto que o nosso homem de Vila Real se referia...

Já agora, por que razão precisará Noronha Nascimento de aconselhamento estratégico em marketing e comunicação?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ilusionismo democrático


Primeiro lança-se a discussão sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo...

Fala-se depois em reabrir o debate sobre a regionalização...

Já temo que possa estar para breve uma "proposta" de referendo para optarmos entre a república e a monarquia ...

E se, quando esgotarem as ideias polémicas e assentar a poeira, ainda se avistar no horizonte uma, ainda que ténue, silhueta de escutas, de influências, de pressões e de favorecimentos?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pare, escute e olhe

O Carlos discorda do que escrevi acerca de um eventual raciocínio de Cavaco à hora de ponderar a convocação de eleições antecipadas.

Admito que a sua perspectiva seja a mais correcta. Eu próprio prefiro que o Presidente da República cumpra a sua função adoptando uma postura institucionalista. Ao descrever (de um modo exagerado, sem dúvida) qual seria um dos pensamentos que passaria pela cabeça de Cavaco neste momento pretendia chamar a atenção para o facto de que este deve também ser pragmático nas suas decisões. Pois, se se limitar a destituir (não sei é esta a expressão correcta, mas para o caso é indiferente) Sócrates das suas funções, a probabilidade de este se recandidatar e vencer de novo as eleições é bastante elevada.

Ficaríamos assim com um Presidente que é "institucionalista", o país novamente nas mãos de Sócrates e uma reeleição cada vez mais difícil para o Professor Cavaco.
Ou seja, se é verdade que o Presidente da República não se deve deixar guiar por critérios meramente pragmáticos ou eleitorais, também é verdade que não deverá deixar de os integrar nos seus algoritmos de decisão.
E em política saber esperar também é uma virtude; e para Sócrates, quanto mais o tempo passa, mais são os rabos de palha…

Outro aspecto para o qual procurava chamar a atenção - e em relação ao qual admito que a história um dia faça justiça - é que entendo que cada dia que passa, a percepção que os portugueses têm do chuto que Sampaio (com a enorme ajuda da imprensa) deu em Santana, foi um erro crasso e cujas verdadeiras motivações nos suscitam cada vez mais dúvidas.

TVI: a Monica Lewinsky de Sócrates


As conversas com Vara sobre o negócio da TVI e as subsequentes mentiras no Parlamento podem ser a Miss Lewinsky de José Sócrates.

Quando começaremos a falar seriamente em impeachment?

Onde estão os Jorges Sampaios deste país quando precisamos deles

Perante os constantes escândalos que envolvem o actual primeiro-ministro é legítimo que comparemos a actuação de Cavaco com a do anterior presidente. Por muitíssimo menos, Sampaio convocou eleições antecipadas e entregou o governo do país ao seu partido.

Se Cavaco não faz o mesmo, não é porque Sócrates não o mereça, nem porque não tenhamos já ultrapassado os limites do razoável.
A razão é apenas uma: as sondagens. Se hoje tivéssemos eleições, o PS provavelmente sairia vencedor e Cavaco já atingiu a sua quota-parte de favores (de cooperação estratégica) a José Sócrates. Mas talvez não ganhe daqui a 6/7 meses.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Só o fingimento pode salvar o Estado de Direito *


Uma das teses mais divertidas que por aí circula, defendida por exemplo pelo Pedro Marques Lopes, é que, dado que as escutas são nulas e foram conhecidas via violação do segredo de justiça, vamos todos ter que fingir que não elas não existem.

Vamos fingir que não sabemos que há autoridades judiciais que acham que determinadas conversas do primeiro-ministro podem ser criminalmente relevantes. Vamos fingir que não sabemos que um primeiro-ministro, que já era suspeito de interferir na comunicação social, falou com o vice-presidente de um banco nominalmente privado sobre como ajudar um grupo de comunicação social aliado do governo. Vamos fingir que não ouvimos dizer que Vara e Sócrates discutiram o negócio da TVI.

Para que o fingimento seja credível seremos forçados a fingir que não sabemos que o tal banco nominalmente privado foi tomado por quadros ligados ao Partido Socialista com a ajuda da Caixa Geral de Depósitos. E devemos fingir que o primeiro-ministro não mentiu ao Parlamento sobre o negócio da TVI. No fundo teremos que fingir que José Sócrates não usa o poder de primeiro-ministro para defender os interesses políticos do Partido Socialista e os interesses económicos dos grupos empresariais seus aliados.

* João Miranda no Blasfémias

A nova preocupação de Sócrates




De um momento para o outro, a preocupação do Senhor Primeiro-Ministro deslocou-se dos órgãos de comunicação para os meios de (tele)comunicação...


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Silêncio vs. Confiança


Ao contrário do Presidente Cavaco Silva - que suspeitava estar a ser escutado e não queria -, o Primeiro-Ministro José Sócrates tem a certeza de ter sido escutado e não se importa.

Como em tempos Liedson estava para o Sporting, também no caso de Sócrates o STJ "resolve"...

No entanto, e no caso, resolve pouco!

Tal como aconteceu com o PR, também aqui as explicações que se exigem ao PM são de natureza política e terão de ser adequadas e suficientes a dissipar quaisquer dúvidas que pairem sobre o código de ética por que o mesmo pauta os seus comportamentos. Conhecia ou desconhecia o negócio de venda da TVI pela Prisa? Interveio ou procurou intervir em tal negócio? Procurou ou não favorecer algum grupo de comunicação social no dito negócio?

Forçar o silêncio em torno das suspeitas que agora envolvem o PM terá por único efeito ampliar essas suspeitas, acabando por se suspeitar de bem mais do que aquilo que possa estar em causa.

