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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Joana Amaral Dias e a psicologia da verdade

A entrevista da menina dos olhos de Mário Soares ao Diário de Notícias de ontem é a todos os títulos notável!

Todos ficamos mais descansados ao saber que Joana Amaral Dias tem quase a certeza de quem é o seu pai. Facto verdadeiramente fundamental para os leitores do DN.

Joana A.D., ainda que protagonista de recente arrufo com o Bloco de Esquerda e de uma sintomática aproximação ao socialismo
mainstream, não consegue deixar de manifestar quais as suas origens políticas.

Mas o que mais surpreende nesta conversa é a aversão que JAD tem à utilização da palavra "verdade". Vejamos:

"a verdade pertence aos absolutistas"

"lembra o manifesto nazi, que tinha logo nas suas primeiras linhas referências sobre os mentirosos políticos"

"Quando se fala de verdade em política, é algo que me arrepia e penso que não estarei sozinha nessa reprovação de mensagens críticas"

É no mínimo confrangedor que uma psicóloga, ex-deputada à Assembleia da República profira declarações deste calibre. Nota-se que está a aprender com Soares.

se existe alguém a quem a verdade não pertence é aos absolutistas.

Manuela Ferreira Leite nunca se afirmou detentora da verdade. Apenas defendeu e continua a defender a importância de dizer a verdade na política. Trata-se de um slogan como outro qualquer e reduzir a política de MFL a este slogan é desonesto, principalmente depois da recente apresentação do programa do PSD para os próximos 4 anos, programa este cque contém dezenas de propostas concretas e susceptíveis de serem postas em prática.

JAD só se lembra do manifesto nazi? Não haverá nada que lhe traga à memória o gulag, por exemplo?

Como é possível que Joana Amaral Dias, alguém com ambições políticas bem patentes, venha dizer que a arrepia falar em verdade? O que tem ela contra a verdade? Joana, esteja descansada; depois das afirmações de Francisco Louçã sobre as propostas do PSD para a Segurança Social, está claro que não está sozinha nessa reprovação da mensagem de verdade.

domingo, 28 de junho de 2009

1984 e a derrota da verdade

A propósito de leis de memória histórica, campanhas políticas, políticas de verdade, estudos da OCDE, 150.000 empregos, PTs e TVIs, etc, publico um pequeno excerto de um artigo de Alfredo Cruz, na Nuestro Tiempo de Maio/Junho 2009

“O perigo que corre quem afirme tais coisas não consiste em que as suas informações possam ser discutidas, nem sequer que após essa discussão acabem por ser refutadas.
O perigo está em que nem sequer se admite começar a discuti-las. E não admitir a discussão implica não admitir, de antemão, que algo se venha a descobrir como verdadeiro. Por outras palavras, significa ter feito da questão da diferença entre o verdadeiro e o falso, uma questão posterior e dependente da posição adoptada pela nossa vontade. Quando, de nenhum modo, queremos que a realidade seja outra do que aquela que nos agrada, não damos à razão a menor oportunidade de nos contradizer.


A mera afirmação de determinadas coisas, a simples proposta de abrir o debate sobre alguns lugares comuns, é um delito que acarreta para quem o comete a mais completa e unânime desclassificação. A ousadia de introduzir certas ideias no discurso público, só se responde com denegrições e gestos de “afectada” indignação, que não têm outro objectivo que não seja o de atemorizar e dissuadir a potenciais insurrectos. Porque o poder que, acima de tudo, aspira a perpetuar-se, sabe perfeitamente que é um perigoso desafio à sua possível permanência que seja forçada a entrar na questão de que se aquilo ao qual apela, aquilo no qual fundamenta as suas decisões, é verdade ou não, é real ou fictício.

(…)
Não é que o poder crie a verdade -como pretende o Partido no romance de Orwell-, mas sim que pode desinteressar-se desta tarefa totalitária porque, simplesmente, o facto de que algo seja verdadeiro ou falso perdeu todo o interesse, o que abre uma via mais cómoda rumo ao totalitarismo.

“Quem controla o passado, controla o futuro”, diz-nos o slogan do Partido. Esta é a forma de despotismo que mais aterroriza o protagonista. “Se o Partido pode chegar com a sua mão até ao passado e dizer que este ou aquele acontecimento nunca teria acontecido, isso seria mais horrível do que a tortura ou a morte.” Talvez poucas coisas se possam considerar mais actuais do que esta. O que diria Orwell acerca de um poder, supostamente democrático, que se arroga a função de estabelecer por lei a verdade sobre o passado? Que podemos temer quando assistimos ao combate tenaz por controlar o passado, por parte de ideologias políticas às quais, no fundo e enquanto tais, só lhes pode interessar o futuro? O que controla o passado controla o futuro…”


* O autor faz uma referência bastante clara à Lei de Memória História recentemente aprovada em Espanha. A propósito deste tema ler isto.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A verdade por vezes é dura... desfaz ilusões.

Manuela Ferreira Leite afirmou numa recente entrevista a propósito das eleições europeias: «Se as perder, perdi-as, não é? Vou fazer por ganhar. Se as perder, perdi. Não tenho que consultar o partido. Não vejo nenhum líder consultar o partido se perder umas eleições. Não creio que o engenheiro Sócrates vá consultar o partido dele ou que o Paulo Portas vá consultar o partido dele. Portanto, essa pergunta ou bem que é generalizada a todos ou não há nenhum motivo para ser dirigida só a mim».

Em primeiro lugar, entendo uma certa frustração de alguns perante esta resposta. Esperariam outra abertura de MFL para uma saída de cena, onde eles próprios preencheriam o papel por ela abandonado.

No nosso país, o falar verdade conta pouco para grande parte dos eleitores. Para além disso, a percentagem dos que percebem se estão a ou a ser enganados é tristemente baixa.

Para além disso, tenho alguma dificuldade em compreender como se pode hesitar na escolha entre alguém com a preparação técnica, experiência governativa, modo de estar na vida política, sentido de estado e ética de Manuela Ferreira Leite, e José Sócrates: o da licenciatura ao Domingo, o do inglês técnico, da correspondência pessoal com cartões do Ministério do Ambiente, dos 150.000 empregos, dos processos aos jornalistas, do desrespeito pela Assembleia da República, dos relatórios da OCDE, do não afinal sim ao casamento homossexuais, da propaganda do Magalhães, de um sistema de informação dos tribunais gerido por um instituto dependente do MAI, etc, etc...

Bem...olhando um pouco à volta, até compreendo...