O Congresso do PS, que decorreu nestes últimos dias, revelou-se num hábil e filosófico exercício de tese e de antítese, sem a natural evolução para a síntese.
Concretizando:
O PS afirmou, à exaustão, a sua qualidade de "partido de esquerda". Ao longo de 4 anos, o PM e o Governo exibiram práticas que fizeram corar a dita direita e implementaram políticas claramente lesivas dos direitos e legitimas expectativas dos trabalhadores, em especial dos funcionários públicos.
O PS apresentou-se como o partido da tolerância e da inclusão. Como se a conhecida arrogância do PM e as permanentes incontinências verbais do "caceteiro-mor do Reino", Augusto Santos Silva, pudessem ser tão facilmente branqueadas.
O PS reclamou-se como o campeão da democracia e do pluralismo. Quando o PM e o Governo sempre desprezaram o eleitorado e nunca evitaram pressões sobre jornalistas e meios de comunicação social, nem sobre estruturas sindicais, nem mesmo curiosas rotinas de controlo de manifestações.
A Tese traduz-se assim na verbalização das políticas do PS; a Antítese nas práticas do PM e do Governo.
Votando neste "renovado" PS (na Tese), o Povo - aquele que disseram ser "quem mais ordena" - arrisca-se a eleger o "velho" PM e idêntico Governo (a Antítese). Bem sabendo que a tão invocada "legitimidade democrática" e sobretudo a ideia de "representatividade" terminarão no dia a seguir às eleições.
E quem quererá experimentar mais uma amarga sensação de day after?
Eu seguramente não quero experimentar essa sensação! E espero que a maioria dos eleitores tenham aprendido a lição. Disso, infelizmente, já nao estou tão certo...
ResponderEliminar