Resta ao PM esclarecer exactamente o que aqui está em causa, sob pena do PR ter de lhe exigir não menos do que se exigiu a si próprio: explicar-se publicamente para recuperar a confiança dos que o elegeram.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Carta aberta ao primeiro-ministro José Sócrates


Autor: João Miguel Tavares


Excelentíssimo senhor primeiro-ministro: Sensibilizado com o que tudo indica ser mais uma triste confusão envolvendo o senhor e o seu grande amigo Armando Vara, venho desde já solidarizar-me com a sua pessoa, vítima de uma nova e terrível injustiça. Quererem agora pô-lo numa telenovela - perdoe-me o neologismo - digna do horário nobre da TVI é mais um sintoma do atraso a que chegámos e da falta de atenção das pessoas para as palavras que tão sabiamente proferiu aquando do último congresso do PS:”Em democracia, quem governa é quem o povo escolhe, e não um qualquer director de jornal ou uma qualquer estação de televisão.” O senhor acabou de ser reeleito, o tal director de jornal já se foi embora, a referida estação de televisão mudou de gerência, e mesmo assim continuam a importuná-lo. Que vergonha.
Embora no momento em que escrevo estas linhas não sejam ainda claros todos os contornos das suas amigáveis conversas, parece-me desde já evidente que este caso só pode estar baseado num enorme mal-entendido, provocado pelo facto de o senhor ter a infelicidade de estar para as trapalhadas como o pólen para as abelhas - há aí uma química azarada que não se explica. Os meses passam, as legislaturas sucedem-se, os primos revezam-se e o senhor engenheiro continua a ser alvo de campanhas negras, cabalas, urdiduras e toda a espécie de maldades que podem ser orquestradas contra um primeiro-ministro. Nem um mineiro de carvão tem tanto negrume à sua volta. Depois da licenciatura na Independente, depois dos projectos de engenharia da Guarda, depois do apartamento da Rua Braamcamp, depois do processo Cova da Beira, depois do caso Freeport, eis que a “Face Oculta”, essa investigação com nome de bar de alterne, tinha de vir incomodar uma pessoa tão ocupada. Jesus Cristo nas mãos dos romanos foi mais poupado do que o senhor engenheiro tem sido pela joint venture investigação criminal/comunicação social. Uma infâmia.
Mas eu não tenho a menor dúvida, senhor engenheiro, de que vossa excelência é uma pessoa tão impoluta como as águas do Tejo, tirando aquela parte onde desagua o Trancão. E não duvido por um momento que aquilo que mais deseja é o bem do Pais. É isso que Portugal teima em não perceber: quando uma pessoa quer o melhor para o País e está simultaneamente convencida de que ela própria é a melhor coisa que o País tem, é natural que haja um certo entusiasmo na resolução de problemas, incluindo um ou outro que possa sair fora da sua alçada. Desde quando o excesso de voluntarismo é pecado? Mas eu estou consigo, caro senhor engenheiro. E, com alguma sorte, o procurador-geral da República também. Atentamente, JMT.


O que Sócrates diz não é para ser ouvido...


Supremo diz que escutas a Sócrates são nulas.

Juridicamente nulas! ...politica e eticamente válidas e relevantes...

Parece que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não terá problemas com a justiça.

Resta saber que consequências poderá ter o teor das escutas na vida política do Senhor Primeiro-Ministro.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Avançar a Comunicação Social

José Sócrates está de parabéns: já se sente a influência da nova "linha editorial" do Público.

Quando o senhor primeiro-ministro não responde às perguntas que lhe fazem e resolve invocar a despropósito o passado (olha quem...) dos deputados sociais-democratas, a isso chama-se agora ironia....

Qual animal feroz?


Quase todas as famílias têm a sua ovelha negra, a tresmalhada, a ronhosa.

Outras há, verdadeiramente raras, que, por contágio ou código genético, cedo se vão deparando com todo um rebanho enegrecido e cheio de ronha, que atinge indiscriminadamente mães, tios, primos ou sobrinhos...

Nestas não há pastor que as oriente ou cão que as ponha na linha. Buscam incessantemente novos pastos, novos caminhos, têm uma vocação mais artística e tomam essa sua arte por ofício.

Vem isto a propósito de notícias recentes darem conta do facto de Domingos Paiva Nunes, administrador da EDP Imobiliário e mais um dos envolvidos no processo Face Oculta, ser casado com uma prima de José Sócrates.

É caso para dizer que o nosso Primeiro-Ministro só pode ser a ovelha branca da família! ... que tanto se destaca como se estranha no meio de um rebanho tão diferente...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sócrates como 1º ministro: uma perspectiva positiva

Um aspecto positivo (o único?) que podemos extrair do facto de termos como primeiro-ministro José Sócrates, é o de revelar que no nosso país é possível que alguém nascido em Vilar de Maçada e "que se fez homem" na Beira Baixa possa ocupar o lugar de chefe máximo do nosso governo.

Ou seja, não é necessário nascer-se em berço de ouro; e nem sequer no concelho de Portugal com a maior percentagem de licenciados e doutorados. Estes têm como presidente Isaltino Morais e arriscam-se seriamente a engrossar a fileira dos desempregados. Valha-lhes ao menos o "Relento"...

Em relação a Sócrates, alguns poderão dizer que nem sequer se lembra que foi sócio da Sovenco, que até hoje perdeu todos os processos que moveu contra jornalistas, que o seu inglês técnico não é lá muito famoso, que é grande amigo de Zapatero e, last but not the least, que é o pior primeiro-ministro da nossa história. Isso é tudo verdade.
Mas lá que o homem é da Beira, lá isso é. E isso ninguém lhe tira!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As prioridades de José Sócrates

Ficámos a saber que é "no crescimento económico e no emprego" que José Sócrates concentrará o essencial das suas energias. Em 2005 a conversa era a mesma e foi o que se viu...

Mas ainda bem que assim é. De facto, algumas mentes mais reaccionárias poderiam estar à espera que Sócrates fosse concentrar as suas energias em provocações inúteis ao Presidente da República, em ataques à liberdade de imprensa, em anúncios quinzenais no parlamento de medidas não susceptíveis de serem postas em prática, em citar relatórios da OCDE, em trocar ministros que pretendam desenvolver reformas polémicas, em vestir a pele de cordeirinho, em desviar as atenções de Pedro Silva Pereira e do Freeport ou da Cova da Beira, em controlar os tribunais e os sistemas de informação ou em vitimizar-se com a oposição para desviar os olhares da sua miséria de visão que possui para o país. Mas com estas bonitas palavras e a escolha de Santos Silva e Alberto Martins para o ministério da Defesa e da Justiça, tal coisa não nos passa pela cabeça!

Sócrates empenhar-se-á naquilo que todos sabemos que depende muito mais do contexto internacional do que da acção do governo. O que também nos deixa mais descansados...

