Nogueira Leite, a propósito da remuneração do Presidente da EDP, veio em sua defesa falando de um contrato livremente aceite entre as partes, em regras de mercado e associando a crítica à inveja e mediocridade.
Porque critiquei aqui os valores auferidos pelo Presidente da EDP e porque não me considero invejoso (deixo a questão da mediocridade para a avaliação de outros), decidi escrever um pouco mais sobre o assunto.
O primeiro comentário que gostaria de fazer é que, longe de mim pensar em quebras contratuais. O facto de criticar um contrato não pressupõe que admita quebrá-lo.
O Estado também não deveria permitir qualquer incumprimento contratual. Aquilo que julgo deveria fazer, antes, era aproveitar a extraordinária generosidade revelada no caso pela EDP (generosidade tanto maior quanto se imagina ser a mesma extensível aos demais trabalhadores, até porque fruto de extraordinários resultados da empresa), para evidenciar junto da entidade reguladora do sector o manifesto desequilíbrio existente entre os interesses daquela e o dos seus consumidores. Estou certo que o regulador, sobretudo em momentos difíceis como os que atravessamos, vendo tamanha fartura de um dos lados da equação, não deixaria, naturalmente, de ser levado a rever fortemente em baixa a política de preços praticada pela EDP, fazendo com isso estender a generosidade desta, também, aos seus consumidores.
Estou certo que se o regulador retirar as necessárias consequências de tamanha fartura por parte da EDP a graça não se repete novamente, ou, se se quiser, o mercado em matéria de remunerações passa a funcionar de outra forma.
Um segundo comentário prende-se com a inveja. É verdade que, causa ou consequência de sermos um país pobre, somos um país onde a inveja pelo o que os que mais têm campeia. Mas essa inveja resulta, também, de sermos um país que distribui muito injustamente os seus recursos e onde a falta de regras e de exemplo levam a que todos desconfiem de todos, nomeadamente do mérito.
Termino dizendo que considero que as pessoas devem receber em função do seu mérito e dos seus resultados, mas que creio que alguns valores remuneratórios que têm vindo a ser falados, mormente em algumas empresas monopolistas, ou quase monopolistas, ultrapassam, sob qualquer perspectiva, a medida do razoável. Não sei quais serão os valores razoáveis mas sei, ainda que intuitivamente, quando estamos perante valores totalmente inadequados.
Porque critiquei aqui os valores auferidos pelo Presidente da EDP e porque não me considero invejoso (deixo a questão da mediocridade para a avaliação de outros), decidi escrever um pouco mais sobre o assunto.
O primeiro comentário que gostaria de fazer é que, longe de mim pensar em quebras contratuais. O facto de criticar um contrato não pressupõe que admita quebrá-lo.
O Estado também não deveria permitir qualquer incumprimento contratual. Aquilo que julgo deveria fazer, antes, era aproveitar a extraordinária generosidade revelada no caso pela EDP (generosidade tanto maior quanto se imagina ser a mesma extensível aos demais trabalhadores, até porque fruto de extraordinários resultados da empresa), para evidenciar junto da entidade reguladora do sector o manifesto desequilíbrio existente entre os interesses daquela e o dos seus consumidores. Estou certo que o regulador, sobretudo em momentos difíceis como os que atravessamos, vendo tamanha fartura de um dos lados da equação, não deixaria, naturalmente, de ser levado a rever fortemente em baixa a política de preços praticada pela EDP, fazendo com isso estender a generosidade desta, também, aos seus consumidores.
Estou certo que se o regulador retirar as necessárias consequências de tamanha fartura por parte da EDP a graça não se repete novamente, ou, se se quiser, o mercado em matéria de remunerações passa a funcionar de outra forma.
Um segundo comentário prende-se com a inveja. É verdade que, causa ou consequência de sermos um país pobre, somos um país onde a inveja pelo o que os que mais têm campeia. Mas essa inveja resulta, também, de sermos um país que distribui muito injustamente os seus recursos e onde a falta de regras e de exemplo levam a que todos desconfiem de todos, nomeadamente do mérito.
Termino dizendo que considero que as pessoas devem receber em função do seu mérito e dos seus resultados, mas que creio que alguns valores remuneratórios que têm vindo a ser falados, mormente em algumas empresas monopolistas, ou quase monopolistas, ultrapassam, sob qualquer perspectiva, a medida do razoável. Não sei quais serão os valores razoáveis mas sei, ainda que intuitivamente, quando estamos perante valores totalmente inadequados.
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