quinta-feira, 23 de abril de 2009

Grandes obras públicas: se isto não é irreponsabilidade, então não sei o que será...

A concretizarem-se as previsões do FMI a que faz referência a Dulce Gomes, estaremos perante um cenário no mínimo dramático. 600.000 desempregados!

Não sou dos que dizem que a culpa da crise é do governo. Terá a sua quota-parte de culpa, pois em vez de preparar o país para enfrentar a realidade que se adivinhava, preocupou-se mais em distribuir Magalhães (que muitos alunos já não sabem onde param), a fechar maternidades e a pagar abortos, a fazer frente aos professores, a levar a cabo práticas de desorçamentalização, a deixar cada vez mais falidas as empresas de transporte público (CP, Metro do Porto; Carris, etc), a gastar dezenas de milhares de euros em operações triunfo, etc, etc.

Não percebo como pode o Governo andar para aí a lançar concursos para obras faraónicas, quando nos próximos anos terá de fazer um esforço financeiro enorme para apoiar os mais desfavorecidos. Se isto não é irresponsabilidade, então nao sei o que será...

Mas como na altura de pagar a factura, os actuais governantes desempenharão já cargos de topo no sector empresarial (na construção de preferência, e não será na função de trolhas, embora fosse o mais adequado para as suas capacidades técnicas...), quem vier que apague os fogos.

P.S. - Como é óbvio não é mínha intenção ofender quem tem a profissão de trolha, pela qual tenho o maior respeito.

7 comentários:

  1. As obras do aeroporto e do TGV nunca se iniciarão antes de 2011. Desta forma não são faraónicas, por e simplesmente não existem e ainda estão muito longe de serem executadas. É uma ficção para convencer o povo que se está a fazer muita coisa. O próximo Governo virá muito a tempo de ajustar o que entender.
    Vamos lá então discutir as outras grandes obras públicas faraónicas.... Já agora, quais são?

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  2. Paulo,
    o próximo Governo pode muito bem (esperemos que não) ser do PS.
    E para 2011 não é uma data lá longínqua...falta pouco mais de um ano e meio.

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  3. Se a discussão for em torno de assuntos como medidas para combater a crise, emprego, desemprego, sustentabilidade das contas públicas, então esquece as tais obras "faraónicas". Vamos tentar olhar para os gastos faraónicos que não se estão a traduzir em nada palpável, as contas que não são prestadas, a falta de estratégia.... Em Espanha, sim, podem discutir os gastos no TGV, porque o TGV tem uma pequena particularidade: existe.

    El gestor de infraestructuras ferroviarias, se ha puesto a funcionar a toda máquina para llegar cuanto antes a la estación de la recuperación económica. El organismo dependiente del Ministerio de Fomento, consciente de que es un pilar para reactivar la renqueante maquinaria económica, está modificando el esqueleto de los concursos que gestiona, con el objetivo de acelerar las adjudicaciones y aflojar los corsés económicos que deben soportar las empresas contratistas.

    Mais importante que discutir se as obras são faraónicas é perceber onde é que estas se enquadram na estratégia de longo prazo para desenvolvimento do território nacional. Que país queres daqui a 20 anos e o que é verdadeiramente importante para que esse país possa ser concretizado? Nesse enquadramento há espaço para ajustar calendários, planos, etc. O que não há é espaço para andarmos para aqui a ver o que, em cada momento, "achamos" que é melhor ou pior. Bem, mas eu prometo postar qualquer coisa sobre isto brevemente para que me possam destruir a argumentação...

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  4. Paulo,
    Prometo que não me pronunciarei sobre o teu anunciado post! :-)
    Até porque as razões que aponto para discordar do timing do TGV não estão fundamentadas em estudos como o está a opção do governo. Mas ambos sabemos também que podemos arranjar estudos para todos os gostos. Até para construir aeoroportps no deserto! :-)

    Abraço!

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  5. Desculpa lá mas vou utilizar uma caricatura tosca para ilustrar o que digo: Imagina que um Governo iluminado decide que a solução para o País é desenvolver Lisboa e abandonar o resto do País. Nessa lógica, seria imprescindível um Novo Aeroporto em Lisboa, um TGV Lisboa-Madrid e, eventualmente, um muro para impedir os esfomeados do resto do País de entrar no território "desenvolvido". Estas seriam, neste cenário, infra-estruturas imprescindíveis. Se quiseres desenvolver a economia do Norte, apostando no tecido empresarial, etc, (algo ainda mais idiota e impensável que o cenário anterior), terias que apostar no reforço da conectividade do Porto de Leixões e do Aeroporto Sá Carneiro, numa situação em que se poderia justificar mais apostar na ligação Porto-Vigo que no resto da rede.

    Mas não posso deixar de concordar contigo num aspecto: Estas obras podem ser perfeitamente faraónicas porque não vejo nenhuma estratégia a médio / longo prazo. É como apostar na renovação do Parque Escolar quando a politica da Educação é o facilitismo e o certifiquismo (em vez de dar formação dás certificados). Com essa "estratégia" mais valia oferecer Playstations aos alunos e reduzir o IVA nas pizzas ao domicílio. Para quê gastar tempo e dinheiro na Escola?

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  6. lol!

    só uma ideia em relação ao TGV Lisboa-Madrid: não me parece que haja passageiros suficientes para rentabilizar o investimento...

    Existem neste momento duas grandes tendências de sentido oposto, que condicionam o fluxo futuro de passageiros nessa linha:

    1º Crescente centralização ibérica dos escritórios corporativos de empresas multinacionais.

    2º Desenvolvimento tecnológico que "substitui" em grande parte as sempre caras deslocações entre as duas capitais

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  7. Esse é exactamente o tipo de argumentos que devem ser analisados. Mas pensa no que se passa hoje na relação Porto - Lisboa. Num cenário em que nos tornamos uma província de Espanha, o TGV fará falta como nunca!

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