Um homem pode sair do PCP *

mas o PCP nunca sai de um homem: «o PSD não dá mostras de ter aprendido a lição da sua derrota eleitoral, que não foi somente causada pela sua atitude de “bota-abaixo”, sem alternativa, e de exploração de verdadeiros absurdos políticos, como a estrambótica tese da “asfixia democrática“. A derrota “laranja” deveu-se também às suas posições politicamente retrógradas em matéria de valores sociais (despenalização do aborto, divórcio litigioso, etc.), ao abandono da sua tradicional atitude modernizadora (oposição às novas infra-estruturas de transportes) e à troca da sua dimensão social por políticas claramente neoliberais em matéria social. Enquanto não abandonar esse caminho, o PSD não pode pensar em voltar a disputar a liderança política ao PS com hipóteses de sucesso. Ora, se a alternativa da liderança dentro do PSD se limita ao neoliberalismo de Passos Coelho ou ao neoconservadorismo de Paulo Rangel, o PS bem pode ficar descansado. Não é por esses caminhos que “o gato vai às filhoses“. » Vital Moreira, PÚBLICO

Está aqui a cartilha toda do apparatchik:

a) os derrotados são só os outros;

b) para início de conversa sobre a derrotas dos outros e implícita na nossa vitória espetam-se logo três ou quatro chavões fáceis de fixar: bota-abaixo, sem alternativa e estrambótica tese da “asfixia democrática”;

b) Em seguida vem o estereótipo do retrógrado que se aplica a despropósito mas resulta sempre- «A derrota “laranja” deveu-se também às suas posições politicamente retrógradas em matéria de valores sociais (despenalização do aborto, divórcio litigioso, etc.),» A sério que estes dois assuntos estiveram em causa nestas eleições?

c) a que se segue a recordação daquele tempo passado em que o PSD não só não era retrógrado mas até tinha uma “tradicional atitude modernizadora “que por acaso à época Vital não assinalou mas que não deixaria de ser oportuno saber quando ocorreu ao certo;

d) Aqui chegados chega-se ao cerne da acusação «à troca da sua dimensão social por políticas claramente neoliberais em matéria social.»

e) e assim sem oposição o PS bem pode ficar descansado pois não tem oposição e aoposição é algo que Vital admite que exista mas que não compreende que não se renda à superioridade moral daqueles a que pertence. Antigamente era Cunhal. Agora é Sócrates.


* Helena Matos no Blasfémias


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

um governo à lula *


Pianista na cultura. Escritora de livros infantis na educação. Sindicalista no trabalho. Este é um governo à Lula da Silva. Joga à bola? Pelé Ministro do Desporto. Toca um instrumento? Gilberto Gil Ministro da cultura. A diferença é que Pelé sempre é Pelé.

* por Rodrigo Moita de Deus no 31 da Armada

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ministério da Defesa dá lugar a Ministério do Ataque...



Será prudente entregar o nosso arsenal bélico a alguém que, assumidamente, gosta de "malhar" nos outros?

E o prémio Parolina Catrocínio vai para....

...a funcionária do PCP Rita Rato, recém-eleita deputada.


"- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.

- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.

- Mas não sentiu curiosidade em descobrir mais?
- Sim, mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...

- A ex-deputada do PS Marta Rebelo disse que foi difícil que começassem a levá-la a sério. A política é mais difícil para as mulheres bonitas?
- Se me está a chamar bonita, é um elogio e agradeço. Nunca tive problemas em ser levada a sério. Estive na Assembleia Municipal de Estremoz e nunca tive dificuldade em apresentar a minha opinião."


Pois é Rita; isto de deixar de ser levado a sério costuma acontecer mais quando se começa a abrir a boca. Mais valia mesmo que a tivesse mantido fechada. Uma lição que fica para a sua presença na Assembleia da República. Felizmente para si e infelizmente para nós, ainda não existe "nota mínima" para entrar no Parlamento. Ao menos a Marta Rebelo já terá alguém com quem fazer conversa.


Do bolo do caco ao país dos cacos


Nas últimas legislativas ninguém relevou o resultado obtido por um pequeno partido com uma enorme implantação local: o PSD-Madeira.
A satisfação dos peculiares interesses dos seus 4 deputados pode permitir ao PS formar maiorias parlamentares com qualquer dos demais partidos.
Guilherme Silva admitiu ontem aprovar o próximo Orçamento de Estado, o que só dependerá do destino que venha a ter a Lei das Finanças Regionais, cujo Projecto será apresentado e submetido a votação pelo seu "grupo"... parlamentar...
O que não invalida que, os mesmos 4 deputados, votem contra o programa de Governo, contra uma moção de confiança ou favoravelmente uma moção de rejeição, assim, e em qualquer dos casos, procurando impedir a viabilização do futuro executivo.
Pode parecer confuso analisado à luz do chamado "sentido de Estado". Mas é perfeitamente coerente quando aquele se substitui pelo conhecido "sentido de oportunidade".
Ou seja, os deputados do PSD-Madeira tando poderão contribuir para o "Orçamento do Bolo do Caco" como para um país prematuramente escaqueirado.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Jantar com Luis Portela: os genéricos e a I&D

Na noite passada tive o prazer de assistir a uma lição do Dr. Luís Portela, que se juntou a mais uma iniciativa do Grupo da Boavista. As expectativas, já de si elevadas, foram ultrapassadas.
De tudo o que nos foi transmitido ficaram-me na memória dois aspectos que considero especialmente relevantes:

1º A ultrapassagem da Europa pelos Estados Unidos em matéria de montante dispendido em I&D, maior número de novos medicamentos e maior quota de mercado mundial. A liderança dos Estados Unidos, consumada em 1996 é fruto (em grande parte) da existência de um mercado liberalizado de medicamentos e da capacidade de transferência de conhecimento entre universidades e empresas farmacêuticas.

2º o papel dos genéricos: se é verdade que estes são apresentados pela propaganda como uma forma de permitir o acesso mais barato aos medicamentos por parte da população, também é verdade que o Estado é parte (muito) interessada, não fosse o consumo de medicamentos subsidiado em mais de 70%. Ou seja, o fomento da prescrição de genéricos tem como principal beneficiário o próprio Estado que é o responsável por essa promoção - é “A” parte interessada (como é óbvio esta poupança para os cofres estatais não tem nada de errado, pelo contrário). Um dos efeitos colaterais do aumento da quota de mercado dos genéricos é o da diminuição das receitas das farmacêuticas que disporão assim de menos verbas para I&D, o que levará necessariamente a menos inovação e a menos qualidade dos medicamentos. Eis o dilema…

Em relação ao Dr. Luis Portela fica a imagem de um médico/empresário ambicioso, extremante trabalhador, competente e que não teve medo de aos 27 anos pegar numa empresa familiar "ligeiramente no vermelho" (sic) e aumentar todos os funcionários 10%; no ano seguinte a facturação duplica e os aumentos variam entre os 0% e os 30%. Repito: uma verdadeira lição!

