O Partido Socialista consegue a autêntica proeza de passar praticamente incólume às responsabilidades sobre a grave crise económica que o país atravessa. As sondagens recentemente publicadas, ao darem uma considerável vantagem eleitoral ao PS, são disso um claro indicativo.
De uma forma muito hábil, o Governo, bem apoiado pelo partido socialista, tem atribuído as culpas pela difícil situação, quer à crise internacional, que só agora começa a fazer sentir os seus efeitos no país (ainda há seis meses o Primeiro-Ministro dizia que ela não existia), quer, sobretudo, ao Partido Social Democrata.
No entanto, Portugal tem sido ao longo dos últimos anos maioritariamente governado pelo Partido Socialista.
Senão vejamos: o PS governou o país de 28 de Outubro de 1995 até 6 de Abril de 2002, e de 13 de Março de 2005 até ao momento presente; em contrapartida, o PSD liderou os destinos da Nação entre 6 de Abril de 2002 e 12 de Março de 2005.
Ou seja, desde 1995, o PS governou o país durante 10 anos e 7 meses e o PSD durante apenas 2 anos e 11 meses, dos quais mais de 4 meses apenas em gestão, após Jorge Sampaio ter demitido o Governo (30/11/2004).
Deve salientar-se que o período de Governação do PSD foi caracterizado por uma clara falta de apoio do Presidente da República Jorge Sampaio (ficou famosa a frase “há vida para além do défice”) que viria a culminar na demissão do Governo de Pedro Santana Lopes.
Estes dados numéricos são muito interessantes, particularmente quando se projectam para as próximas eleições legislativas.
Nessa altura, o argumento do Partido Socialista se manter no Governo há 11 anos, praticamente sem alternância, e a perspectiva de se poder perpetuar por mais 4 anos, terá certamente um peso relevante no momento dos portugueses ponderarem a quem confiarão o seu voto.
É que, para além de um cansaço natural, tantos anos no poder criam vícios, clientelas e compadrios a que nenhum Governo consegue ficar imune.
Cabe pois aos partidos da oposição saberem utilizar este argumento a seu favor, mostrando aos portugueses quem é, efectivamente, responsável pelos actuais problemas económicos e sociais, bem como destacando as consequências nefastas do Partido Socialista continuar a gerir o destino do país.