quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As 50 medidas do Governo para estimular a economia

Mais que o excessivo número de medidas ou a sua completa falta de concretização, é o seu carácter de excepção que me preocupa: é com novas e diferentes regras, e não com excepções, que o país pode ultrapassar os seus constrangimentos.
Instalado que está o desnorte e o "estado de urgência", parece que muitos se esqueceram das razões pelas quais um regime de excepção tem de constituir, necessariamente, uma excepção: a impossibilidade ou inconveniência da sua generalização e o consequente aumento de burocracia que implica. Não é difícil perceber que a gestão de dois regimes é mais complexo e implica mais gente que a gestão de um só regime. Ora, não é seguramente de maior dependência do Estado, de mais favor e de mais corrupção que nós estamos a precisar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Parte da solução ou parte do problema?

Não se percebe como é que o açúcar desaparece das prateleiras em Portugal...

Até porque em 2009 - numa medida da qual Paulo Rangel se sentiria orgulhoso - o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas aprovou o Programa Nacional de Reestruturação para o Sector do Açúcar...

Querem ver que isto não vai lá com "ajudas suplementares à diversificação", com "apoios à criação de actividades alternativas na vertente utilização biomassa", com "complementos a investimentos em infra-estruturas relacionadas com a evolução e a adaptação da agricultura" ou com a "criação de serviços de apoios à gestão de recursos hídricos" ?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Marques Mendes na TVI24

aqui o sugeri uma vez mas vale a pena repetir: o programa do Marques Mendes às 22.30h na TVI24 é, hoje em dia, o melhor programa de opinião política: curto, certeiro, incisivo, marca muitas vezes a agenda dos dias seguintes, como foi este final de semana o caso do regime compensatório para funcionários açorianos, ou o caso da nova empresa que este Governo pretende criar.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ANA é o novo mecenas do Teatro Nacional São João

A que propósito é que uma empresa pública cuja situação económica não é brilhante vira mecenas? não será melhor que utilize as folgas que pelos vistos dispõe para reduzir os custos aeroportuários, melhorando por esta via os chamados "custos de contexto" das empresas a operar em Portugal?
Se o Estado pretende financiar a cultura, prefiro que o faça directamente e em resultado de uma qualquer opção política. Com efeito e bem analisadas as coisas, quem autorizou a ANA a fazer mecenato com o meu dinheiro?
Só espero que esta opção empresarial da ANA de doar dinheiro público para este concreto mecenato nada tenha que ver com as recentes discussões à volta do modelo de gestão do aeroporto Sá Carneiro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A toda a prova

Não fosse a minha fé inabalável na honestidade e na atitude de desapego de José Sócrates em relação ao poder, ainda me poderia passar pela cabeça que o senhor primeiro-ministro estaria a tentar manter-se no poder até à provável intervenção do FMI.
Claro que nessas circunstâncias, a "estabilidade seria mais necessária do que nunca", as "coligações negativas" nefastas para o país e a necessidade de um "parceiro para o tango" ainda maior...
Mas não. Não é possível. Conhecendo Sócrates como o conheço, sei que nunca poria os seus interesses à frente dos de Portugal.

domingo, 7 de novembro de 2010

Civil e criminalmente....

Quem passa por zonas industriais deste país (agora zonas empresariais) vê que, para quem possui liquidez, um dos negócios do momento é a construção de pavilhões para aluguer. Uma excelente oportunidade de negócio está na construção de prisões para alugar ao estado! É que a avançar a proposta de Pedro Passos Coelho não haverá certamente prisões para tanta gente...
Para o estado resolver o problema podia sempre optar por mais uma Parcerias Público-Privado, mas dizem que estas também podem ter incluído pacotes de férias.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda o acordo relativo ao OE

Creio que, em termos globais e por mérito da actual direcção, o processo de negociação do orçamento correu bem ao PSD. A escolha de Eduardo Catroga foi bastante feliz. Sócrates sai cada vez mais marginalizado e Passos Coelho com a imagem reforçado; Marcelo tem razão.
Só tenho dúvidas numa questão: não teria sido melhor que, a partir o anúncio de ruptura das negociações de 4ª feira de manhã, o PSD simplesmente anunciasse a abstenção e não aparecesse como co-autor deste orçamento? Por outro lado, também é verdade que com o retomar das negociações o PSD conseguiu algumas cedências por parte do PS, como são o caso da limitação do fim das deduções fiscais no IRS aos dois escalões de rendimentos mais elevados ou a manutenção de todos os bens alimentares no escalão mais baixo do IVA; e esse é um activo que pode ser bem explorado.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Propostas para o orçamento - RTP

Já que é preciso cortar tanto gordura, porque não privatizar a RTP? Além do encaixe da venda, a contabilizar em 2011, são 300 milhões de Euros por ano! Vale a pena pensar nisso.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ainda o Orçamento

Circulam por aí umas teses, com inegáveis méritos, de que o PSD deveria chumbar o Orçamento de Estado. Quem as defende pretende uma ruptura com o passado. Sucede que para que tal ruptura possa ser um argumento de análise a ponderar impõe-se que, por um lado, o PSD apresente um programa de ruptura, coisa que já poderia ter feito e que deseperadamente espero que faça antes ou durante a discussão do Orçamento de Estado e, por outro lado, que não se chegue ao ponto em que as instituições internacionais tenham de intervir no país.
Se o PSD não apresentar um programa de ruptura (ainda que por etapas) antes ou durante a discussão do orçamento e caso opte por chumbá-lo, quando é que terá ocasião para apresentar tal programa de ruptura? daqui a cerca de um ano, na altura da campanha eleitoral e contra as medidas acordadas pelo PS com a UE e o FMI? Que credibilidade poderá ter o PSD se não responder ao desafio do Ministro das Finanças para apresentar cortes de despesa alternativos aos aumentos de impostos propostos?
Se se der o caso de as instâncias internacionais terem de entrar no país, expliquem-me que medidas poderá o PSD apresentar daqui a 1 ano que sejam diferentes e se afastem das medidas acordadas pelo PS com aquelas instâncias?
Faz bem o PSD em pressionar o Governo a negociar mas, se este, tal como me parece ser uma evidência, mantiver o interesse em não ver aprovado o seu Orçamento, creio que não haverá muitas outras alternativas para o PSD se não zurzir na proposta de Orçamento de Estado, apresentar as suas alternativas e, por fim, abster-se. Isto para que, quando chegar a sua vez, possa efectivamente proceder a uma inversão no rumo do país.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Chumbo do Orçamento de Estado

Porque tudo aponta para que o Governo pretenda um chumbo do OE e para que o PSD não fique na posição de quem apenas diz "não", impõe-se que com a maior urgência indique quais os cortes de despesa adicionais que faria para evitar o aumento de impostos. Poderá começar pelos cortes indicados por Marques Mendes, continuando pelos que PPC indicou aquando da sua campanha, nomeadamente pela privatização da RTP, e todos os outros que puder e souber. Acabe-se de uma vez por todas com as generalidades e abstracções! arrisque-se uma solução alternativa enquanto faz sentido tê-la, ... antes que nos imponham outra.

Orçamento de Estado

A forma rápida e liminar como o Governo recusou a abertura dada pelo PSD, agora por intermédio de Miguel Relvas, para negociar o OE deixa claro que é sua intenção esticar a corda até ao intolerável, ou mesmo para lá disso. O Governo quer eleições!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Perigosa optimista!

Dou agora razão àqueles que consideravam que Manuela Ferreira Leite não tinha condições para governar o país. Ela era, efectivamente, de um optimismo desmesurado!

sábado, 18 de setembro de 2010

Proposta de revisão constitucional

- Os destaques: aqui

- O quadro comparativo entre algumas soluções constitucionais em diferentes países europeus;

- O projecto de revisão, aqui.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Revisão Constitucional e PSD

Para quem pudesse ter dúvidas, aqui está uma das razões pela qual nunca se deveria ter aberto esta discussão sobre a revisão da Constituição: uma ingovernável discussão sobre detalhes e intenções escondidas que nos desvia do que é vital à nossa sobrevivência.
O PSD conseguiu que a atenção mediática se deviasse do descalabro económico e social que se nos depara diariamente para uma frutuosa e necessária conversa sobre os desígnios escritos da nação. É obra!
Sucede que chegámos àquele momento em que a realidade se nos vai impor e eu já não vejo qualquer interesse em tentar antecipar, por escrito, esse momento.
Deve ser por causa desta tão necessária discussão teórica que o PSD deixou de exigir as medidas práticas de redução de despesas por parte do Estado que já advogou, como seja a venda da RTP e de uma série de outras empresas públicas, ou de propor novas medidas.
Passemos às políticas alternativas e deixemos cair a impossível e desnecessária discussão constitucional.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Prémios de gestores de topo vão depender de prazos de pagamentos

Ou o assumir da vilanagem por parte do governo PS.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

No country for young men

Na viagem para o trabalho, hoje de manhã, ouvi na rádio que entre 2005 e 2009 70000 portugueses por ano deixaram o país, à procura de outras condições de vida. Cenário bem distinto da propaganda governamental. É caso para relembrar Adriano Correia de Oliveira a cantar o poema de Rosália de Castro!
Muito bonita a música mas bem triste!


quinta-feira, 8 de julho de 2010

O governo relativo

O Governo, pela voz de Silva Pereira "relativiza" a decisão do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias sobre a golden-share na PT.
Mais um belo exemplo que o PS dá de respeito pela lei e pelos tribunais. Ou já chegámos a um ponto em que já nem sequer se respeita a famosa "ética republicana"? Ou será que é isto mesmo a tal ética republicana?

Silva Pereira afirma ainda que a decisão do Tribunal Europeu "não produziu nenhuma alteração em concreto da realidade"! Como é óbvio!
A realidade, para o PS, altera-se com as manobras legislativas tipo Casa-Pia, com os kits de masturbação do Ministério da Educação, ou com o pseudo-casamento gay!

