quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Os esquecimentos do PM

“Não conheço esse negócio, só tive conhecimento dele ontem pela comunicação social, mas a Caixa Geral de Depósitos tenho a certeza que estará disponível para essa explicação”. Assim justificou ontem o PM, José Sócrates, a falta de conhecimento do negócio que envolveu a compra, pela CGD e a Manuel Fino, de acções representativas de 10% do capital da Cimpor.
Isto, após na passada sexta-feira, o PCP e o BE terem questionado o Governo sobre esta operação, e o próprio deputado socialista Vera Jardim ter solicitado esclarecimentos ao ministro das Finanças sobre a justificação de uma transacção 25% acima do valor de mercado - assim pagando mais 62 milhões de euros - e com uma cláusula de direito da recompra das acções, no prazo de três anos.
Apesar da, actual e compreensível, pouca sensibilidade do PM para escândalos económicos e políticos, José Sócrates começa a revelar sinais de um preocupante desgaste e de uma "idade avançada", recordando-se minunciosamente de acontecimentos ocorridos há anos - com o que frequentemente ataca a oposição - mas esquecendo frequentemente o que se vai passando nos tempos mais próximos.
Nestes estados de "idade avançada" só a aposentação permite uma saída de palco conservando alguma honra e dignidade.

2 comentários:

  1. Fico preocupado por ninguém esclarecer quais as boas práticas neste tipo de negócio, comuns a qualquer banco: Não é só o empresário em questão que pode comprar acções com recurso a crédito dando as mesmas como garantia - qualquer investidor o pode fazer. normalmente o banco estabelece um limite de quanto está disposto a financiar (ex:60%) e um limite de segurança (ex:80%) abaixo do qual exige reforço da garantia ou liquida os títulos. Assim, um investidor que se proponha a comprar 1000 acções de uma empresa a 1 EUR, obtém do banco 600 EUR e só tem de investir 400 EUR. Quando a cotação baixar de 1 EUR para 75 cêntimos, o investidor ou reforça a garantia - por exemplo com um depósito no banco em questão, ou o banco vende as acções, fica com os 600 + juros e entrega o excedente ao cliente. O ónus do risco de mercado nunca fica do lado do Banco, como, ao que parece, ficou agora. Porquê?

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  2. atriboeminha: o que dizes é perfeitamente ajustado a situações de empréstimo para aquisição de acções, onde se aplica um "haircut" que funciona da forma que referes. Neste caso as circunstâncias são um pouco diferentes. Nesta notícia, http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1045581&div_id=1728 podes ver a explicação da CGD. Penso que o Parlamento pode ter aqui uma importante função clarificadora e penso que o PSD até já solicitou a presença do Banco na Assembleia. Há que esclarecer a opinião pública.

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