quinta-feira, 28 de maio de 2009

ERC vs TVI: Quem condena o quê?

Naturalmente que a nossa ilustre Manuela Moura Guedes e o seu Jornal de Sexta não deixam ninguém indiferente. Por vezes o nível, o tom e a forma utilizadas para apresentar algumas notícias que por lá passam dão um ar quase anedótico aos assuntos. Para mim, o Jornal de sexta, da TVI tem duas características que são fantásticas: É entretenimento puro do tipo "bigbrother", feito a partir de notícias da actualidade; É também o único programa que se dá ao trabalho de apresentar reportagens incómodas e abordar assuntos que, apesar do seu interesse, passam por aí sem serem vistos.

Vai daí, fui espreitar o parecer da ERC e ver o que efectivamente se condenou. Cá vai o extracto porque acredito que muitos dos que frequentam este blogue prefiram tirar as suas próprias conclusões em vez de se ficar pela análise de títulos do tipo "ERC condena TVI".

Extracto da deliberação da ERC (www.erc.pt):

60. Nas peças analisadas, emitidas pela TVI no espaço informativo de maior audiência da televisão portuguesa, nem sempre se referem as diligências feitas para audição das partes com interesses atendíveis nos casos noticiados, quando tal procedimento se justificaria perante a exposição a acusações e denúncias.
61. Deveria ainda o operador agir com comedimento na absolutização e assumpção da “verdade” de documentos a que teve acesso, sem omissão de elementos necessários à compreensão do seu conteúdo e alcance, atento o dever de rigor informativo, ainda mais quando está em causa uma potencial lesão de direitos dos visados.
62. Também o modo de apresentação das notícias objecto das queixas, quando se constitui como uma forma de comentário, combinado com a não separação entre factos e opiniões, representa uma violação dos princípios de rigor e isenção exigíveis aos jornalistas.
63. Finalmente, nas peças assinaladas e pelas razões descritas ao longo desta Deliberação, verifica-se que a TVI se afastou de alguns princípios expostos no seu Estatuto Editorial, a cujo cumprimento se encontra vinculada, e onde se compromete “a observar, nomeadamente, nos seus programas de Informação, regras estritas de honestidade, de isenção, de imparcialidade, de pluralismo, de objectividade e de rigor”.


Em suma (minha suma, diga-se), a TVI tem mau gosto na escolha da forma de apresentação, não explica muito bem se contactou todas as partes interessadas no sentido de fornecerem a sua versão e mistura opiniões com factos.

Realmente penso que este tipo de atitudes não tem sido vista, por exemplo, nas notícias da RTP desde os tempos do "enxovalhamento" gratuito ao Santana Lopes.

E fiquei preocupado com a possível reação da ERC aos artigos da revista Maria. Por exemplo, "Irmã de Linda de Suza desmente cantora: Ela tem uma boa casa e uma boa pensão". Será que falaram com a Linda de Suza? O termo "boa" também não me parece muito rigoroso e objectivo.

Penso que a ERC vai ter muito trabalho pela frente...

4 comentários:

  1. Concordo contigo, Paulo. O que a ERC diz é verdade.
    Mas já não vejo as mesmas deliberações em relação às reportagens/comício que a RTP faz do Grande Líder.

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  2. A opinião querem arrolhar
    para manter a quietude vigente,
    esta forma de embrulhar
    revela uma atitude indigente.

    Uma excrescência moral
    de credibilidade tresmalhada,
    tem um discurso gutural
    e argumentação embrulhada.

    De cheiro tão purificado
    e imagem alardeada,
    o mexilhão fica estacado
    com tanta gente enlameada.

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  3. Em reportagens comício incluis o Prós e Contras? A verdade é que a matéria "reprovada" pela ERC fica muito aquém do "soundbite" provocado pela deliberação. Se fossemos por aí, havia deliberações todos os dias.
    E, sinceramente, fazendo uma associação futebolística, é como ver a selecção a ser goleada pela Albânia e afastada do Mundial e emitir um comentário do tipo: "já viram bem que a cor das meias do guarda-redes não condizia com a camisola? É inadmissível em futebol deste nível." Pois, talvez... E que é que isso interessa?

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