Quanto ao título da notícia: "o governo relativiza", sugiro que a imprensa (se é que ainda não o fez ) crie um template e o vá aplicando à medida que Sócrates e companheiros se pronunciem sobre qualquer assunto. Teríamos qualquer coisa do género:

- "Governo relativiza montante da dívida pública"
- "Governo relativiza custos do TGV"
- "Governo relativiza candidatura de Manuel Alegre"
- "Governo relativiza sondagens"
- "Governo relativiza desgoverno"
- ...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O exemplo do futebol

Independentemente das virtudes do futebol, creio que se trata do desporto colectivo mais universal, pelo menos no refere ao número de países em que realmente é praticado. Com uma selecção que está longe de ser a nossa melhor das últimas décadas e um treinador que não é o Mourinho dos "Mr.s" fomos uma das 16 melhores selecções do mundo. Mesmo assim o país entra em desespero!
Se na economia, educação, justiça, etc... tivermos a mesma ambição posso garantir que no próximo mundial o país deixará de estar em crise, a não ser que seja por causa do futebol!

sábado, 26 de junho de 2010

Mundial dos Papagaios

O Grupo da Boavista é um grupo sério pelo que posts a falar e futebol são raros, senão mesmo inexistentes. Mas em tempo de mundial um post sobre a bola será perdoado. Em bom rigor não é bem sobre futebol...
Talvez encorajados pelo sucesso da propaganda do governo, as televisões decidiram dedicar horas e horas ao futebol mas sem mostrar futebol. Creio mesmo que assumiram que só um ser verdadeiramente exótico está interessado em ver os golos sem saber a cor da roupa interior do Cristiano Ronaldo.
Sim, gosto de futebol mas, dada a hora a que decorrem os jogos, vi muito poucos. Quando à noite tento ver como decorreram os jogos vejo nas televisões um pequeno resumo, seguido de minutos intermináveis de comentários dos papagaios da bola, antes do resumo do jogo seguinte, que já não vejo... É o mundial dos papagaios. Os espectadores da TV é que serão cada vez menos...
E em tempo de crise tudo isto deve custar a todos com benefício de poucos...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma nova ideia de sociedade

Os momentos de crise são grandes oportunidades para se repensar e transformar a forma de organização da Sociedade e do Estado.

Eis um excelente exemplo:

Uma nova ideia de sociedade

"A cidadania está em crise e a democracia não tem contribuído para diminuir as relações desiguais nas sociedades modernas. Para solucionar de forma sustentável estes problemas o governo inglês criou a “Big Society” tendo como principal rumo de acção o envolvimento dos serviços locais com grupos a nível de bairro.
(...)
"O ponto-chave desta “nova sociedade” é o papel do Estado em que fornece as plataformas e as ferramentas para que a sociedade civil possa definir os seus próprios fins, contrariamente à linha de orientação “top-down” em que o Estado é que define e centraliza a decisão."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sempre,mas sempre à pele...

Ora aí está, Bruxelas diz que o plano de austeridade apresentado pelo Governo é optimo mas está, digamos, mal explicado.
Não consigo imaginar como é que, numa situação como a presente e já depois de termos sido chamados a fazer melhor, nós ainda assim esticamos a corda. Ou estamos perante extraordinários irresponsáveis ou extraordinários jogadores de poker. Escusado será dizer que nenhuma das hipóteses nos interessa.

A Espanha não é Portugal

Em Espanha, já nem sequer existe a preocupação em ocultar as sérias dificuldades de financiamento de alguns dos seus bancos no mercado interbancário.

Por cá, tal não é dito pelo secretário de estado do Tesouro (até porque não temos nenhum...), mas as recentes visitas de alguns banqueiros a Bruxelas têm o mesmo efeito.

Entretanto, Zapatero desmente os rumores que dão conta de um possível recurso ao fundo de estabilização do euro. Todos acreditamos. Como também acreditámos quando Sócrates e Teixeira dos Santos reiteraram até à exaustão que não haveria aumento de impostos em Portugal.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sócrates em propaganda na Venezuela

Lê-se isto e pergunta-se: o que mais nos irá acontecer?
Só espero que as 6 indignantes horas que o nosso Primeiro Ministro teve de esperar pelo seu amigo Chavez tenham valido mais a pena que o resultado dos contratos celebrados no âmbito do anterior encontro entre as mesmas partes. Preocupa-me, todavia, constatar que alguns dos contratos agora anunciados sejam os mesmos que haviam sido anteriormente assinados.
Pior que tudo isto era se os negócios agora, ou antes, assinados acabassem expropriados, prática que parece está a generalizar-se por aquelas bandas.


Marques Mendes

O programa de opinião de Marques Mendes na TVI24 merecia outra exposição. Provem!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Acerto e dúvida

Esta é uma boa medida. Só não consigo antecipar que circunstâncias futuras poderão justificar um regresso à possibilidade de se cumularem pensões nos moldes actuais: equidade e justiça é que não é certamente.
Quando é que vamos perceber que as circunstâncias excepcionais de que se fala não são estas que agora nos são (e que nos vão continuar a ser) impostas, antes naquilo que estávamos a viver?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Para que serve o presidente da República?

Já desde os tempos de Jorge Sampaio que não consigo deixar de pensar que a presidência da república é uma total inutilidade. Um presidente não será um maus presidente desde que não se agite muito. Jorge Sampaio foi chamado a tomar 2 decisões e das duas vezes provou, em minha opinião, que não estava à altura do cargo que ocupava.
Sendo Cavaco um homem de acção pensei que pudesse fazer parecer o cargo útil. Toda a sua presidência é dominada pela gestão da sua reeleição, tornando penosas de ouvir muitas das suas intervenções. Revisão constitucional urgente é, quanto a mim, tornar o mandato presidencial único. Mas o cúmulo surge agora, a propósito de uma decisão que até considero pouco relevante, ao tomar a verdadeira posição de Pilatos. Não concordo mas que posso fazer? Demita-se! Ou muito me engano ou dificilmente vejo razões para voltar a votar em eleições presidenciais!

sábado, 8 de maio de 2010

Pelos cabelos

Como se vê por aqui, Sócrates já não faz o que quer. O problema é que já só faz o que lhe ordenam. O PSD que tome boa nota.

Outra vez ultrapassado

Ultrapassado uma vez mais pelas circunstâncias, agora em clara e suspeita conspiração contra a evidência, o Sr. Sócrates veio dar o dito por não dito e anunciar a inevitável suspensão de um conjunto de investimento público em "obras de regime". Fê-lo, porém, no minuto seguinte a ter tornado irreversível o TGV e vá-se lá saber que mais. Pior que a suspeita, porque apenas uma mais, a assinatura do TGV foi uma clara recusa do compromisso ofrecido pelo PSD que, agora, reforçado pela confirmação da correcção das suas exigências, terá de equacionar até onde poderá e deverá esticar a corda.
A minha dúvida é apenas saber se, comprovado que está que o Governo não tenciona antecipar-se às circunstâncias e alterar substancialmente o que quer que seja, tal como se impõe, vale a pena continuar a sustentar esta acelerada degradação. Qual será o momento menos mau para tentarmos evitar que sejam as instâncias internacionais a assumir as nossas rédeas?





sexta-feira, 7 de maio de 2010

Proibição do Facebook


A Câmara Municipal de Coimbra proibiu recentemente o acesso de todos os seus funcionários ao Facebook.

A questão do livre acesso da Internet nos locais de trabalho pode colidir com a produtividade.

A medida da Câmara é legítima e provavelmente acertada.

Sempre que for difícil o “princípio da utilização responsável”, haveria que ponderar uma “internet happy hour” em que os funcionários poderiam aceder à internet por uns minutos uma ou duas vezes ao dia para as suas “necessidades essenciais” sem restrições.

Artigo Publicado no Jornal Metro 7 de Maio 2010
http://www.readmetro.com/show/en/Lisbon/20100507/1/9/

Descarado, mas organizado, abandalhamento

Quando imaginamos que já vimos tudo e que não há muito mais para nos ser tomado, eis que que nos enganamos uma vez mais. Numa altura em que precisamos assustadoramente de ordem e exemplo, o nosso insuspeito governo achou por bem nomear para uma instituição tão relevante para o adequado funcionamento da economia e que deveria ser e aparentar ser independente, como é o caso da ERSE, um dirigente do PS.

Fica agora mais difícil que a política remuneratória da EDP venha a sofrer quaisquer consequências, tal como sugeri aqui.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Furto (des)qualificado

No episódio relacionado com o furto de gravadores de jornalistas por parte do deputado Ricardo Rodrigues espanta-me a inimaginável técnica demonstrada pelo Sr. deputado no que, afinal, parece ter sido o exercício de um direito à indignação, mas infelizmente já não me espanta a institucionalização da bandalheira que representa a intervenção sobre o caso por parte do líder parlamentar do PS. Precisamos não nos esquecermos desta gente... para que não venham outros mais como eles: o nosso irremediável fim.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Petição - Pela renúncia de Inês de Medeiros do cargo de deputada"

Como é possível, em qualquer momento, mas especialmente na situação actual de consciência imperativa de controlo de custos e sentido de serviço público, surjam situações como a da Deputada Inês de Medeiros? E o despudor da sua atitude?
Fico contente que cada vez mais a sociedade civil se indigne e actue em defesa dos princípios mais básicos da responsabilidade de representação dos cidadãos.
Segue a "Petição - Pela renúncia de Inês de Medeiros do cargo de deputada"

terça-feira, 27 de abril de 2010

Erro

PPC fez bem em anunciar a sua disponibilidade para discutir com o Governo medidas para a resolução do nosso problema e, mais que isso, medidas imediatas para acalmar os mercados. Só espero que não seja verdade que tenha tomado a iniciativa de pedir uma reunião para o efeito ao Governo: a disponibilidade do PSD deve ter como pressuposto uma clara vontade do Governo em tomar as medidas drásticas que se impõem. Acontece que, sem as condições morais e de exemplo necessárias para poder impor aos portugueses o que não deixará de lhes ser imposto, suspeito que o Governo vá esperar que essas imposições acabem por vir de fora e que os portugueses, uma vez mais, tolerem a pouca vergonha de Sócrates não se demitir. Este é um cenário que, claramente, não recomenda voluntarismos por parte do PSD.