Adenda: nem de propósito, "vários centros de pesquisa em Portugal encerraram por dificuldades externas e internas"

sábado, 17 de outubro de 2009

Instituto do Observatório da Comissão Permanente de Contrapartidas

À medida que ia lendo a notícia não queria acreditar. Mas os factos constam do relatório pericial do Ministério Público relativo ao famoso negócio dos submarinos (em concreto, no que diz respeito às contrapartidas negociadas) e, até prova em contrário, apenas servem para confirmar o que já todos sabíamos: o estado português é irresponsável no modo como gere o dinheiro dos seus cidadãos.

Segundo tal relatório, a Comissão Permanente de Contrapartidas:

1. aceitava duplas facturações na contabilização das contrapartidas;

2. baseava-se numa relação de "confiança" que justificava a dispensa de apresentação das facturas

3. a entidade deixava de fazer visitas (obrigatórias...) de fazer visitas obrigatórias a empresas e passava a aceitar que os pedidos de pagamento fossem acompanhados apenas por uma demonstração do "cumprimento atempado das obrigações de prestação de contrapartidas"

4. dispensou a revisão das facturas por um ROC, encarregando o GSC

5. o maior contrato de contrapartidas assinado em Portugal expôs o Estado "a acções em seu prejuízo" e "sem a protecção adequada" através da aprovação tácita de contrapartidas, no prazo de 90 dias, e limite da responsabilidade por parte do GSC a dez por cento do valor total dos projectos. O prazo de 90 dias foi manifestamente curto para a capacidade de resposta da CPC, em vários momentos.

Infelizmente o comportamento do estado não é tão benevolente com os seus compatriotas como o é com consórcios alemães. Recordemos apenas o recente exemplo das notificações dos TOCs por dívidas fiscais dos seus clientes ou as pesadas auditorias a que as PMEs têm de se sujeitar quando recebem algumas dezenas de euros para renovar o seu equipamento informático.

Mas a solução para que vergonhas destas não se repitam no futuro, têm-na bem certa os burocratas socialistas do regime: a criação do Instituto do Observatório da Comissão Permanente de Contrapartidas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ordenadores 'quita y pon'

Já não é novidade: Sócrates anda a fazer discípulos. E neste caso nem sequer falo do Sócrates americano, mas sim de mais um amigo espanhol: Francesc Antich. O presidente das Ilhas Baleares resolveu associar-se ao costume que José Sócrates tem tão enraizado: o de oferecer computadores aos alunos durante meia-hora, ou seja o tempo que duram as sessões de fotografia.

sábado, 10 de outubro de 2009

Ainda a propósito de escutas



"a forma como foi desencadeada a operação revela que por detrás da mesma está um grupo de pessoas bem preparadas"

In justice i trust

Não tenho amigos juízes, mas também confio na justiça portuguesa. E confio especialmente no CITIUS.

PS - A investigação do caso Freeport já terminou? É que as legislativas já lá vão.
E ainda continuam a roubar as passwords a Pais de Faria?

A mensagem

Embora tenha o nome de Prémio, o Nobel da Paz é mais um "sinal" do que propriamente um prémio. De facto, e em termos de efeitos práticos, mais do que premiar Obama, este nobel emite um sinal, passa uma mensagem.

A atribuição da referida distinção ao actual presidente americano deverá ter uma leitura eminentemente política (como não poderia deixar de ser). Mas esta leitura não tem como referência o passado - algum feito significativo no âmbito da ordem mundial ou algum passo decisivo na direcção da paz em qualquer parte do mundo - mas sim o futuro.
O principal objectivo do
Comité Thorbjoern Jagland é antes o de promover as suas principais causas, tais como os "grandes desafios climáticos com que o mundo é confrontado", "a diplomacia multilateral", entre outros.

Efeitos práticos? Um deles e, tal como assinalam inúmeros colunistas em todo o mundo, o de condicionar a actuação futura de Obama.
Mas um dos principais efeitos que terá este prémio será o contribuir para uma ainda maior idolatração (Mário Soares continua a roçar o ridículo) de Barack Obama (pelos menos fora dos Estados Unidos, já que os seus compatriotas não são se mostram tão ingénuos ) e de consequentemente, servir de sanção às políticas que Obama venha a seguir no futuro, estejam elas ou não relacionadas com a paz ou as alterações climáticas. Esperemos para ver...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O vírus cor-de-rosinha do poder

Como se pode ver pelo recente comportamento de Carvalho da Silva, o apelo do poder em Portugal é cada vez forte e a omni-presença dos socialistas cada vez mais real.
Uma espécie de vírus. Mas este vírus cor-de-rosinha tem pouco que ver com o H1N1; chama pouco a atenção (para os mais distraídos) mas alastra mais rapidamente do que o dos porquinhos; e enquanto que o H1N1 passa pelos porcos e acaba nos homens, o cor-de-rosinha passa pelos homens e acaba nos porcos. A prova? Basta olhar para a quantidade de dejectos que vai os infectados vão deixando pelo caminho...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A comunicação na política segundo Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite

Veja-se a diferença de atitude de Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas à saída da audiência como Presidente da República. E cada um tire as suas conclusões.
Entendo que em política a comunicação é fundamental e que todas as oportunidades que um político tenha para fazer passar a sua mensagem e as suas ideias devem ser aproveitadas. Uma pedagogia contínua. Que nada tem a ver com manipulação ou faltar à verdade. E que é tanto mais necessária, quanto mais os nossos adversários políticos tentam inundar o espaço mediático com a sua própria mensagem, mais ou menos inconsequente e sem dúvida que asfixiante.

O pormenor de voltar atrás quando sabe que entrará em directo na televisão do PS é sintomático!

O pessoal gosta de apanhar

Depois desta notícia começo a perceber como é possível que José Sócrates tenha sido re-eleito primeiro-ministro.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Era expectável

Meus caros, quer queiramos quer não, este resultado eleitoral era expectável por todas e mais algumas razões. A esquerda posiciona-se para mais uns tempos de (des)governação com a agravante de se tratar de (des)governação em "part-time" uma vez que serão necessários alguns pactos para que algumas decisões passem em AR. O Sr. Presidente não costuma dar ponto sem nó e estas declarações aparentemente patéticas ou imperceptiveis serão, quiçá, o prenúncio de que o Sr. Sócrates e restante pandilha estarão a prazo. Ao PSD resta ter juizo e começar a preparar-se para daqui a dois anos. Ou talvez menos.

