sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mas que timing...

Afinal parece que Manuela Ferreira Leite não esta só, na "política do bota-abaixo".

O que poderá levar economistas conceituados e INDEPENDENTES como, por exemplo, Medina Carreira (antigo militante do PS e ex-ministro das Finanças de Mário Soares), Luis Campos e Cunha (antigo ministro de Sócrates 1.0), Vitor Bento, João Duque, Augusto Mateus (outro ex-ministro PS), entre muitos outros, a defenderem o repensar dos grandes investimentos públicos?

O argumento que apresentam é, na minha opinião, o principal:
“a insistência em investimentos públicos de baixa ou nula rentabilidade, e com fraca criação de emprego em Portugal” só poderá agravar a actual crise e endividar excessivamente o nosso país.

E não é preciso ser especialista em transportes nem sequer ter acesso a eventuais estudos "encomendados" pelo Governo para perceber que o TGV Lisboa-Madrid dificilmente será rentável tendo em conta a alternativa avião (e a comparação entre respectivos preços e tempos de viagem). E já agora o reduzido número de passageiros que diariamente empreende esta viagem (haverá cerca de 15 vôos diários Lisboa-Madrid?)...

E é também sabido que apesar que haver uma cada vez maior integração ibérica a nível de negócios, as novas tecnologias (como a tele-conferência) ainda que, como é óbvio, não impliquem o fim da necessidade destas deslocações, tendem a ter um efeito contrário ao provocado pela referida inter-dependência ibérica.

Mudando agora de perspectiva...não será este um timing bastante favorável ao PS para a emissão deste apelo? Obviamente que se trata de uma coincidência que alguns dias após o anúncio do adiar das decisões finais sobre o TGV para a próxima legislatura saia este apelo.
Mas que dá jeito, dá...já imagino Sócrates 2.0, com ar combalido, de beicinho, cabisbaixo a dizer "é apenas mais um sinal de abertura deste governo que sempre soube estar atento a todos os quadrantes da sociedade"!

Por isso pergunto? De que dados dispomos agora que não dispúnhamos há 12 meses atrás?

Sem dúvida que se trata de uma iniciativa louvável, mas talvez ligeiramente tardia...



4 comentários:

  1. I Parte

    É sensato travar
    o TGV e outros que tais,
    pois não se deve incentivar
    descalabros orçamentais!

    As dúvidas são evidentes
    na respectiva rentabilidade,
    com razões estridentes
    não se conquista razoabilidade.

    A falta de razoabilidade
    e da mais pura sensatez,
    desmascara a humildade
    de gente de rosácea tez.

    II Parte

    Não falando verdade
    sobre dados orçamentais,
    a propalada humildade
    ganha contornos brutais.

    As palavras acusadoras
    contra políticas antecedentes,
    parecem não ser merecedoras
    de sibilos tão estridentes!

    Quem mais jura
    mais mente,
    tamanha é a perjura
    de quem fala cegamente.

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  2. Parece-me que há aqui uma confusão entre o repensar e estudar e o estar contra. Se estamos contra não é preciso repensar o que está pensado. Se os investimentos são rentáveis, seguramente que não há receio em voltar a comprovar a sua rentabilidade. A iniciativa até é boa, mas não deixo de estranhar economistas como o Mateus, que esteve ou está nos estudos da OTA, do TGV, de Alcochete... Será que os estudos também não tem que justificar a sua rentabilidade? E os ilustres candidatos a membros do conselho de sábios que vai estudar não serão os mesmos de sempre?

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  3. Paulo,

    os que vão estudar são os mesmos. Os pressupostos (nomeadamente previsões para os próximos 100 anos) são assim tão diferentes? O que mudou nos últimos meses? Se o investimento é para 100 anos, o factor crise não deverá pesar assim tanto. Para além disso, durante a fase de construção, os encargos financeiros serão até eventualmente mais baixos devido à baixa nas taxas de juro...

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  4. Pois, o verdadeiro problema é que não existe qualquer credibilidade nos processos políticos de tomada de decisão. E nem podia haver, não é? O que faz falta é um governo credível, em que se possa confiar. E, como sempre disse, o TGV já estava "adiado" há muito. Só faltava saber se íamos ter uma cerimónia de inauguração de uma obra por fazer, ou um "acto de contrição" e o anúncio de um adiamento de uma obra que nunca arrancou.

    No meio disto tudo gastam-se uns milhõezecos em estudos e concursos... Não se esqueçam que a previsão optimista para o arranque das obras do TGV sempre foi 2011...

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