Nova pergunta para nova comissão de inquérito

Estive fora estes dois dias, com reduzido acesso à internet. No regresso a casa ouvi na TSF a importantíssima discussão sobre as capacidades do Rui Pedro Soares (será Dr.? Senhor acho que não!). Começo agora a ver nos sites informativos o vendaval que se abate sobre nossa credibilidade económica. Creio que que a pergunta a fazer na comissão de inquérito é a seguinte:
- Será que o governo tem conhecimento, mesmo informal, sobre o que se está a passar nos mercados internacionais?
A julgar pela paz que reina no executivo é melhor alguém os avisar, mesmo que seja informalmente. É que mesmo que a orquestra continue a tocar os navios também se afundam!


A sério?

Serão mesmo necessárias comisssões parlamentares de inquérito para nos informarem de que o boy Rui Pedro Soares “não tinha qualquer espécie de aptidões para estar no lugar de administrador na PT? Ou para nos dizerem que “quem manda na PT são os accionistas Estado e BES”? Será que desta feita teremos o mesmo tipo de carta-aberta que Ricardo Salgado dirigiu a Filipe Pinhal há uns meses atrás?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Há 108 anos atrás era assim...

Estava a ler as declarações proferidas pelo ex economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, e lembrei-me de um pequeno episódio da nossa História, nomeadamente da crise vivida em finais do século XIX.

Aliás, celebra-se a 10 de Maio o 108º aniversário da celebração do convénio com os credores externos que consignou as receitas alfandegárias ao pagamento das dívidas. Alguns temas da altura: despesa excessiva por parte do Estado, gastos faraónicos com a aquisição de navios de guerra, ataques dos especuladores ao País.

Vai sendo altura de sacudir o actual estado de coisas e começar a procurar novos caminhos. Ou como me estavam a dizer à pouco, vamos deixar que esta economia "imergente" nos leve ao fundo.

sábado, 24 de abril de 2010

Inês de Medeiros, cidadã ou deputada?

Quero em primeiro lugar afirmar que, num momento em que se coloca a questão da falência do estado portugês, a questão financeira associada à deputada Maria de Medeiros tem pouca importância. Aliás, como se afirma, o custo da deputada viver em Paris é igual ao custo de um deputado dos Açores.
Há no entanto alguns aspectos que me deixam muitas dúvidas e, sobretudo, acho muito negativo o pouco rigor com que os serviços da Assembleia e o próprio presidente do órgão gerem ou geriram o assunto.
Em primeiro, e tanto quanto julgo ser ainda verdade, o desconhecimento da lei não pode ser invocado por nenhum cidadão para o seu não cumprimento. A um cidadão deputado dever-se-ia aplicar, no mínimo, o mesmo critério.
Em segundo lugar se um deputado se candidata por um círculo, é minha opinião, deve ter residência nesse círculo, ou rapidamente se perde a representação efectiva das regiões do interior. E tanto quanto me dizem a candidata a deputada deu uma morada em Lisboa para efeitos de candidatura. A Assembleia da República deve funcionar de forma transparente e uma das boas normas para a transparência é não permitir a mudança de regras a meio do jogo.
O último argumento que ouvi a favor da deputada, é que ela tem residência fiscal em Paris. Tanto quanto conheço, ao fim de 6 meses de trabalho efectivo em Portugal, com rendimentos em Portugal, um cidadão deve transferir a sua residência fiscal para o país.
Em suma, um cidadão comum não poderia nunca ter um comportamento semelhante ao da deputada sob pena de ter grandes problemas com o fisco, já que com a justiça isso demoraria... A qualidade de uma democracia também se vê pela universalidade das regras e não pela forma discricionária como são aplicadas. E a Assembleia da República, um dos primeiro órgãos com essa preocupação, não a teve!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Redução do Estado-Empresa

Fico satisfeito que o Dr. Pedro Passos Coelho tenha a frontalidade de assumir a redução do Estado-Empresa. Preocupa-me que grande parte dos problemas do Governo sejam com os seus assalariados (professores, médicos, enfermeiros, etc) e não com os cidadãos.
Existem muitas questões a colocar e, recorrendo à linguagem empresarial, exceptuando áreas core do Estado que se devem manter integradas (Justiça, Defesa), porque não fazer externalização gradual de áreas não core como a Educação e a Saúde? O Estado tem a obrigação constitucional de prestar os SLAs (níveis de serviços) aos cidadãos, de forma mais justa e universal, mas o provider poderá/deverá ser entregue ao mercado. O Estado deverá manter algumas unidades exemplo, para fomentar best practices e criar um standard no mercado.
A Regulação/Concorrência é o factor arbitral chave e daí a necessidade constitucional de a tornar mais isenta e eficaz.
Como em qualquer processo de externalização a grande dificuldade é a existência de poderes resistentes à mudança, mas um modelo actualmente em funcionamento, que é uma best practice do Estado, são as USFs (Unidades de Saúde Familiar), que partem da própria mobilização dos profissionais de Saúde. Os funcionários públicos são pessoas, e na sua maioria excelentes profissionais, o que precisam é de modelos que os motivem. Qualquer processo de Change Management tem de ter o compromisso das pessoas.
É necessário estratégia de mudança e coragem política!
Assim estaremos a terciarizar a nossa economia e com o novo mercado do outsourcing em nearshore, onde já existem vários exemplos - IBM, Cisco, Siemens, Solvay, etc - pode ser potenciada a oferta para dentro e para fora de Portugal. Exemplos de sucesso recentes na Europa são a Polónia, a Hungria e agora a Bulgária. Este é um tema muito actual, mas infelizmente pouco claro para muita gente, especialmente para uma geração política, concerteza com grande saber político, mas com parco entendimento destas tecnocracias.
E ainda restam alguns fantasmas do PREC...
Fico na expectativa!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mais Valias ter investido o dinheiro lá fora!

Há uns dias atrás, referi de forma irónica num post aqui no blogue, a propósito da tributação das mais-valias: "Considerando que a lei não vai ter efeitos retroactivos (se bem que não seria a primeira vez que o actual ministro faria isso...)"

Mesmo sabendo o que a casa gasta, fui esperando pelas "novidades" e eis que surgem, em destaque e a bold no site do jornal de negócios. (O bold só aparece na primeira página).


O desespero é assim tanto, que se comete uma profunda injustiça (que irá recair sobre pequenos aforradores, porque "investidores estrangeiros", offshores incluidas, não pagam), para receber alguns cobres? A retroactividade é discutível, especialmente do ponto de vista constitucional. Esta atitude não.

Hoje estou "ligeiramente" menos angustiado com o meu País ...

O Governo acaba de anunciar formalmente a nomeação do Dr. Carlos Costa para Governador do Banco de Portugal. E, francamente, bem sei que isso não resolverá os problemas do País, mas lá que me deixa um "pouquinho" menos angustiado com o futuro do meu País, lá isso deixa...
E acreditem que não é pelo facto de também o Dr. Carlos Costa ter sido um dos insígnes convidados que já passaram pela nossa tertúlia!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O FMI acabou de enterrar Sócrates...

O modelo económico dos socialistas tinha que dar nisto. Era de esperar. Já do tempo do Guterres que eles andavam a prometer apontar-nos o dedo. Ainda assim o governo desvaloriza. Das duas uma ou o FMI tem um plano obscuro para retirar os socialistas do governo ou o governo anda mesmo a gozar com a malta. Aposto na 2ª opção. Ainda por cima a proposta do PSD para a redução de despesas correntes são "uma mão cheia de nada" no dizer do ministro da economia.

Alguém quer ir comigo malhar naquela gente do PS?

Ah! E parece que ainda assim vamos avançar com o TGV. Haverá forma de processar esta gente?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A TAP tem mesmo uma gestão fantástica

A determinada altura criou-se a ideia de que a TAP tinha uma gestão fantástica, não sei com base em quê!
Este ano fiquei realmente surpreendido ao saber que, mesmo tendo dado prejuízo, a empresa decidiu atribuir prémios avultados a alguns trabalhadores já muito bem pagos. Critérios de gestão no mínimo duvidosos!
Hoje, no regresso a casa, e a propósito desta crise na aviação civil provocada pelo vulcão islandês, ouvi na TSF que algumas companhias aéreas apresentavam valores já bem quantificados do prejuízo até ao momento. Dizia a peça que, contactada a administração da TAP, esta respondeu que ainda não tinha feito contas! A ter uma gestão brilhante, a nossa companhia é a única que marcha ao ritmo certo!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"No money, no funny"

Se as instituições europeias e o FMI entrarem no país, o que está cada vez mais próximo, que consequências terá isso para o Governo Sócrates? descridibilizado e totalmente desprestigiado perante a opinião pública, é imaginável que o actual Governo possa ter condições mínimas de implementar ou sustentar as medidas de verdadeiro "susto" que aquelas instituições certamente nos imporão? que sentido pode ter manter em funções um governo que acaba de lhe ver passada uma inapelável certidão de incompetência?
Uma coisa é certa, "contra factos não há argumentos" e, como tal, penso que poderemos dar por encerrada a discussão sobre os méritos da governação socialista, de agora e de antes. Espero ainda que possamos enterrar de vez a peregrina ideia de fazer intervir o Estado em tudo o que mexe: sem a anestesia do crédito, todas as intervenções do Estado no "nosso corpinho" passam a doer e, doendo, está encontrada a melhor taxa moderadora para as suas intervenções. De facto, acabado o crédito, tudo passa a ser mais fácilmente mensurável, na medida em que terá de ser feito de imediato.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A government-protected private monopoly