Enquanto escrevo estas linhas assisto ao debate para a CM Porto. Constato o nervosismo, a mediocridade das posições de Elisa Ferreira e a sua costela de peixeira (com o devido respeito à profissão). No meio de algum esterismo pueril chegou ao cúmulo de referir que só ela e Rui Rio terão hipótese de ganhar! É verdade, mas dizê-lo num debate entre os 5 candidatos é, no minimo, boçal!

Peripatética *


Há muito tempo que as reacções de Ana Gomes são patéticas e há muito tempo, praticamente desde que é dirigente do PS, que os portugueses têm uma paciência de santo para a aturar. Esta é mais uma reacção ao nível a que nos habituou a todos. Peripatética.

* Paulo Pinto Mascarenhas, no 31 da Armada

Recados ao partido da oposição



Após a comunicação de ontem à noite, proferida por sua Excelência o Presidente da República, o Professor Doutro Cavaco Silva, somos levados a reconhecer que o moço de recados se arrisca a perder o emprego por extinção do posto de trabalho...

Muitas têm sido a vozes que se têm levantado contra o conteúdo da mensagem proferida pelo Presidente: que não esclareceu as dúvidas dos portugueses, que não respondeu a perguntas dos jornalistas, que deixa dúvidas no ar, que se contradisse, que bebeu um copo de água a meio do discurso, etc, etc.

Gostaria de fazer dois comentários em relação a estas acusações.

Em primeiro lugar e, ao contrário do que os mais ingénuos possam pensar, Cavaco Silva não falou para os portugueses nem para os jornalistas: falou quase exclusivamente para o PS. Com maior ou menor sucesso, tentou passar a mensagem de que não se deixa vencer facilmente e que o combate está a meio, ainda que desta vez tenha sido ele a ir ao tapete. Falou ainda para o PSD, tentando dizer que não é ele o principal responsável pela derrota nas legislativas como alguns opinam. Não sei se foi ou não, mas penso que este discurso e, tendo em conta as acusações feitas a José Sócrates, deveria ter sido feito durante a campanha eleitoral. Ou será que os portugueses só têm direito a saber que estão a ser manipulados pelo primeiro-ministro depois de o voltarem a eleger?

Em segundo e, para os que se queixam de Cavaco não ter esclarecido o que era necessário esclarecer, concordo com a queixa mas não com a surpresa. Se Cavaco fosse transparente, se manifestasse em público tudo o que pensa, provavelmente não seria Presidente (lembro a constante recusa de Cavaco, durante a campanha presidencial, em responder à questão da eventual promulgação de uma lei que liberalizasse o aborto).
Se imperasse a lógica do esclarecimento, José Sócrates nunca teria sido primeiro-ministro e, muito menos, reeleito. Entendo que muitos sofrem de memória selectiva pois não demonstram tal estupefacção quando assistem aos debates/comícios quinzenais de José Sócrates na Assembleia da República. Nem sequer se lembram dos debates televisivos de há escassas semanas ou das entrevistas aos órgãos de comunicação social (por exemplo a dada a Maria Flor Pedroso).

Consta que havia entre os candidatos a primeiro-ministro uma senhora que respondia ao que lhe perguntavam, que dizia o que pensava e que ousava dizer a verdade. Consta também que foi a única que foi enxovalhada em plena praça pública com a ajuda dos “cães” do costume. São os mesmos que vêm agora acusar Cavaco de não ter esclarecido tudo o que havia por esclarecer. Mas escolhemos o circo e é circo que vamos ter.


Recados ao Partido do Governo


O Presidente da República não veio esclarecer factos. Veio partilhar os seus estados de alma.

À azia presidencial provocada pelas declarações e manipulações de “destacadas personalidades do partido do Governo” ripostou Pedro Silva Pereira com a total liberdade e autonomia dos deputados do Partido Socialista nas opiniões políticas que emitem.

Os recados do Presidente da República não se dirigiam, porém, ao Partido Socialista, antes ao Partido do Governo, que, assim entendidos, incumbiu o ainda Ministro da Presidência da reacção oficial.

Sem querer condicionar (muito) a composição politico-partidária da Assembleia da República, o PR não quer agora descurar a formação e "actuação" do futuro Governo. Quis deixar avisos à navegação e antecipou tempestades a uma eventual tripulação de marinheiros de água doce. Tudo a bem da cooperação institucional e dos superiores interesses do País.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Nulidades legislativas *


Lei da paridade conseguiu que … existam menos mulheres no novo parlamento.

PS, partido proponente da lei, reduz a metade «quota» de eleitas.

* Gabriel Silva, no Blasfémias

Demi-cracia


Os votos expressos nas legislativas de domingo por 35 eleitores de Vilar de Mouros em boletins que eram referentes às eleições para o Parlamento Europeu foram considerados válidos
.

Eram boletins de voto quase como os outros;

Estavam praticamente todos os partidos representados (com excepção do PND e do PPV);

Só aconteceu com 35 eleitores;

Passou-se numa pequena terra que só é conhecida pelo seu festival de Verão.

Afinal, o traço essencial da democracia é ser esta o governo do povo, pelo povo e para o povo... mas não de todos, por todos ou para todos.

Quase poderia ter uma leitura cabalística...


Ao googlar "CNE" imediatamente a seguir ao site da Comissão Nacional de Eleições aparece o do Corpo Nacional de Escutas...

E ainda há quem diga que as escutas não tiveram influência no resultado eleitoral...

Entretanto aguardamos serenamente pela mensagem do Senhor Presidente da República ao país.

O que dirá João Marcelino destas crónicas?


"A consequência deste resultado, que nem é carne nem peixe, é que Sócrates vai ter que demonstrar que sabe governar em minoria (maioria absoluta com outro partido, só se ele for de direita), o que, tendo em conta o seu perfil psicológico e a sua acção nos últimos quatro anos, é como pedir ao Conde Drácula para se dedicar aos sumos naturais".

João Miguel Tavares no DN de hoje

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ironias do destino II


Ao "Sei o que fizeste no Verão passado" de Sócrates responde agora Portas com um "Sei o que vais fazer nas próximas estações"

Ironias do destino

José Sócrates, com a sua reconhecida coerência de princípios e manifesta profundidade ideológica, depois de ter adjectivado o jornalismo da TVI e de Manuela Moura Guedes de "jornalismo travestido", não admitirá qualquer tipo de sugestão no sentido de formar uma coligação com o fundador do pasquim "O Independente". De certeza abosluta.

Phone-ix


Durante dias especulou-se: a quem telefonará Sócrates após as eleições?

