segunda-feira, 15 de março de 2010

A Política (na sua mais nobre função), será salva, por quem esteja plenamente na política, mas não se pareça nada com os “políticos”.

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Sou um “neófito” na política. Vejo a política como uma arte nobre de serviço à comunidade.

Quando comentei em amigos que iria assistir ao Congresso do PSD no Sábado 13 Março, recebi entre outras, estas duas respostas antagónicas, (literal):

A. “ - No congresso do PSD???? Estás louco ou andas metido no tráfico de influências?”

B. “- Ainda ontem em conversa , dizíamos que é muito mais fácil criticar do que FAZER. Já nem digo fazer BEM FEITO (que isso ainda é mais difícil) mas simplesmente tomar a iniciativa, assumir a responsabilidade. Felicito a tua iniciativa e assumo o meu interesse num maior envolvimento futuro (apesar da minha ignorância). E julgo também que o PSD poderá ser o melhor meio para atingir o fim.”

No Congresso, pude observar como é ténue a fronteira entre o interesse dissimulado, a vaidade pelo exercíco da retórica e do poder, e o serviço altruísta e dedicado da verdadeira política, pelo qual tenho um enorme respeito.

Alhear-me, ou alhear-mo-nos, é fácil, basta criticar.

No decurso do dia de Sábado do Congresso, houve um pouco de tudo, e uma dinâmica notável pelas melhores e piores razões... Mas o discurso que mais me seduziu foi o de Fernando Costa, Presidente da Câmara das Caldas da Rainha. Pela sua coragem, sem medo, a dizer o que pensava. A ir contra o “políticamente correcto”, por ser genuíno. Até o seu “tique” de afagar o cabelo lhe dava credibilidade. A beleza da democracia está quando quem a vive próximo dos cidadãos e dos militantes de base, tem acesso ao púlpito e fala por estes. Foi o seu discurso e a sua forma, que mais me deu alento para acreditar que a política vale a pena.

Recordo um frase de MAURIAC: “- O Mundo será salvo por quem esteja plenamente no mundo, mas não se pareça nada com ele”.

E eu adaptaria: - A Política (na sua mais nobre função), será salva, por quem esteja plenamente na política, mas não se pareça nada com os “políticos”!.


Estamos num momento difícil, que me faz recordar a crise de 1980-85. Tinha 10 anos quando Sá Carneiro morreu e jamais esquecerei a tristeza e o quebrar de um sonho que crescia. Havia políticos com verdadeiro sentido de estado, preparação e dedicação. Vivi o “apertar do cinto”na minha família e assisti ao renascimento com Cavaco Silva em 1985 e aos 10 anos de prosperidade que se seguiram. Depois tivemos 15 anos de “aburgesamento” da política e da sociedade civil, e caminhámos cegamente para o estado actual. Quem devia, alheou-se da política, e esta foi “tomada” pelos que dela se servem, “abafando” os poucos que ainda mantêm o espírito de serviço.

Por tudo isto, identifico-me particularmente com palavras do texto seguinte de Pedro Passos Coelho. Na enorme distância que medeia entre a beleza do discurso e a sua real execução, eu desejo e considero um imperativo nacional, que tal aconteça:

“A minha experiência diz-me que a vida política precisa, cada vez mais, de pessoas que para ela transitem dos sectores produtivos, da vida empresarial, da ciência e da cultura, enriquecendo o debate e levando consigo as inquiteações que grande parte dos dirigentes políticos actuais ou não conhecem (por estarem afastados do mundo real), ou desejam esconder (porque nunca souberam lidar com elas), ou apenas não interessam (porque têm da política uma visão absolutamente lamentável, onde as pessoas reais não contam). O conhecimento da vida das empresas e das dificuldades da “vida civil”, o contacto próximo com os problemas da vida real (práticos, elementares, vísiveis, imediatos), pode constituir um valioso instrumento de análise e e definição das prioridades quando se está na política. Infelizmente, a vida dos partidos e a vida do Estado estão em grande parte percentagem inquinadas por uma geração de políticos profissionais cujos currículos se constituriam no interior dos aparelhos partidários e dos interesses que aproveitaram as brechas entretanto criadas no sistema. É urgente que se altere este panorama. Que mais “pessoas concretas” sejam chamadas a pronunciar-se sobre a política – e a fazer política. E a mudá-la”.
(MUDAR, Pedro Passos Coelho , Editora Quetzal, 2010, págs. 67,68)

1 comentário:

  1. Muito Bem!!!

    Fico Orgulhoso por também ser culpado da descoberta deste cidadão que estava perdido, aliás fazia parte de maioria alheia à política," Quem devia, alheou-se da política",

    Concordo e identifico-me Plenamente com a a tua visão do congresso.

    Parabéns.

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