Diz Ricardo Reis neste excelente post que "For maximizing efficiency and welfare, there is only one thing worse than a public monopoly: a government-protected private monopoly". O post diz-nos muitas coisas mais. Explica-nos, por exemplo, a forma como é conseguida a cartelização dos altos cargos de administração e faz-nos compreender como é que empresas como a EDP praticam tarifas pouco competitivas e se permitem remunerar as suas administrações como remuneram. Também ficamos a perceber que a sugestão que aqui fiz de o regulador baixar as tarifas da EDP não tem muitas hipótese de acontecer: "as most regulators do not have internationally marketable competences, the self-interest of the regulators clearly told them how soft to be".

quarta-feira, 14 de abril de 2010

É a moda da tributação das mais-valias em bolsa

Numa das primeiras fases de privatização da EDP, ainda as acções valiam contos, aderi àquilo a que se chamou capitalismo popular. Vendi essas acções passado pouco tempo, com mais-valias, pelo que teria que englobar esta operação na declaração de IRS.
Era ainda o tempo em que o funcionária das finanças tinha a obrigação de verificar se estava tudo bem. Depois da verificação disse-me a senhora funcionária:
- estou convencida que o Sousa Franco (o ministro das finanças à data) lhe vai dar uma medalha pois deve ser o único que declara mais-valias bolsistas, ou não vigorasse em Portugal o segredo bancário.
Tudo isto para dizer que me parece pelo menos igualmente importante garantir a real tributação das mais valias, o que poderia passar pela obrigação dos bancos reterem a taxa liberatória, como aliás se faz nos depósitos a prazo. E imagino ainda que haja processos mais elegantes de fazer as coisas.
Mais uma vez é uma grande medida da esquerda, que é séria porque os impostos serão pagos pela (pouca) gente séria!

PS: Não sou contra o aumento da taxa para 20%

Sobre "Ter o bolo e comê-lo", Parte II

Junto um pequeno "documentário" que ilustra bem os problemas que hoje vivemos com a efectiva falta de separação de poderes, que tem sido alvo de brilhantes intervenções por parte de Pedro Passos Coelho. Vara, Lino, Castro Guerra, Cimpor, EDP, BCP, Figo... um sem fim de "temas" que tem todos um denominador comum: A mão cada vez menos invisível do Estado.

Se não lhes puserem o bolo à frente, é mais fácil resistir.

Já agora, que tal uma sugestão de leitura: Editorial do Jornal de Negócios

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sobre "Ter o bolo e comê-lo"

Nogueira Leite, a propósito da remuneração do Presidente da EDP, veio em sua defesa falando de um contrato livremente aceite entre as partes, em regras de mercado e associando a crítica à inveja e mediocridade.

Porque critiquei aqui os valores auferidos pelo Presidente da EDP e porque não me considero invejoso (deixo a questão da mediocridade para a avaliação de outros), decidi escrever um pouco mais sobre o assunto.

O primeiro comentário que gostaria de fazer é que, longe de mim pensar em quebras contratuais. O facto de criticar um contrato não pressupõe que admita quebrá-lo.

O Estado também não deveria permitir qualquer incumprimento contratual. Aquilo que julgo deveria fazer, antes, era aproveitar a extraordinária generosidade revelada no caso pela EDP (generosidade tanto maior quanto se imagina ser a mesma extensível aos demais trabalhadores, até porque fruto de extraordinários resultados da empresa), para evidenciar junto da entidade reguladora do sector o manifesto desequilíbrio existente entre os interesses daquela e o dos seus consumidores. Estou certo que o regulador, sobretudo em momentos difíceis como os que atravessamos, vendo tamanha fartura de um dos lados da equação, não deixaria, naturalmente, de ser levado a rever fortemente em baixa a política de preços praticada pela EDP, fazendo com isso estender a generosidade desta, também, aos seus consumidores.

Estou certo que se o regulador retirar as necessárias consequências de tamanha fartura por parte da EDP a graça não se repete novamente, ou, se se quiser, o mercado em matéria de remunerações passa a funcionar de outra forma.

Um segundo comentário prende-se com a inveja. É verdade que, causa ou consequência de sermos um país pobre, somos um país onde a inveja pelo o que os que mais têm campeia. Mas essa inveja resulta, também, de sermos um país que distribui muito injustamente os seus recursos e onde a falta de regras e de exemplo levam a que todos desconfiem de todos, nomeadamente do mérito.

Termino dizendo que considero que as pessoas devem receber em função do seu mérito e dos seus resultados, mas que creio que alguns valores remuneratórios que têm vindo a ser falados, mormente em algumas empresas monopolistas, ou quase monopolistas, ultrapassam, sob qualquer perspectiva, a medida do razoável. Não sei quais serão os valores razoáveis mas sei, ainda que intuitivamente, quando estamos perante valores totalmente inadequados.

Novidades

Parece que há novidades relacionadas com um dos nossos Ilustres membros.
Parabéns e muito boa sorte.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dinamismo social

Consultando o site da EDP lê-se que a "A missão da EDP consiste em produzir bem estar e aumentar a qualidade de vida e do ambiente, promovendo o optimismo e o dinamismo social".


Ao ler este absurdo naco de prosa, além de ter ficado com sérias dúvidas sobre a ideia inicial que tinha de que a missão da EDP era fornecer-nos electricidade, fiquei a pensar se o optimismo e dinamismo social que ali se fala tinham alguma coisa que ver com a política remuneratória do presidente da EDP: assegurado o dinamismo social para uns, resta o optimismo para os outros... para nós.

O Senhor deputado António José Seguro parece considerar os valores remuneratórios do presidente da EDP incompreensíveis e imorais numa fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses. Não terá percebido que os valores são incompreensíveis e imorais em qualquer fase do ciclo económico e independentemente das dificuldades por que se esteja a passar.

Eu conheço um engenheiro na Câmara..

Existe na minha terra um ditado que se aplica com muita frequência e que diz: - Roubar para comer não é pecado. O problema está na extensão desta regra. Quando algo nos faz falta sempre se pode alegar o ditado. Assim se compreende que possam persistir autarcas que são suportados e até venerados. Porque até desviam verbas, mas é para a comunidade, para o campo de futebol, para a estrada... E até podem desviar algum para eles próprios, mas o que conta é que apesar de tudo fizeram obra!
No Estado não há Pai. Se se desviou, foi ao Estado, ou seja, foi a todos, e a ninguém...
Se criticamos o funcionalismo público e a discrepância de direitos com o sector privado, como fazê-lo? Quem não tem na família um funcionário público?...
É preciso fazer umas obras e licenciá-las? Logo se responde: -Eu conheço um engenheiro na Câmara... e o problema fica despachado.
Este nacional-porreirismo faz com que todos estejamos comprometidos... Como culpar os outros se também fazemos o mesmo?
E só assim se compreende a estranha aceitação pública destes comportamentos.
Gera-se o silêncio...

Que fazer, quando nos apercebemos que grande parte do nosso problema está nesta pequena arrumação de critérios?

A União Europeia já muito contribuiu para a melhoria, porque nos tem aumentado a Regulação da Economia e do Estado. Não que os europeus sejam menos corruptos, só que se torna mais difícil prevaricar.
Também a afinação da máquina fiscal, com a sua fome, quando não orientada sempre aos mesmos, aumenta a justiça fiscal e a sã concorrência.
A transformação deverá ser de todos, por iniciativa e responsabilidade de cada um. Mas sem dúvida que para começar a mudança, o papel das lideranças é exemplar.
Talvez não seja necessário, e por vezes não aconselhável, apregoar a verdade, bastará primeiro praticá-la... E só depois explicá-la.

É a consciência social da esquerda...

Nestes dias de Páscoa estava à conversa com um amigo, mais ou menos da minha idade e com rendimentos semelhantes aos meus, só que solteiro e bom rapaz, quando nos lembramos de falar do PEC. Comentei eu a cara de pau do PM ao dizer que não havia aumento de impostos, ao que ele me respondeu:
- olha que não é totalmente falso, eu que não tenho filhos não vou sentir nada.
Respondi eu então:
- Já eu, com 3 filhos, não posso dizer o mesmo já que as despesas de educação pesam e de que maneira!
Nesta altura o meu colega deu-me um definitivo alento:
- Anima-te que se fosses muito doente a situação era bem pior!
É perante estas coisas que temos a obrigação de desmitificar o mito de que a consciência social é um património da esquerda!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Grupo da Boavista e a leitura do PSD

Com uns dias de atraso e num dia muito discutível, serve este post para informar o tesoureiro do Grupo da Boavista que os companheiros Nuno Castro Marques e José Miguel Oliveira ganharam 1/2 jantar em consequência das suas extraordinárias, ou não, capacidades adivinhatórias dos resultados das eleições internas do PSD. É verdade, a soma dos desvios das previsões em relação aos resultados destes companheiros totalizou apenas 22,22%, de longe o melhor score!
Só dois dados adicionais: a média dos desvios foi de 42,7% tendo havido um jovem ilustre que atingiu o desvio de 62,2%.
Para um grupo que pretende ter uma intervenção cívica e política fico preocupado com esta falta de percepção do comportamento do partido. Pode ser que percebamos melhor o país! Há um pequeno prémio de consolação: todos acertaram no vencedor.

PS: mesmo sendo 1 de Abril os números são verdadeiros.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O vendedor da feira

Estava a dar uma vista de olhos ao Procedimento dos Défices Excessivos (olha que ele há nomes bem engendrados) e recordei-me, com uma certa nostalgia, das feiras a que tinha oportunidade de ir, nos meus tempos de infância em Trás-os-Montes. Não sei se se recordam da voz do vendedor de cobertores, que dizia, ao microfone pendurado ao pescoço e embrulhado num lenço: "Não leva 1, nem 2, nem 3, mas 5 cobertores pelo preço de 1. É aproveitar...".