A noite eleitoral acabou por revelar que todos os demais números ficaram “fora de serviço” e que a agenda socialista ficou reduzida a um único contacto, lá para os lados do Caldas.

Na última legislatura foram necessários alguns meses para se perceber que o mesmo Sócrates que se havia exibido à esquerda governava, afinal, à direita. Já os resultados de ontem goraram qualquer perspectiva ilusória que o eleitorado tradicional socialista ainda acalentasse.

E desenganem-se os que perspectivam pontuais flirts para aprovação de medidas avulsas. Sócrates terá de cortejar Portas, que já impôs como dote a aceitação do seu “caderno de encargos”.

Felizmente, os novos tempos permitem seduções à distância e para o PS antevêem-se dias e dias de phone_ix (o telefone dos CTT, claro!)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O Domingo.

Domingo é um óptimo dia para terminar uma licenciatura. Este Domingo pode ser uma óptima ocasião para correr com José Sócrates e a máquina de propaganda socialista.

Saneamento de Moura Guedes: ainda alguém se lembra?


Há algumas semanas atrás a administração da PRISA - numa manobra que ficará para a história como a primeira grande empresa de media que resolve subverter a lógica do capitalismo de busca do lucro - decidiu acabar, por "razões económicas", com o telejornal líder de audiências em Portugal.

Perante esta decisão alguns defenderam que o PS seria beneficiado pelo fim das notícias sobre os primos do primeiro-ministro, sobre o facto de a polícia inglesa considerar Sócrates como um dos suspeitos no caso Freeport (sabe-se que houve pagamento de luvas a algumas pessoas) ou ainda sobre o caso Cova da Beira.

Outros houve que tiveram a elasticidade suficiente para considerar que o PS seria o principal prejudicado pelo fim do bloco noticiário de uma jornalista processada pelo primeiro-ministro e cujo trabalho este apelidou de "jornalismo travestido".

Passadas 3 semanas podemos fazer-nos algumas perguntas para tentar perceber de que modo o PS foi ou não beneficiado por esta decisão. Por exemplo:

- ainda alguém fala neste caso na imprensa?

- José Sócrates continua a queixar-se, nos seus comícios, do afastamento de Manuela Moura Guedes?

- as grandes figuras do PS continuam a "exigir" o esclarecimento deste saneamento?

- a ERC já recebeu a resposta da PRISA às questões que lhe colocou?

- qual a percentagem de eleitores que ainda têm presente este episódio?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Portugal: handle with care


É o fim dos órgãos de soberania tal como os conhecemos.

Qualquer que seja a explicação que se reserva, o Presidente da República sai fragilizado com o caso das escutas.

Os Tribunais saem fragilizados com sucessivos casos, nos quais o congelamento na progressão do juiz Rui Teixeira é tão-só o mais recente.

E o já desgastado Governo sairá ainda mais fragilizado das eleições do próximo Domingo, pela fragilidade da sua base de apoio parlamentar.

Terá chegado o momento de assumirmos a suspensão da democracia por 6 meses ou de assistirmos a um Bloco de Esquerda a impor políticas? O que, afinal, poderá significar a mesma coisa…

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ferrari em Lisboa!

Quando vejo um autarca a fazer comparações como esta fico com a sensação, ou mesmo certeza, de que nunca vai resolver, ou perceber, os problemas de ordenamento de uma cidade. Comparar em hora de ponta e entre estações de metro diferentes meios de transporte é tão absurdo como dizer que uma lagarta ganhou uma corrida a um peão a atravessar um tronco de uma árvore.
A bem dos transportes públicos, deve-se comparar percursos efectivos dos utentes, ou seja, entre casa e o trabalho. É minha opinião que se a comparação for assim feita se perceberá que é preciso investir na eficiênia dos transportes públicos e ,nesse dia, as pessoas usarão naturalmente estes transportes.
Já agora, a propósito da bicicleta, meio de transporte do qual sou adepto, há medidas básicas a tomar, tal como alterar o código da estrada dignificando este meio de transporte, criar condições para a circulação segura e para as pessoas guardarem a bicileta nos locais de trabalho, etc. No dia em que as políticas forem nesse sentido se calhar vamos perceber que até somos mais parecidos com os nórdicos do que aquilo que alguns pensam!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O aluno de Marcelo

O Festival da Canção já la vai. Mas Vitorino, na televisão do governo do seu partido, dá-nos música. E diz-nos que "é impensável que possa haver há 18 meses neste país um clima de suspeição". Pois é. Antes fosse.

Mas vamos por partes.

Em primeiro lugar, querer atribuir ao Presidente da República uma acção supostamente levada a cabo por um assessor da presidencia é o mesmo que dizer que foi Sócrates quem pôs os cornos à bancada comunista.

Depois, não consegue deixar de se comportar como responsável pela campanha eleitoral do PS e ainda lança o seguinte recado:

"o pior que se podia fazer para matar esta questão era tentar encontrar ganhos políticos de um episódio funesto, lamentável e em relação ao qual tudo deve ser completamente esclarecido"

Cada vez estou mais de acordo com os que afirmam que a televisão que se encontra sob a alçada de Santos Silva, só serve para fazer fretes aos partidos que se encontram no governo.

A humildade fica-lhe bem

Francisco Louçã não consegue disfarçar a excitação: "cada dia gosto mais desta campanha eleitoral", afirmou o líder do conglomerado de extremada esquerda.

Compreende-se o gozo. De facto, quem diria há alguns meses atrás que a chegada do Bloco de Esquerda ao poder estaria aí ao bater da porta?

Excitações à parte, esta campanha eleitoral tem-se revelado um verdadeiro manual de propaganda populista por parte de Louçã. Entre promessas de nacionalizações que não tem como pagar, ataques pessoais a empresários portugueses e estrangeiros, propostas incoerentes com as suas próprias propostas, está lá tudo!

Mas, verdade seja dita e num momento de rara sinceridade, a referência moral da nação (sim, Francisco, já sei que a sua nação é o mundo), Louçã acabou por afirmar durante a tarde de ontem que:

"todos os responsáveis políticos não estão à altura do seu cargo quando alimentam factóides, quam criam inventonas ou quando criam fenómenos para lançar confusão a partir de nenhuma fundamentação de factos"

A humildade só lhe fica bem.

sábado, 19 de setembro de 2009

Intimidar Portugal

Sócrates já tinha batido nos portugueses. Metaforicamente falando.

Não satisfeito, resolveu passar à violência física. A vítima foi um desempregado que lhe chamou "ladrão" e "corrupto". Um dos gorilas de Sócrates, não sendo capaz de refutar as acusações e de provar que estava errado, resolveu dar-lhe um valente soco!

