A The Economist desta semana (7-13 Fevereiro), aliás com destaque de capa (The return of economic nationalism), apresenta um conjunto de artigos muito relevantes dedicados ao tema do perigo de um regresso ao proteccionismo económico. É abordada a temática do chamado nacionalismo económico e apresentam-se os seus perigos e efeitos típicos que, ciclicamente, teimam em ser convenientemente “esquecidos”.
Ora, já nos vamos habituando que assim aconteça quanto às anquilosadas estruturas sindicais – que têm demonstrado existirem apenas para servirem(-se) de um paradigma ultrapassado de trabalhadores no activo sindicalizados e que já quase nada terá a ver com a actual realidade laboral. E fazem-no normalmente em claríssimo e imediato prejuízo do próprio emprego em geral, e dos jovens em início de actividade em particular, mas isso serviria para uma outra discussão, que não aquela que aqui se pretende lançar.
O que não se compreende verdadeiramente é que as lições e os exemplos da história – aliás não tão longínqua quanto isso – sejam simplesmente ignorados pelos decisores políticos, económicos e, até, empresários. A esse título, num dos artigos em referência (The return of economic nationalism), evocam-se os exemplos passados de experiências de nacionalismo económico, normalmente implementadas em épocas de crise tão ou mais profundas como a actual, e recorda-se a amplificação dos efeitos da Grande Depressão que foi provocada pela política proteccionista (através do aumento de taxas e criação de barreiras alfandegárias) que nessa altura, e alegadamente como medida para relançamento da economia interna, foi aplicada pelos EUA.
E também a Europa, no pós-Segunda Guerra, viveu momentos particularmente vincados de proteccionismo económico, que apesar disso iam sendo combatidos e/ou minimizados pela integração económica europeia (então CEE). Tais proteccionismos económicos nacionais foram, simultaneamente, causa e efeito daquilo a que se chamou o “custo da não-Europa” ou “euroesclerose”. Mau grado as liberdades de circulação comunitárias, os Estados-membros desmultiplicavam-se na produção de medidas nacionais cujos efeitos imediatos eram os de compartimentar o mercado interno pelas linhas de fronteira dos Estados-membros e de proteger a produção nacional. Como será evidente, o estabelecimento de entraves às liberdades de circulação por via regulamentar e administrativa provoca o mesmo tipo de reacção da existente na situação do beggar-my-neighbour tariff building, embora, como não poderia deixar de ser no caso de uma união aduaneira, por via não alfandegária. O perigo de se reeditarem erros semelhantes ou idênticos é também objecto de aviso num outro muito interessante artigo da The Economist desta semana (Single-market blues – recession is bringing fresh threats to Europe’s single market).
Ora, o resultado deste tipo de políticas proteccionistas – e da Teoria do Campeões Nacionais – foi bem visível: sensivelmente no espaço de uma década (1985-1995) o panorama empresarial europeu alterou-se radicalmente e as grandes empresas, que outrora eram o exemplo da capacidade empresarial de um Estado – e como tal beneficiavam, não raras vezes, de massivos apoios públicos que hoje sabe-se só terem servido, em muitos casos, para escamotear a falta de competitividade e entravar a inovação dessas empresas – faliram estrondosamente ou estiveram no centro do turbilhão das fusões e aquisições (regra geral na veste de empresas adquiridas), em busca da racionalidade económica durante muito tempo desprezada. E contribuíram decisivamente para a estagnação, envelhecimento e perda de importância de muitos sectores de actividade das economias europeias.
Por isso, sempre que assisto a decisores políticos, económicos e, até, empresários defenderem medidas proteccionistas como saída para a actual crise – e os subsídios a empresas moribundas, os auxílios estatais ao funcionamento de empresas e a defesa de preferências a empresas nacionais são o exemplo acabado desse tipo de políticas - dou por mim a reflectir se os mesmos terão verdadeiramente consciência do que estão a propugnar, e que andará próximo de justificar que os nossos parceiros internacionais façam o mesmo relativamente aos seus mercados. Ou seja, trata-se de um “potencial suicídio empresarial nacional”: as empresas nacionais beneficiam de um mercado internacional aberto que, caso vinguem tais tentações, deixará de o ser e assim o perderão.