Pois o défice de 2009 não foi 5,6%, nem 8%, nem 9,3%, mas 9,4% do PIB! E em 2008, não foi 2,6%, nem 2,7%, mas 2,8% do PIB!

E como será em 2010? Será 8,3%? Não culpem o INE, que a nota diz claramente que a estimativa para 2010 é de responsabilidade do Ministério das Finanças.

Quanto ao défice propriamente dito, ainda estou a ver se descubro como é que se gastaram 15,4 mil milhões de euros. Já sei que, grosso modo, há um agravamento de 1000 milhões na segurança social, 700 na Administração Local e 300 no Investimento. E cerca de 4.000 milhões resultam da perda de receitas. O resto são "peanuts" certamente...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Estupidez II

Não sei se é anterior ou posterior à aprovação da resolução de apoio ao PEC no parlamento, mas esta notícia parece confirmar que a realidade sempre vai repetir a história e chamar-nos, agora a todos nós, de estúpidos: ainda não foi implementado o PEC 1 e em breve estaremos a discutir o PEC 2 ... espera-se que com outro tipo de oposição.

A Direcção do PSD e a herança

Ao contrário do que pensa muita gente no PSD, creio que esta direcção do PSD teve um mérito que foi credibilizar, ou pelo menos tentou, o partido e sobretudo a política. A evolução económica deste governo provam que o PSD não foi a eleições apenas com promessas vãs!
Num período onde o governo PS esteve próximo de cair, acho totalmente insensato que a direcção se tenha mantido por cerca de 6 meses com a promessa de sair. Agravou os problemas do país ao colocar o maior partido da oposição totalmente impreparado para ir a eleições.
Num momento em que dois candidatos, e aos que apontam as sondagens os dois mais bem colocados, já afirmaram que votariam contra o PEC, parece-me totalmente insensato que a actual direcção condicione o futuro do partido votando de modo distinto desta tendência maioritária. E por muito que o partido do governo apele à responsabilidade, acho que é muito mais irresponsável não ter querido adiar esta votação dois dias apenas!

Estupidez

Sabendo tudo o que havia para saber, o Governo e o PS optaram por apresentar o Orçamento de Estado que apresentaram: um brutal crescimento da despesa e do endividamento públicos. Excitados com o fim do capitalismo e com o regresso ao socialismo e a uma economia mais dirigida, recusaram-se a ver o que verdadeiramente estava aí: um Estado e um gasto público insustentáveis e o inevitável fim do período de carência dos empréstimos feitos. O Governo e o PS exigiram, então, sentido de responsabilidade à oposição para aprovar ou deixar passar aquela manifesta estupidez. O que foi feito. Agora que a realidade, ela própria, passados poucos dias, decidiu chamá-los de estúpidos, vêm pedir novamente à oposição sentido de responsabilidade: o sentido de responsabilidade de permitirem que os estúpidos, eles próprios e mais ninguém, corrijam como bem entenderem a sua estúpidez.
Não sei se a história se repete, mas suspeito que a realidade repita a história e que nos chame, agora a todos nós, de estúpidos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Casa onde não há pão...

Faltando o pão, como falta e como faltará mais ainda, significa que vamos todos ralhar uns com os outros. A natureza e o grau dos sacrifícios que se impõem são de molde a fazer descarrilar a nossa tendencial acomodação aos destemperos de quem manda. Impunha-se portanto, numa altura destas, uma quase frenética actuação por parte do governo na identificação e eliminação das situações de injustiça relativa e abuso que grassam no país. Fazer passar a mensagem de que se está a acabar com o abuso e o excesso, para todos, é a única forma de assegurar um mínimo de tolerância e de razão por parte dos contribuintes para o que aí vem. Manter gastos esdrúxulos como a RTP, não mexer na política de prémios em empresas públicas monopolistas, permitir vencimentos injustificados como o do Governador do Banco de Portugal, não ajudam à festa. Também não facilita que se permita e aplauda aparentes paradoxos como este. Não há exemplo, não há firmeza, não há justiça: este PEC não assegura mínimos olímpicos.

O FNV e o novo partido

O FNV escreve aqui e aqui.

"Se o PSD é, como dizem, genuinamente português, então o PSD, como o conhecemos, terá de se transformar"

"O PSD actual poderá ficar com os sindicatos de voto das distritais e com os feudos autárquicos. O novo partido reunirá a linguagem culta e elitista. Sem receio das palavras e, muito menos, sem se engasgar com os conceitos"

"A verdadeira ruptura seria , por exemplo, não ter nenhuma organização de juventude e nenhum tipo de favo vagamente semelhante às agências de empregos que são as distritais e as concelhias. O verdadeiro trabalho político dispensa essa tralha, que a clandestinidade também dispensou no passado e as tecnologias de informação dispensam hoje."

"O que temos é um eleitorado jovem e urbano, tecnicamente complacente com a velha ordem , mas raivoso. Observamos com rigorosa frequência um voto de sobrevivência, ou de despeito, raramente de confiança.
Um novo partido teria de apresentar uma cinética harmonizada com os mecanismos de stasis actuais. Por exemplo, em vez de concelhias ou de distritais: núcleos em univesidades, em grandes empresas, em redes de organizações não-governamentais, em organizações celulares ( forças de segurança, Igreja, etc), em suportes virtuais ( blogues, facebook, etc)."

Acrescentaria apenas: espero que o protagonismo seja do PSD (ou de parte dele), porque se não for, de alguém será...

Análise sobre as análises ao debate na RTP

A melhor análise sobre as análise ao debate dos candidatos na RTP é esta.

Sócrates... visto por fora

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um Grego, um Alemão, um Português e a Consciência da “Crise”...

Recentemente estive em família no coração da Europa, em Aachen, Alemanha, antiga Aix-la-Chapelle, onde Carlos Magno foi coroado. Por felizes circunstâncias familiares “adquiri” dois primos, um diplomata grego e um engenheiro alemão.

Em passeios pela neve abordamos o tema comum, a “crise”. O diplomata grego disse-me que na Grécia já se estava a sentir verdadeiramente a “crise” e já lhe tinham reduzido substancialmente o seu ordenado, na componente variável de ajudas de custo, ou seja, já “lhe tido ido ao bolso”... O engenheiro alemão, apesar de não sentir a “crise” tão directamente, já a antecipava, referindo que no seu orçamento familiar já estava prevista a redução de rendimentos em pelo menos 20%, controlando os custos e o endividamento futuro.

Entre o grego, que já sofre directamente a "crise", (e não estamos a falar apenas dos desempregados, mas de toda a população, onde se integram os “empregados”), e o alemão que já a antecipa, onde fica o português?

Será que a população portuguesa, governantes e governados, já tem consciência da dimensão da “crise”?

E se existe, a “crise” é conjuntural passageira ou estrutural?

O engenheiro alemão desenvolve, num dos centros de tecnologia automóvel da Alemanha, os modelos dos futuros automóveis, especialmente para o mercado chinês e indiano (incluindo o Tata Nano). O que me impressiona na consciência e pragmatimo dos alemães, é estes reconhecerem que estão a transmitir abertamente o know-how tecnológico à China e que será inevitável um “emagrecimento” dos seus rendimentos, para os quais já se estão a preparar. E concerteza que já estarão a planear cuidadosamente um novo "renascimento" alemão.

Ou seja, mais do que explicações conjunturais passageiras para se desculparem e esperarem passivamente a retoma (wishful thinking), os alemães já sabem que a "crise" mais importante é a estrutural, pela inexorabilidade da globalização.

O que me preocupa especialmente neste momento é se os nossos governantes e os governados têm consciência real da "crise" estrutural e estão preparados para tomar as duras medidas da reforma.

O primeiro passo da recuperação de um toxicodependente ou alcoólico é a ACEITAÇÃO da sua realidade. O segundo passo é a VONTADE de agir, mesmo que no início lhe seja muito difícil.

Onde há crise há esperança!

A globalização, mais do que uma ameaça, é uma enorme oportunidade.
Acredito que é nos momentos de maior crise, que se dão as maiores transformações.
Assim tem acontecido na história.
É nesses momentos que surge uma nova geração de líderes e a população se prepara para a mudança.*

* caso contrário "vamo-nos ver gregos”...

É justo.

A primeira sondagem circunscrita a militantes do PSD dá uma vantagem clara a Pedro Passos Coelho, com 51% de intenções de voto, seguido de Paulo Rangel. com 31% Quanto a José Pedro Aguiar Branco (de quem sou apoiante) fica-se por uns quase residuais 8%.

Não penso que Passos Coelho seja a melhor solução para o PSD, mas também há que reconhecer que, em certo sentido e pela campanha profissional que tem vindo a fazer, "merece" estar em vantagem.

Paulo Rangel tem revelado a sua já reconhecida capacidade oratória, mas quanto a conteúdo das suas propostas e ideias, tem deixado muito a desejar. Tem-se revelado inclusive mal preparado para as suas intervenções públicas, como nota o João Miranda.

Quanto a José Pedro Aguiar Branco, o candidato que considero ter maiores qualidade pessoais e com cujos princípios mais me identifico tem andado um pouco desaparecido, pelo que não é de estranhar o fraco resultado que apresenta, tornando-se a cada dia que passa cada vez mais "vítima" do voto útil dos que não desejam que Passos Coelho seja o próximo lider do PSD.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A Política (na sua mais nobre função), será salva, por quem esteja plenamente na política, mas não se pareça nada com os “políticos”.

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Sou um “neófito” na política. Vejo a política como uma arte nobre de serviço à comunidade.