Violência à parte, não deixa de ser sintomático que em Guimarães, bastião socialista, tenham sido muitas as pessoas que tenham recusado dar a mão ao "engenheiro".

Afinal o medo de Sócrates sair à rua era mesmo justificado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O que não faz parte (e deveria fazer) dos programas eleitorais

O principal mérito do programa eleitoral do PSD é, tal como afirma Maria José Nogueira Pinto – candidata a deputada pelo PSD – o facto de “ser feito para o País que temos e com vista ao País que queremos e não, apenas, para conquistar votos. Este é, aliás, um dos raros programas que ousou ter um fio condutor, um pano de fundo valorativo. E é neles que se escora a sua coerência intrínseca.”

Notam-se os resultados da audição alargada da sociedade civil que teve lugar principalmente através do Fórum Portugal de Verdade, mas também por intermédio de contributos de empresários, de quadros da Administração Pública e de cidadãos anónimos (os anónimos aqui não é uma referência velada a todos os que com medo de represálias do PS tiveram medo de assumir publicamente a sua participação no programa…).

Ainda que estejamos perante um bom programa de governo, ainda persiste um erro comum a todos os partidos políticos, que é o de pensarem (ou, pelo menos, parecer que pensam...) que a sua acção é o mais importante, o decisivo, na evolução económica, social e cultural da sociedade.
Este erro encontra-se mais difundido entre os que possuem uma visão estatizante da sociedade, entre os que não se coíbem de se intrometer na esfera privada dos cidadãos, entre os que mais atacam a liberdade sob o falso pretexto de a defenderem, no final de contas entre os que têm uma visão socialista e colectivista da organização económica e social e olham para a pessoa apenas como mais uma peça da sua dialéctica materialista, sob cujo prisma olham para o mundo.
Não obstante, no centro-direita encontramos, ainda que em muito menor grau, influências deste visão errada sobre o que é (ou deve ser) o livre e sustentado desenvolvimento da sociedade.
Onde quero chegar é ao seguinte ponto: qualquer programa de governo faria muito mais por todos nós se começasse por umas palavras (ainda que com maior arte) do género:

“temos consciência de que o mérito (mas também o demérito) do crescimento económico, do combate à corrupção, da descida da taxa de desemprego, pertence em maior grau aos cidadãos do que ao estado. Faremos o que estiver ao nosso alcance para alterar alguns hábitos e a mentalidade com que a população portuguesa, de quem tanto nos orgulhamos, encara o trabalho e a vida empresarial. Tentaremos, através duma pedagogia do exemplo, promover uma cultura de meritocracia, de trabalho árduo e de participação cívica. Sabemos, no entanto, que a grande responsabilidade de fazer “avançar Portugal” pertence aos portugueses e não aos seus representantes, que são apenas e só isso mesmo, representantes.”

Como responderiam Sócrates e os assessores de Obama?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um milhão e dois analfabetos

Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer no que diz respeito à educação da sua população.

Francisco Louçã e José Sócrates conseguiram, depois de ler o programa eleitoral do PSD, acusá-lo de querer privatizar a Segurança Social.

Joana Amaral Dias e a psicologia da verdade

A entrevista da menina dos olhos de Mário Soares ao Diário de Notícias de ontem é a todos os títulos notável!

Todos ficamos mais descansados ao saber que Joana Amaral Dias tem quase a certeza de quem é o seu pai. Facto verdadeiramente fundamental para os leitores do DN.

Joana A.D., ainda que protagonista de recente arrufo com o Bloco de Esquerda e de uma sintomática aproximação ao socialismo
mainstream, não consegue deixar de manifestar quais as suas origens políticas.

Mas o que mais surpreende nesta conversa é a aversão que JAD tem à utilização da palavra "verdade". Vejamos:

"a verdade pertence aos absolutistas"

"lembra o manifesto nazi, que tinha logo nas suas primeiras linhas referências sobre os mentirosos políticos"

"Quando se fala de verdade em política, é algo que me arrepia e penso que não estarei sozinha nessa reprovação de mensagens críticas"

É no mínimo confrangedor que uma psicóloga, ex-deputada à Assembleia da República profira declarações deste calibre. Nota-se que está a aprender com Soares.

se existe alguém a quem a verdade não pertence é aos absolutistas.

Manuela Ferreira Leite nunca se afirmou detentora da verdade. Apenas defendeu e continua a defender a importância de dizer a verdade na política. Trata-se de um slogan como outro qualquer e reduzir a política de MFL a este slogan é desonesto, principalmente depois da recente apresentação do programa do PSD para os próximos 4 anos, programa este cque contém dezenas de propostas concretas e susceptíveis de serem postas em prática.

JAD só se lembra do manifesto nazi? Não haverá nada que lhe traga à memória o gulag, por exemplo?

Como é possível que Joana Amaral Dias, alguém com ambições políticas bem patentes, venha dizer que a arrepia falar em verdade? O que tem ela contra a verdade? Joana, esteja descansada; depois das afirmações de Francisco Louçã sobre as propostas do PSD para a Segurança Social, está claro que não está sozinha nessa reprovação da mensagem de verdade.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Leitura recomendada

Uma coisa muito... muito... típica de José Sócrates, por Helena Matos, no Blasfémias.

Sócrates, a liberdade de escolha e a ideologia igualitarista

José Sócrates afirmou ontem, durante o debate com Paulo Portas, que a possibilidade de os pais escolherem a escola pública que entenderem para os seus filhos, leva à transferência de fundos do sector público para o sector privado. Só não explicou como. Nem poderia, pois não há explicação possível para tamanho disparate.

A questão é muito simples: o socialismo não admite que os pais possam escolher a escola dos seus filhos. Ou são ricos ou cabe-lhes a escola da zona de residência. Ponto. Seja ela boa ou má, gostem os pais ou não! Se os pais não percebem que isso é o melhor para as crianças, é porque ainda não estão suficientemente educados! E já para não falar em quererem que os seus filhos sejam educados de acordo com os seus princípios! Onde é que isso já se viu? Essa agora! Princípios?! Escolhidos pelos pais?! Nãã...

Toda esta palhaçada manifesta claramente os perigos da ideologia igualitarista. Eis umas breves palavra de Blakely y Colbert sobre este "saber de salvação":

"a sua característica mais destacada é a sua tendência para desviar-se em direcção ao totalitarismo quando se ataca a sua particular mistura de teoria e prática. Quando a ideologia igualitária encontra oposição, reage acusando essa oposição de irracionalidade, falta de humanidade... e, negando o direito à opinião contrária. Quando mostra uma face mais amável, é para observar que se o povo resiste a alguma reforma, a sua resistência é explicada pela ignorância e será superada graças à educação; enquanto isso não acontece, há que combater a resistência, ainda que seja através da força".