Ora, já nos vamos habituando que assim aconteça quanto às anquilosadas estruturas sindicais – que têm demonstrado existirem apenas para servirem(-se) de um paradigma ultrapassado de trabalhadores no activo sindicalizados e que já quase nada terá a ver com a actual realidade laboral. E fazem-no normalmente em claríssimo e imediato prejuízo do próprio emprego em geral, e dos jovens em início de actividade em particular, mas isso serviria para uma outra discussão, que não aquela que aqui se pretende lançar.
O que não se compreende verdadeiramente é que as lições e os exemplos da história – aliás não tão longínqua quanto isso – sejam simplesmente ignorados pelos decisores políticos, económicos e, até, empresários. A esse título, num dos artigos em referência (The return of economic nationalism), evocam-se os exemplos passados de experiências de nacionalismo económico, normalmente implementadas em épocas de crise tão ou mais profundas como a actual, e recorda-se a amplificação dos efeitos da Grande Depressão que foi provocada pela política proteccionista (através do aumento de taxas e criação de barreiras alfandegárias) que nessa altura, e alegadamente como medida para relançamento da economia interna, foi aplicada pelos EUA.
E também a Europa, no pós-Segunda Guerra, viveu momentos particularmente vincados de proteccionismo económico, que apesar disso iam sendo combatidos e/ou minimizados pela integração económica europeia (então CEE). Tais proteccionismos económicos nacionais foram, simultaneamente, causa e efeito daquilo a que se chamou o “custo da não-Europa” ou “euroesclerose”. Mau grado as liberdades de circulação comunitárias, os Estados-membros desmultiplicavam-se na produção de medidas nacionais cujos efeitos imediatos eram os de compartimentar o mercado interno pelas linhas de fronteira dos Estados-membros e de proteger a produção nacional. Como será evidente, o estabelecimento de entraves às liberdades de circulação por via regulamentar e administrativa provoca o mesmo tipo de reacção da existente na situação do beggar-my-neighbour tariff building, embora, como não poderia deixar de ser no caso de uma união aduaneira, por via não alfandegária. O perigo de se reeditarem erros semelhantes ou idênticos é também objecto de aviso num outro muito interessante artigo da The Economist desta semana (Single-market blues – recession is bringing fresh threats to Europe’s single market).
Ora, o resultado deste tipo de políticas proteccionistas – e da Teoria do Campeões Nacionais – foi bem visível: sensivelmente no espaço de uma década (1985-1995) o panorama empresarial europeu alterou-se radicalmente e as grandes empresas, que outrora eram o exemplo da capacidade empresarial de um Estado – e como tal beneficiavam, não raras vezes, de massivos apoios públicos que hoje sabe-se só terem servido, em muitos casos, para escamotear a falta de competitividade e entravar a inovação dessas empresas – faliram estrondosamente ou estiveram no centro do turbilhão das fusões e aquisições (regra geral na veste de empresas adquiridas), em busca da racionalidade económica durante muito tempo desprezada. E contribuíram decisivamente para a estagnação, envelhecimento e perda de importância de muitos sectores de actividade das economias europeias.
Por isso, sempre que assisto a decisores políticos, económicos e, até, empresários defenderem medidas proteccionistas como saída para a actual crise – e os subsídios a empresas moribundas, os auxílios estatais ao funcionamento de empresas e a defesa de preferências a empresas nacionais são o exemplo acabado desse tipo de políticas - dou por mim a reflectir se os mesmos terão verdadeiramente consciência do que estão a propugnar, e que andará próximo de justificar que os nossos parceiros internacionais façam o mesmo relativamente aos seus mercados. Ou seja, trata-se de um “potencial suicídio empresarial nacional”: as empresas nacionais beneficiam de um mercado internacional aberto que, caso vinguem tais tentações, deixará de o ser e assim o perderão.
Caro Nuno, parece-me que as principais razões que levam o políticos a propugnar esse tipo de decisões são 2:
ResponderEliminar1- (e como afirmavas)não têm verdadeiramente consciência do que estão a defender (= ignorância, falta de preparação)
2- a procura de ganhos eleitoralistas...