Quando comentei em amigos que iria assistir ao Congresso do PSD no Sábado 13 Março, recebi entre outras, estas duas respostas antagónicas, (literal):

A. “ - No congresso do PSD???? Estás louco ou andas metido no tráfico de influências?”

B. “- Ainda ontem em conversa , dizíamos que é muito mais fácil criticar do que FAZER. Já nem digo fazer BEM FEITO (que isso ainda é mais difícil) mas simplesmente tomar a iniciativa, assumir a responsabilidade. Felicito a tua iniciativa e assumo o meu interesse num maior envolvimento futuro (apesar da minha ignorância). E julgo também que o PSD poderá ser o melhor meio para atingir o fim.”

No Congresso, pude observar como é ténue a fronteira entre o interesse dissimulado, a vaidade pelo exercíco da retórica e do poder, e o serviço altruísta e dedicado da verdadeira política, pelo qual tenho um enorme respeito.

Alhear-me, ou alhear-mo-nos, é fácil, basta criticar.

No decurso do dia de Sábado do Congresso, houve um pouco de tudo, e uma dinâmica notável pelas melhores e piores razões... Mas o discurso que mais me seduziu foi o de Fernando Costa, Presidente da Câmara das Caldas da Rainha. Pela sua coragem, sem medo, a dizer o que pensava. A ir contra o “políticamente correcto”, por ser genuíno. Até o seu “tique” de afagar o cabelo lhe dava credibilidade. A beleza da democracia está quando quem a vive próximo dos cidadãos e dos militantes de base, tem acesso ao púlpito e fala por estes. Foi o seu discurso e a sua forma, que mais me deu alento para acreditar que a política vale a pena.

Recordo um frase de MAURIAC: “- O Mundo será salvo por quem esteja plenamente no mundo, mas não se pareça nada com ele”.

E eu adaptaria: - A Política (na sua mais nobre função), será salva, por quem esteja plenamente na política, mas não se pareça nada com os “políticos”!.


Estamos num momento difícil, que me faz recordar a crise de 1980-85. Tinha 10 anos quando Sá Carneiro morreu e jamais esquecerei a tristeza e o quebrar de um sonho que crescia. Havia políticos com verdadeiro sentido de estado, preparação e dedicação. Vivi o “apertar do cinto”na minha família e assisti ao renascimento com Cavaco Silva em 1985 e aos 10 anos de prosperidade que se seguiram. Depois tivemos 15 anos de “aburgesamento” da política e da sociedade civil, e caminhámos cegamente para o estado actual. Quem devia, alheou-se da política, e esta foi “tomada” pelos que dela se servem, “abafando” os poucos que ainda mantêm o espírito de serviço.

Por tudo isto, identifico-me particularmente com palavras do texto seguinte de Pedro Passos Coelho. Na enorme distância que medeia entre a beleza do discurso e a sua real execução, eu desejo e considero um imperativo nacional, que tal aconteça:

“A minha experiência diz-me que a vida política precisa, cada vez mais, de pessoas que para ela transitem dos sectores produtivos, da vida empresarial, da ciência e da cultura, enriquecendo o debate e levando consigo as inquiteações que grande parte dos dirigentes políticos actuais ou não conhecem (por estarem afastados do mundo real), ou desejam esconder (porque nunca souberam lidar com elas), ou apenas não interessam (porque têm da política uma visão absolutamente lamentável, onde as pessoas reais não contam). O conhecimento da vida das empresas e das dificuldades da “vida civil”, o contacto próximo com os problemas da vida real (práticos, elementares, vísiveis, imediatos), pode constituir um valioso instrumento de análise e e definição das prioridades quando se está na política. Infelizmente, a vida dos partidos e a vida do Estado estão em grande parte percentagem inquinadas por uma geração de políticos profissionais cujos currículos se constituriam no interior dos aparelhos partidários e dos interesses que aproveitaram as brechas entretanto criadas no sistema. É urgente que se altere este panorama. Que mais “pessoas concretas” sejam chamadas a pronunciar-se sobre a política – e a fazer política. E a mudá-la”.
(MUDAR, Pedro Passos Coelho , Editora Quetzal, 2010, págs. 67,68)

domingo, 14 de março de 2010

E depois disto que virá?

Eis que terminou o congresso de Santana. Que ficou dele? Para já e mais evidente, a aprovação da "lei da rolha", que vai dar de comer aos mastins do PS durante os próximos dias. Era dispensável quando ainda por cima todos os putativos candidatos oficiais estão contra. Mas pronto, neste PPD/PSD, mais do que própriamente PSD, tudo é possivel, à imagem de Santana.
De resto mais nada a não ser o tempo de antena dedicado que cada candidato teve e a mostra que PPC tinha a claque bem amestrada. Não fosse aquele infeliz piscar de olhos a Alberto João e tudo lhe teria corrido benzinho. Os outros três candidatos lá cumpriram, sendo certo que Rangel esteve uns pontos acima de Aguiar Branco, antevendo que a disputa será entre Rangel e PPC. Pelo menos na Madeira Rangel já ganhou - viram como Alberto João se foi sentar ao seu lado depois das deprimentes pazes de PPC? - nunca pensei ver uma coisaa destas vinda de A.João -

Sinceramente nada me convenceu neste congresso. A julgar como Santana e mesmo Marcelo "manipularam" o Congresso parece-me que os candidatos a lider ainda têm muito que comer para que tenhamos alternativa quer no partido quer no paìs. Enquanto o PPD/PSD andar por ai não sei se teremos um PSD com rumo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eurosondagem

Enquanto no PSD abunda a mediocridade e a instabilidade, o sonho de Paulo Portas de se transformar o líder da direita em Portugal parece cada vez menos irrealizável. Depois queixemo-nos...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ainda Rangel e as elites

Caro Carlos,

É uma honra para o nosso blog (falo por mim, claro está) que partilhes connosco este teu post do Albergue Espanhol. O nosso humilde albergue, não sendo espanhol e não podendo sequer contar com as gajas semi-nuas de sexta-feira, está sempre aberto a toda a fruição que possamos obter com recurso aos prazeres do espírito, o que acontece sempre que te decides a pôr por escrito os teus pensamentos.

Admirando o estilo, não posso no entanto deixar de discordar da tese que defendes, em especial do seu ponto de partida, no qual te baseias para construíres a tua argumentação.

Afirmas que "A instalada elite do PSD entendeu fabricar um candidato".
Tenho alguma dificuldade em perceber quem serão as elites do PSD e, por maioria de razão, a tal "instalada elite". Devo dizer que o termo elite não tem, para mim, grande sentido e que prefiro mesmo não o utilizar neste contexto. Mas, admitindo que ela existe, gostaria de perceber a quem te referes.
Quem fará parte dela? Dias Loureiro, Marco António, Paulo Teixeira Pinto, Cavaco Silva, Morais Sarmento, Fernando Ruas, Diogo Vasconcelos, Mota Pinto, Mota Amaral, Miguel Relvas?
E, chegando a acordo sobre os seus nomes, quem apoia essa elite? Castanheira Barros, Passos Coelho, Aguiar Branco ou Paulo Rangel?

Creio que como deverás reconhecer se as elites apoiam em peso alguém, esse alguém é mesmo o Pedro Passos Coelho.

Quanto à segunda parte do teu texto, parece-me apenas que estás a menorizar Rangel e os seus apoiantes (entre os quais não me incluo). Mas isso...

Sorrisos amarelos *


A instalada elite do PSD entendeu fabricar um candidato. Contra a sua vontade, contra as suas promessas e exclusivamente contra um outro candidato que já se encontrava no terreno, lá apareceu Paulo Rangel.
O candidato daqueles que entendem o PSD como de sucessão dinástica tinha de apresentar uma série de características únicas: mostrar experiência, sem demonstrar como e onde; exibir a sua pequena vitória, mas distanciar-se das derrotas do partido; assumir-se como o estratega dos tempos mais recentes, mas romper com o ferreirismo.
Agigantaram Rangel, mas o registo ilógico que lhe impuseram devolveu-o à sua verdadeira dimensão. Finalmente, reconhecem tais elites que não têm um grande produto: uns querem agora atirá-lo ao Mar(celo), outros bastam-se com lançá-lo ao Rio.
Para desespero de Rangel, passaram a considerá-lo uma escolha de segunda, talvez mesmo de terceira. Para desespero das elites, vão ter de aguentar Rangel até ao fim e de aprender a viver sorridentemente com isso.

* Post publicado também aqui, no Albergue Espanhol

quarta-feira, 10 de março de 2010

Investimento português (lá fora ou cá dentro)

O que Portugal precisa... já parece um chavão de um Velho do Restelo! Recomeçando: Eis dois excelentes exemplos de investimento que deviam ser capitalizados pelo governo: Efacec investe no Iraque e IKEA investe 1,1 kM€ em Portugal. Lembro aqui a API do Dr Miguel Cadilhe que fomentava e facilitava este tipo de investimentos, mas que infelizmente foram rareando após a criação da "nova" API pelo actual governo, esta com os feitios menos bons de outras instituições, tipo IAPMEI, que se mostravam desinteressados nos investimentos pretendidos pelas empresas. Estranhamente os feitos da "nova" API foram desvanecendo rapidamente, preferindo o governo tocar sempre nas mesmas teclas do Aeroporto da Ota, TGV, Obras Públicas...

A CONSPIRAÇÃO CÓSMICA DOS FACTOS

"O líder do Partido Socialista (PS) acusou o BE de querer a eliminação dos benefícios fiscais e dos PPR, o que, para Sócrates, “conduziria a um aumento brutal da carga fiscal sobre a classe média”. Isto era o que dizia o Senhor Primeiro Ministro na campanha eleitoral. Passada essa mera formalidade que são as eleições e tendo uma vez mais a necessidade de voltar a trás com o prometido, a eliminação dos benefícios fiscais deixou de representar um tal aumento da carga fiscal e, quanto à brutalidade que uma tal medida representava, ela passou a consistir numa mera excepção, ainda que subdividida em várias outras.
Este quadro bipolar, onde uma coisa passa a ser o seu contrário sem justificação aparente e sem o decurso do necessário "período de nojo" resulta de uma espécie de conspiração cósmica dos factos contra o Senhor Primeiro Ministro. Ora, ninguém e país algum pode suportar a força de uma conspiração cósmica, pelo que nos resta apenas esperar que o Sr. Primeiro Ministro aceite sacrificar-se por nós.

