segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eu conheço um engenheiro na Câmara..

Existe na minha terra um ditado que se aplica com muita frequência e que diz: - Roubar para comer não é pecado. O problema está na extensão desta regra. Quando algo nos faz falta sempre se pode alegar o ditado. Assim se compreende que possam persistir autarcas que são suportados e até venerados. Porque até desviam verbas, mas é para a comunidade, para o campo de futebol, para a estrada... E até podem desviar algum para eles próprios, mas o que conta é que apesar de tudo fizeram obra!
No Estado não há Pai. Se se desviou, foi ao Estado, ou seja, foi a todos, e a ninguém...
Se criticamos o funcionalismo público e a discrepância de direitos com o sector privado, como fazê-lo? Quem não tem na família um funcionário público?...
É preciso fazer umas obras e licenciá-las? Logo se responde: -Eu conheço um engenheiro na Câmara... e o problema fica despachado.
Este nacional-porreirismo faz com que todos estejamos comprometidos... Como culpar os outros se também fazemos o mesmo?
E só assim se compreende a estranha aceitação pública destes comportamentos.
Gera-se o silêncio...

Que fazer, quando nos apercebemos que grande parte do nosso problema está nesta pequena arrumação de critérios?

A União Europeia já muito contribuiu para a melhoria, porque nos tem aumentado a Regulação da Economia e do Estado. Não que os europeus sejam menos corruptos, só que se torna mais difícil prevaricar.
Também a afinação da máquina fiscal, com a sua fome, quando não orientada sempre aos mesmos, aumenta a justiça fiscal e a sã concorrência.
A transformação deverá ser de todos, por iniciativa e responsabilidade de cada um. Mas sem dúvida que para começar a mudança, o papel das lideranças é exemplar.
Talvez não seja necessário, e por vezes não aconselhável, apregoar a verdade, bastará primeiro praticá-la... E só depois explicá-la.

Sem comentários:

Enviar um comentário