quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

TGV - Sim ou Não?

“A Comissão de Transportes do Parlamento Europeu apresentou uma proposta, por si já aprovada, que defende que os camionistas devem pagar pela poluição (sonora e do ar) e pelos congestionamentos que provocam. A designada «Eurovinheta» foi aprovada pela Comissão com 31 votos a favor e 16 contra, com o objectivo de que as transportadoras passem a assumir parte dos custos ambientais causados pelos camiões.
No entender da Comissão, os países da União Europeia devem aplicar aos camiões uma «taxa de congestionamento», ou seja, um mecanismo idêntico ao dos outros veículos.
No entender do eurodeputado socialista belga Said El Khadraoui, a medida poderá acarretar «uma pequena revolução no sector dos transportes, porque introduz o princípio de que quem polui, paga».
Segundo avança a Lusa, a proposta terá ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu, situação que deve ocorrer em Março.”

Sendo o TGV uma aposta da Comissão Europeia (CE) e tendo sido efectuados avultados investimentos nesta área, não será prudente para Portugal abandonar o investimento neste projecto (em detrimento de um novo aeroporto ou de algumas concessões com taxas de utilização reduzidas).
Se a CE começar a criar “taxas” para a circulação dos camiões, e não havendo alternativas para a circulação das mercadorias (conforme se presenciou na ultima greve dos camionistas), irão ser os consumidores finais que terão de suportar esses aumentos de custo. Além do mais, é inteligível que a CE irá criar todos os incentivos / penalizações para que se utilize cada vez mais os transportes ferroviários (nomeadamente o TGV) em prejuízo dos Transportes Rodoviários (questões ambientais e retorno do investimento no TGV).
Sabendo que a Linha do Norte continua com problemas crónicos, apesar das avolumadas intervenções a que já foi sujeita, deveríamos olhar para o TGV como uma oportunidade para construir uma nova linha onde pudesse circular somente comboios de passageiros (TGV, Alfa Pendular, Intercidades), ficando a actual Linha do Norte destinada a transporte de mercadorias e comboios de transporte de passageiros de carácter regional.
Admitindo que cada comboio de mercadorias que faça o percurso Porto – Lisboa consegue retirar das estradas cerca de 40 camiões, a poupança ao nível do consumo do Gasóleo (e consequentemente do petróleo) seria significativa traduzindo-se numa expressiva diminuição da importação de petróleo (“é só fazer as contas”).
Infelizmente como Portugal não tem uma politica com visão temporal acima dos quatro anos (ciclos eleitorais), só após “perder” importantes industrias, nomeadamente a Siderurgia Nacional, é que decidiu tomar a decisão de avançar com as intituladas “obras megalómanas”. Avançando com a construção da “linha do TGV” parte do investimento público será “depositado” no estrangeiro (Espanha agradece).
Contudo e contrariamente ao que se passou com o famoso negócio da TAP cujas contrapartidas foram recusadas / esquecidas pelo Governo Português, julgo que ainda vamos a tempo de “exigir” que parte do investimento destinado para o TGV seja, obrigatoriamente, alocada em empresas que laborem em Portugal.

Bruno Rocha

3 comentários:

  1. Caro Bruno:

    1. Acho que a questão não deve ser posta nesses termos: TGV sim ou não? Seria o mesmo que perguntar : Auto-estradas: sim ou não?

    O que se deve perguntar é: TGV com o défice actual? TGV sim, mas em que percursos? Qual o melhor calendário para o TGV? Pergunta somenos importância: HÁ DINHEIRO PARA O TGV? É RENTÁVEL? Bem...se há dinheiro para nacionalizar o BPN (que daria para, segundo dizem, pagar um terço do aeroporto de Lisboa), começo a pensar que em Portugal há dinheiro para tudo e que a dívida pública não é de cerca de 70% do PIB...

    2. Obviamente que se a CE começar a taxar brutalmente todo o transporte rodoviário, é fácil de justificar o investimento no ferroviário...se começar a taxar o consumo de peixe toda a gente começará a comer carne...(arrisco-me a dizer que eu próprio começaria a comer tripas à moda do Porto...)

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  2. Definitivamente NAO!!!!
    Não há dinheiro para aumentar os salarios, logo tamos na pobresa, nunca teriamos dinheiro para pagar 1oo€ por uma viagem daqui a espanha, quando podemos pagar 70 e vamos de aviao em 1/2 do tempo!!!

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  3. João, estou plenamente de acordo contigo. É preciso saber, com exatidão o que está em causa. Churchill dizia "É inútil dizer que estamos a fazer o possível. Por vezes precisamos de fazer o que é necessário". Há que medir bem quanto custa fazer e, também quanto custa NÃO FAZER. Este tipo de custo, de oportunidade, é muitas vezes ignorado, como sabemos. Há investimentos, como é o caso do TGV, que nem sequer estão em cima da mesa no futuro próximo (há quem diga que nem existe futuro...), mas que tem tal importância que deveriam ser concertados entre os dois maiores partidos políticos.

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