Maturidade dos sociais democratas

As eleições directas são uma prova de fogo à união dos militantes do PSD.
Se os grupos, as rivalidades, os conflitos, as fracturas forem muito grandes, o PSD dificilmente voltará a ser um grande partido.
Será que existe nos militantes do PSD cultura democrática suficiente para aceitar diferentes posições relativamente à liderança? Tenho muitas dúvidas ....

O tempo permitirá concluir até que ponto as directas são fracturantes....depois pode sempre mudar-se a forma de escolha do líder....se não for demasiado tarde....

terça-feira, 9 de março de 2010

CASARÃO

Olhando para o PEC e para as notícias sobre o mesmo fica evidente que o governo, e demasiadas pessoas, imaginam que nada de substancial há que mudar no país, antes bastarão uns pequenos acertos e mexidas cirúgicas para se resolver o problema e atingirmos a glória. Lembrei-me então do Atilio, da telenovela Casarão, a mexer e a remexer na trampa que tinha depositado numa banheira convencido que se a mexesse bem a ía transformar em ouro... e como acabou esse episódio.

Aos aprendizes de feiticeiro

Numa altura em que a alternância é cada vez mais uma possibilidade é vital que os novos aprendizes de feiticeiro percebam que as mudanças que o país precisa não são apenas económicas mas também, ou mesmo sobretudo, na forma como se está e faz política. Situações como esta não eram aceitáveis então, não são aceitáveis agora ... e pede-se encarecidamente que não se repitam no futuro.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Carteiristas em funções de estado

Quando ouço o primeiro ministro a dizer que o PESC (Programa de Estabilidade Sem Crescimento) não pressupõe aumento de impostos e a seguir leio isto , mais isto, mais isto e mais isto, para não ser muito exaustivo, só consigo pensar nos carteiristas que com mãos de fada metem as mãos no bolso dos outros. Como estas acções ocorrem muitas vezes em locais de diversão, só falta dizer que o objectivo é que o dono não gaste dinheiro mal gasto!

O País num momento de Incertezas e de Surpresas

Alguns dados contribuem para que se possa afirmar o País está a entrar num período importante, talvez mesmo num período de significativas mudanças.

Vamos aos dados:
Os portugueses estão cansados do Partido Socialista e de José Socrates;
O PSD, única alternativa de Governo, terá nova liderança ainda este mês;
As contas do País e a pressão internacional obrigam Portugal a "grandes reformas económicas", pelo menos assim se espera...

Estes dados, a que facilmente se poderiam juntar muitos outros, criam as condições para a emergência de um período de mudanças e de incertezas.
Ora estes períodos são sempre propícios a surpresas... Essas podem acontecer onde e quando menos se espera...Na eleição do próximo líder do PSD, na Presidência da Républica... já não refiro o Governo, pois aí será tudo menos surpresa...

sábado, 6 de março de 2010

Mudar de Vida

Finalmente tive algum tempo para ler o “Mudar” de Pedro Passos Coelho.

Alguns aspectos do livro não me agradaram; entre os quais, a quantidade excessiva de generalidades ou o já repetitivo esforço posto por Passos Coelho em transmitir uma imagem de “homem culto”, de “humanista” ou de alguém com imensa experiência de vida – patente, por exemplo, no próprio estilo literário - que soam a falso. Mas como digo, trata-se de impressões e admito por isso, estar a ser injusto e não ser essa a sua intenção.

Mas, a verdade é que entre muita “palha”, encontram-se algumas ideias/propostas muito concretas e bastante positivas como, por exemplo, a possibilidade da introdução dos círculos uninominais, a possibilidade de candidaturas de grupos de cidadãos em eleições legislativas, o repensar as grandes obras públicas, o acabar com as leis cozinhadas nos gabinetes de assessores, a submissão a análise prévias e sucessivas de impacto económico, administrativo e social das leis mais importantes, entre muitas outras.

Parece-me que em relação ao tema da educação, Passos Coelho, fica um pouco pela rama; faz um diagnóstico mais ou menos correcto, explicita alguns princípios verdadeiros, mas evita ser muito concreto nas suas propostas.
E ao, dizer que “Não sou dos que partilham a ideia passadista de que o País está pior em, em matéria de educação. Não está. Portugal melhorou porque há muito mais gente que não tinha sequer contacto com estes saberes, e hoje tem. Mas quanto ao desempenho daqueles que estão dentro do sistema, esse desempenho não melhorou proporcionalmente ao investimento realizado.”

Ora, fica mal apelidar de passadista a visão dos que consideram que o ensino piorou; posso pensar que o ensino piorou e ter uma visão “futurista” ou “modernista”, o que aliás Passos Coelho tanto tenta ser. Por outro lado, refutar a hipotética perda de qualidade de educação com – apenas – o aumento do número dos que a ela têm acesso é claramente pouco consistente…

Em termos mais gerais, creio que a visão de Passos Coelho padece de um problema comum a praticamente todos os políticos (e à população em geral), que é o de acreditar que o estado dispõe de um poder reformador/influenciador superior ao real. Esta falácia nota-se especialmente no capítulo que o livro dedica à “Nova Competitividade” (só o nome já assusta… terá sido escrito com base nos twitts/máximas do Jaime Quesado?...). Já abordei esta questão aquando da apresentação dos programas eleitorais nas legislativas de Setembro passado e continuo a ser da mesma opinião.

É bem verdade que, caso seja eleito primeiro-ministro – hipótese que não me agrada em demasia, mas cada vez mais realista – Pedro Passos Coelho terá muita dificuldade (por limitações suas e outras do próprio sistema político, vejam-se os apoios que tem recolhido…) em pôr em prática todas as propostas que apresenta. Mas verdade seja dita, não têm fundamento as acusações que lhe são dirigidas no sentido de o seu livro não apresentar propostas concretas; poderiam ser mais, claro que poderiam (neste aspecto Marques Mendes no “Mudar de Vida”, vai mais longe), mas quanto mais propostas apresentasse, mais longe ficaria dos objectivos por si próprio traçados.
E, tendo em conta o nosso panorama político e o modo como os nossos políticos têm sido capazes de expor a sua visão para o país, este livro é do melhor que se tem feito em Portugal.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Nos por cá

“Algo está podre no Reino Unido e isso é tema de campanha.”
É este o título de uma notícia do Público a propósito da campanha para as legislativas de Maio nesse país.

Por lá ainda há quem tenha a coragem de assumir que nos encontramos perante uma sociedade com graves problemas estruturais; há também quem assuma que o estado detém um peso excessivamente elevado na sociedade. Ou seja, aquilo a que os ingleses já chamam de broken society. (recordo como fait-diver, a história de uma amiga dentista em Londres que administrava uma anestesia a uma criança inglesa de 6/7 anos à qual os pais, tentando explicar-lhe os efeitos da dita e, para lhe recordar alguma situação que lhe fosse familiar, lhe diziam “filho, não te preocupes que isso é mais ou menos como quando a tua mãe está bêbeda”; escusado será dizer que a partir daí a criança não mais se remexeu na cadeira :-) )

Há quem considere (neste caso, Cameron) que se deve apostar no casamento, através da concessão de benefícios fiscais. É verdade que o partido conservador ainda não percebeu bem o que “é” (ou era) o casamento e alargará (caso vença as eleições) os referidos apoios às uniões civis entre homossexuais.

Não deixa de ser curiosa a acusação de que são alvo os tories pelos seus críticos, atacando estes os seus argumentos pelo facto de serem “moralistas”. O que me causa ainda maior estranheza é a resposta dos tories, que se apressam a negar essa qualidade aos seus argumentos. Como se a moralidade devesse ser deixada de fora da política. Ignorava de todo tão ampla difusão da “pinamourista” doutrina da ética republicana…


Já por cá e, a propósito dos vigésimo aniversário do Público, fiquei a saber que nos últimos 20 anos a taxa de desemprego em Portugal subiu de 4,6% para 10,5% (and counting…), que o número de divórcios por 100 casamentos passou de 13 para 60, que as famílias de um só indivíduo passaram de 436.000 para 688.000 ou que a poupança bruta das famílias desceu de 19% para 7%. Em suma, tudo realidades que as sociólogas do Pública alegremente qualificariam de “importantes conquistas sociais”.

Todos estes dados são conhecidos dos políticos portugueses (espero…). Mas não merecem qualquer tipo de comentário.
Por cá (e refiro-me também cá por nossa casa, pelo PSD), há quem fale vagamente numa suposta ruptura que se consubstancia numa eventual regresso à reforma agrária ou numa confusão entre os vários níveis do estado e se recuse a privatizar canais de televisão que têm como única finalidade servir de propaganda ao governo.
Outros há, que (pelo menos hoje, já que no futuro veremos, no passado nem sempre foi assim) defendem privatizações de 40%, apostas do estado (por conta e em vez das empresas?) no Atlântico Sul e uma regionalização parcial do nosso país.
Em relação a outros, não sabemos ainda muito bem o que defendem para o partido e para o país.

Enfim, não sendo as perspectivas demasiado animadoras, esperemos alguns anos para ver se alguém terá a coragem de nomear e enfrentar os verdadeiros problemas do país. Mas lá que me causa alguma pena comparar o nível de discussão política entre o Reino unido e Portugal, lá isso causa. E não deve ser só a mim. Porque “algo está podre” e, bem ou mal, mais ou menos acertadamente, pelo menos no Reino Unido “isso é tema de campanha.”

Agora é que é!

