segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Maus hábitos

No seu habitual editorial do Expresso, Henrique Monteiro colocou o dedo na ferida. Ainda a propósito do caso Freeport, chamou a atenção para a função do jornalismo numa sociedade livre: o "papel do jornalismo nestas questões é - em duas palavras - ser chato. Não largar o caso, querer tudo esclarecido. Não digo que não haja enviesamentos, manipulações e mentiras, que também as há. Mas limitar-se a culpar o mensageiro ou reduzir tudo a uma conspiração (que não se sabe também se existe), é não entender o direito que a imprensa e a opinião pública têm de controlar os actos do Governo".
Esta era, porém, uma realidade desconhecida do nosso PM e do partido que o sustenta.
O Governo estava habituado a três espécies de jornalismo: o amigalhaço (o do "porreiro, pá"), o adormecido e o silenciado (este, com a complacência da Alta Autoridade para a Comunicação Social). Tudo o resto era marginal.
O Governo começa aos poucos a perceber que a oposição, a crise, as contestações e as greves, provocam leves pruridos, quando comparados com a verdadeira "coceira" desta nova realidade conhecida na generalidade dos países ocidentais por "liberdade de comunicação".
Compreende agora que bem mais desconfortante do que os factos é a divulgação desses mesmos factos.
O Governo tropeçou no quarto poder e não vive bem com isso. Sobretudo porque, desta vez, esse poder não se mostra disponível para ser pressionado, abafado ou silenciado. Ainda que apodado de "campanha negra"...

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