PS - Foi hoje que se tomou conhecimento das pressões de membros do gabinete de Sócrates sobre Alexandre Relvas, não foi? E foi também hoje que o Jornal Nacional, na véspera de uma reportagem sobre Freeport, sofreu uma interrupção voluntária, não foi?

Debates: Parte I

O primeiro debate entre os protagonistas deste “verão” iniciou ontem com José Sócrates e Paulo Portas.

Numa abordagem objectiva o meu primeiro cartão vermelho vai para o formato.

Não funciona.

Não faz qualquer sentido a existência de tantas regras onde se limita claramente o debate.

Enfim…

Quanto ao debate fiquei com a certeza que José Sócrates não vai ter um verão / outono nada fácil.

Primeiro, porque tem um erro de estratégia que não lhe traz benefício nenhum, a constante evocação do passado.

Será que José Sócrates não entende que quando ganhou a maioria absoluta, há 4 anos, fechou um ciclo?

Será que José Sócrates não entende que Portugal precisa de ter coragem de aprender com o passado e virar-se para o futuro?

Sinceramente, começa a ser incómodo estar sempre a ouvir a história do “verão passado” e não existir uma humildade de José Sócrates para admitir que é a sua politica que vai ser avaliada nas próximas eleições.

E, é aqui que tudo muda, a tentativa de apaziguar as guerras dos últimos anos com os professores, a tentativa de camuflar o desemprego, a incapacidade de explicar os rendimentos mínimos de inserção social, a infelicidade de apresentar dados que apenas convêm serem apresentados.

É aqui que tudo muda, quando do outro lado se apresenta Paulo Portas com uma preparação plena de todos os dossiers, com uma capacidade de argumentação forte e objectiva, com a felicidade de não ter nada a perder.

Espero que os próximos debates sejam melhores e mais produtivos.

E deixo uma nota a José Sócrates (é sempre importante ter um blog onde possa deixar mensagens sem ser criticada por isso): os portugueses querem ter esperança num futuro melhor, mas uma esperança real, não “encenada”, nem “camuflada”.

É fundamental José Sócrates entender isto, para que no próximo verão não diga “ai, porque é que eu não trabalhei (a)sério no verão passado”.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Onde estão os outros 24.497 ?

Curioso fenómeno este, o da imposição de um TGV.

Se repararmos, quando existe gente interessada num novo hospital, numa nova auto-estrada, numa nova escola, numa nova linha de autocarros, ou algo do género, é comum assistirmos à criação da associação de utentes, a directos no Telejornal da RTP, a manifestações de multidões inflamadas por considerarem que existe algum direito fundamental cujo acesso lhes está a ser vedado. Tenham ou não razão, ficamos a saber que existem interessados (por vezes milhares) nessas infra-estruturas.

Em relação ao TGV, o mesmo já não acontece, ou então sou eu que ando distraído. É que, apesar de a RAVE andar a fazer campanha pelo PS, não vislumbro quaisquer interessados/futuros utentes (para além de Lino, Ricardo Salgado e Jorge Coelho - e estes nem sequer dizem que vão utilizá-lo...), na construção do TGV. Afinal de contas, onde estão os outros 24.497 utilizadores diários previstos por Mário Lino?

Alguns poderão apontar este facto, como uma falha de comunicação dos assessores de José Sócrates. Mas eu sei que não é isso que se passa. Afinal, diz que o PS tem tudo pensado e já se dirigiu a uma escola de Castelo de Vide para contratar uns quantos alunos para se manifestarem a favor do TGV! Para além disso, Sócrates conta ainda tirar partido da relação privilegiada que mantém com os estivadores portugueses e conta juntá-los às imagens dos alunos da dita escola! Estava tudo previsto.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Onde está o Zé?

Como podemos ver pelo cartaz anexo, todas as crianças portuguesas estão a aprender inglês técnico. Absolutamente todas!

Parece também que finalmente os assessores de Sócrates resolveram fazer cartazes de jeito; daqueles que não contribuem para fazer descer o PS ainda mais nas sondagens; ou seja, daqueles que escondem o querido líder. Sejamos honestos: não era preciso contratar os assessores de Obama para perceber isso...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sócrates e um certo espírito Gestapo

É sobejamente reconhecida a falta de maturidade democrática dos portugueses. Em geral, o nosso povo confia (já confiou mais...) nos seus governantes. Ou melhor, mais do que confiar nem sequer se preocupa com determinadas questões como, por exemplo, a sua privacidade ou a garantia de que o seu primeiro-ministro (sem motivo justificado) não tem os instrumentos necessários e suficientes para, em poucos minutos, conhecer em detalhe toda a sua vida passada.
Esta falta de maturidade é compreensível. Vivemos numa democracia "à séria" há muito pouco tempo e, para além disso, a pedagogia e o exemplo vindos de cima têm sido uma vergonha.

Perante esta atitude típica dos portugueses os nossos políticos têm três opções possíveis:
1ª ignorá-la,
2ª tentar combatê-la ou
3ª aproveitar-se dela.

O PS há muito que escolheu a 3ª via.

Depois do CITIUS, temos agora a espionagem nos serviços públicos. Não é uma surpresa. A suposta defesa da liberdade por parte da esquerda pós-moderna não passa de mera retórica para "português ver". Que se lixe um orgulhoso passado de luta pela liberdade...

Alguém falou em tiques salazarentos? Numa coisa José Sócrates tem razão: a escolha é mesmo decisiva.


Inspiração pós-férias do Sr. Presidente da República

E vamos lá começar a semana...

O Presidente da República vetou a nova lei das uniões de facto, considerando "inoportuno" que em final de legislatura se façam alterações de fundo à actual lei. Cavaco Silva defende, no entanto, na mensagem que envia à Assembleia da República a explicar o veto que são necessários um “aperfeiçoamento do regime jurídico das uniões de facto” e uma "discussão com profundidade" sobre a matéria.Numa nota publicada hoje no site da Presidência da República, Cavaco Silva sustenta que “na actual conjuntura, essa alteração não só é inoportuna como não foi objecto de uma discussão com a profundidade que a importância do tema necessariamente exige, até pelas consequências que dele decorrem para a vida de milhares de portugueses”.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1397463&idCanal=12