quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Teixeira dos Santos e as previsões da Comissão Europeia

Segundo a imprensa diária, Portugal é um dos poucos países europeus sem medidas de recuperação para 2010. Segundo Teixeira dos Santos “medidas para 2010 serão apresentadas no âmbito da política orçamental do próximo ano, temos é de estar preocupados é com medidas para 2009”. À partida, estas palavras do nosso ministro das finanças poderiam evidenciar alguma falta de visão, não já de longo prazo, mas pelo menos de médio prazo...ou até, tendo em conta que estamos a falar de um prazo menor do que um ano, de curto prazo! Mas também não devemos ser injustos para com o nosso governo; afinal os nossos governantes terão de reservar o necessário espaço na sua agenda para todas as inaugurações, aberturas, reaberturas, rearranjos, instalações, protocolos, restauros, etc, possíveis e imaginários durante 2009. Se a autoria de tais projectos é inteiramente da responsabilidade da iniciativa privada, melhor ainda! Chama-se a RTP, a LUSA, dá-se início ao comício e o circo/campanha eleitoral está montado!

A propósito das previsões de Bruxelas que apontam uma recessão de 0,2% para 2010 em Portugal e Espanha, Teixeira dos Santos afirma que esses números “valem o que valem”. Perante o constante desacerto das previsões apresentadas pelo nosso Governo (por coincidência sempre demasiado optimistas, para não dizer demagógicas), é caso para dizer que os números saídos do Ministério das Finanças “valem o que não valem”.

Enquanto isso, o nosso Banco de Portugal, depois da já evidenciada incompetência no que à supervisão bancária diz respeito, veio através do seu governador Vítor Constâncio afirmar que “as suas previsões feitas a 6 de Janeiro, se as fizéssemos hoje seriam mais negativas, porém não tanto como as da Comissão Europeia”. Sejamos justos…também já passaram 14 dias desde as últimas previsões do BP…Segundo Constâncio, espera-se que Portugal “cresça qualquer coisa”…

Também segundo Vítor Constâncio, “a inflação será muito baixa em 2009, o que vai aumentar o rendimento disponível das famílias”. Espera lá? Porque não somos economistas podemos pôr a questão: “A equação está completa?”…Sim, já sabemos que os aumentos no sector público vão ser maiores do que a inflação (apesar de serem algumas centenas de milhar de eleitores, não são a maioria dos trabalhadores portugueses). Sim, o salário mínimo vai aumentar em termos percentuais consideravelmente mais do que a inflação (e já agora, do que a produtividade). Mas e os “aumentos” no sector privado? E o aumento acelerado do número de desempregados? Não entram para o cálculo?

3 comentários:

  1. O Senhor Governador do Banco de Portugal, em discurso rectificativo ou mesmo suplementar, virá certamente dizer que o que vai aumentar é "o rendimento disponível de algumas famílias" ou melhor "o rendimento disponível das famílias às quais ainda restem algumas disponibilidades"...

    Carlos Sá Carneiro

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. A propósito do tema "medidas de recuperação económica", ou "pacotes anti-crise", e para quem tem interesse e/ou curiosidade e/ou necessidade, recomendo a leitura de um estudo do FMI, em http://www.imf.org/external/pubs/ft/spn/2008/spn0801.pdf

    Paulo Lobo

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