Diz o semanário Sol que, depois do primeiro debate, o Paulo Rangel decidiu dispensar os consultores de imagem, prometendo "ser igual a si próprio" até ao final da campanha. Qualquer coisa do estilo "agora é que é a sério".
A notícia tem não só a infelicidade de constituir uma confissão expressa de derrota naquele primeiro debate, como ainda de dar a entender que terá sido preparada antes do segundo debate: a notícia não previu nem dá cobertura (como se tal fosse possível) à segunda derrota, clara, nos debates.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Produtos instantâneos

Diga-se o que se disser, o que a malta quer, no fundo, é políticos que não sejam políticos ou então políticos verdes, muito verdes. É por causa da contaminação. O problema deles e a sorte nossa é que uns não ganham eleições e os outros nem sequer sabem o que dizer nelas.
Na política, como em tudo o resto, desconfio de produtos instantâneos.

Rangel a ranger e Aguiar...branco

O debate de hoje demonstrou um PR pouco à vontade, sabendo que enfrentava um antes "compagnon de route". Mostrou algum nervosismo inicial e durante todo o debate alguma frouxidão argumental. Aliás, frente a Passos Coelho não esteve muito melhor. Comparativamente aos seus adversários tem-lhe faltado alguma "pose de estado" e ideias mais consistentes, denotando alguma imaturidade e impreparação não saindo muito da "lenga-lenga" da ruptura. Por seu lado, JP Aguiar Branco continua na sua habitual "brancura", sem grandes oscilações ou impetos argumentisticos. Na giria operática diz-se que um cantor tem a voz branca quando lhe falta profundidade e tecitura. A JPAB talvez lhe falte alguma profundidade em matéria daquilo que pensa para o partido e para o país e, ao mesmo tempo alguma consistência no discurso. Pelo que se viu até agora parece que PPC está no bom caminho....

quarta-feira, 3 de março de 2010

O candidato da micro-ruptura *


Paulo Rangel continua à procura do seu melhor registo: entrou com agressividade nesta corrida à liderança do PSD, mas, progressivamente e acompanhando os seus problemas de falta de memória, passou para um registo letárgico.

No debate de ontem, não compareceu, afinal, o inicial animal feroz, nem o subsequente português (demasiado) suave. Quer na forma quer no conteúdo, Rangel é, simplesmente, mais um deputado que apressadamente veio do frio.

Não questiono que Paulo Rangel entenda intitular-se como o candidato da ruptura. Mas, pelo que ontem assistimos, será certamente da "piquena" ruptura... talvez mesmo, da micro-ruptura.


* Também publicado no Albergue Espanhol

Leitura recomendada

Luis Rocha no Blasfémias:

"Independentemente do efeito televisivo, Rangel aparenta ser mais genuíno e tem toda uma força interior que cativa, a que muita gente adere de forma puramente emocional. É a força que faz os grandes líderes ou os grandes demagogos. Em PPC tudo é artificial, postiço, estudado ao milímetro para passar nos media. E é um facto que é aquele que tem melhor imprensa e não só a socretina.

Mas tudo isto pode interessar pouco ou nada, pois o perfil do eleitor tradicional do PSD tem pouco ou nada a ver com o do votante nas directas. Este vota maioritariamente por interesse e de acordo com as orientações do seu cacique. E, salvo alguma inflexão de Menezes, PPC leva vantagem, pois é claramente o candidato do aparelho."

Ou, como escreveu o João Miranda:

"Daqui a 5 anos estamos na mesma, ou pior."

E o melhor, talvez seja mesmo emigrar para o Atlântico Sul, o nosso novo eldorado.

Toda a gente fon fon fon

Vi só parte do debate de ontem, entre Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel. Não vou tecer grandes comentários políticos mas há dois aspectos que me intrigam.
Os candidatos procuraram mostrar alguma familiaridade mas tratam-se sempre pelo nome completo! Já na semana passada o primeiro replicava constantemente "Oh Miguel Sousa Tavares!". Esta é alguma tendência social nova que me passou despercebida?
Segundo aspecto, esse mais preocupante, os candidatos preocuparam-se mais em colar o adversário a aspectos negativos do passado do que em apresentar ideias e propostas para o futuro. Como bem disse Passos Coelho (repararam que o nome não está completo!) não se ganham eleições com projectos negativos.
Resumiria o debate como "Toda a gente fon fon fon mas a tuba tem pouco romantismo". Mas nesse caso mais vale o original!

Vaga de fundo

O Paulo Rangel, a cada intervenção sua, torna mais longínqua a possibilidade que cheguei a imaginar de conseguir uma vaga de fundo que o levasse à vitória.
O debate de hoje acabou com uma vitória clara de Pedro Passos Coelho, o que reduz muito qualquer possibilidade que o Paulo Rangel pudesse ainda ter na corrida interna no PSD. Com efeito, foi o PPC quem marcou os ritmos do debate e quem demonstrou mais à vontade em quase todas as matérias. O PPC concretizou o que dizia, o que contrastou claramente com o PR e que fez colar este, ainda mais, ao tipo de registo da direcção cessante.
Perdido o debate para o seu mais directo rival, PR vai ter a dura tarefa de "aguentar" e de nos fazer "aguentar" um debate com alguém que lhe é, ou era, muito próximo a todos os títulos.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Quando o órgão dá lugar à organização *


Ontem teve lugar um magnífico almoço de twitters.
Mais de 130 compagnons desta route virtual, das mais diversas áreas de actividade e sensibilidades políticas, reuniram-se sob o pretexto de um leitão.
Falou-se de leitão e de robalos; de justiça e de escutas; de jornalismo e de pressões; e até de futebol … e de Figo.
Falou-se de crises: pouco das exógenas, muito das “endógenas”.

E não se falou do Governo!
Não se falou do Governo enquanto órgão que resolve os problemas, mas apenas enquanto organização que os cria.
O órgão, que (indirectamente) elegemos, deu lugar a uma organização estranha e problemática.

Foi disto que se falou no almoço de ontem.
De que andará a falar o resto do País?

* Post também publicado no Albergue Espanhol

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Rangel e as funções do estado

António:

Parece que em relação à privatização da RTP, não haverá consenso. O que é pena, pois se Rangel entende que a principal herança do PS é a dívida, não se percebe por que razão se recusa a privatizar um canal de televisão que presta um serviço que pode ser (e já é) prestado por privados e que custa aos portugueses cerca de 400 milhões de euros/ano. E este nem sequer é o principal custo de o governo controlar a televisão pública, como se vê no recente saneamento de Marcelo Rebelo de Sousa ou no tratamento dado ao envolvimento dos amigos do primeiro-ministro no take-over da TVI.

Convenhamos que não basta apenas chamar a atenção (e bem) para a "claustrofobia democrática". É também necessário criar as condições para que casos destes não se repitam...

Isto servirá!

Ao ver esta imagem no blog Era Uma Vez na América não pude deixar de pensar na actual situação do PSD. Podemos olhar para as diferenças mas devemos olhar para o que nos une.
Eu, por exemplo, apoio o Aguiar Branco mas revejo-me integralmente na posição de Pedro Passos Coelho de querer privatizar a RTP. Se essa posição é largamente maioritária no PSD, como me parece que é, deve permanecer depois das eleições, independentemente do vencedor.
É nesta perspectiva que a "guerra fratricida" das directas pode ser muito útil!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O eu global ...

Tenho defendido, conjuntamente com outras pessoas, que um bom espelho da actual situação (nacional e mundial) pode ser encontrado no “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde. Os traços da falta de decência e de decoro que sobressaem do enredo de tal romance, caracterizador da sociedade vitoriana, são também aqueles que perpassam o actual momento da nossa sociedade.
Mas num mundo actual em que a pessoa humana adquire um poder de comunicação até agora inexistente, a situação toma uma outra gravidade potencial, quando o “indivíduo” ganha a capacidade de se tornar “global”. E ganha, concomitantemente, a capacidade de pretender projectar globalmente, naquilo que é superficialidade, os seus traços individuais e que quase, erradamente, se aparentam como sendo traços representativos de outros.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ainda a questão das explicações

Caro Nuno,

em relação ao direito com o qual me arrogo para o fazer, eu não lhe chamaria tanto um direito. Chamar-lhe-ia um privilégio que me foi concedido pelo senhor doutor Passos Coelho. De facto, o candidato em causa desde há vários anos a esta parte que nos tem brindado com comentários acerca de tudo o que mexe, razão pela qual lhe pedia que o fizesse também nesta ocasião.

Indo então à questão em si e deixando-nos de supostas legitimidades inquisitórias, vou tentar explicar o paradoxo que identifiquei nas palavras do senhor doutor Passos Coelho.

Vamos por partes:

1. Perguntaram a Passos Coelho o que o distingue de Rangel e Aguiar Branco, ao que ele respondeu "Têm de explicar ao País e ao PSD porque é que o PSD deixou que o País escolhesse o engenheiro Sócrates para continuar primeiro-ministro."

2. Ou seja, Passos Coelho considera ser melhor candidato que Rangel e Aguiar Branco porque estes seriam responsáveis (que não são, mas já estamos habituados a estas falácias por parte do senhor administrador) pela derrota nas legislativas. Ou seja, a qualidade de uma candidatura variará na medida em que os seus protagonistas impedeçam ou não a eleição do seu adversário (neste caso, um mal óbvio para o país).

3. Suponhamos que seria verdade que Rangel e Aguiar Branco seriam responsáveis pela derrota (incluamos também Manuela Ferreira Leite na embalagem). Aplicando-se o critério de Passos Coelho são maus candidatos.

4. Ora bem, sendo Rangel, Aguiar Branco e Ferreira Leite maus candidatos e, aplicando o próprio critério de Passos Coelho, aquele que permitir uma vitória deles, será ainda um pior candidato. Donde…

P.S.- aproveitei para responder ao teu comentário através de um post por 2 razões:
1ª sempre é mais um post a animar o blog :)
2ª considero que a incoerência revelada por Passos Coelho é uma falha importante e quero deixar clara a minha posição em relação a isso.